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Trade turístico se mobiliza por retorno de voo internacional no Marechal Rondon

Da Redação - Darwin Júnior

Muito próximo de ver Cuiabá perder o único legado que ficou para o turismo - o voo internacional entre Cuiabá e Santa Cruz foi suspenso no último dia 3 por determinação da Receita Federal - o trade turístico mato-grossense decidiu se unir contra a decisão. Representantes de aproximadamente 20 entidades ligadas ao setor se reuniram na tarde desta segunda-feira (14), no Hotel Paiaguás para discutir uma estratégia de pressionar a Receita Federal a retroceder da decisão de indeferir o alfandegamento no aeroporto Marechal Rondon. No encontro que foi presenciado maciçamente pela imprensa, toda a categoria decidiu se mobilizar pelo retorno da linha ligando Cuiabá a Bolívia,

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O alvo da indignação de dirigentes de associações, sindicatos e representantes dos segmentos de turismo, restaurantes e hotelaria foi a delegada regional da Receita Federal em Mato Grosso, Marcela Maria Ladislau de Matos, apontada como a responsável por indeferir a manutenção de voos regulares internacionais no Marechal Rondon. O argumento da delegada é de que no aeroporto 'não há estrutura compatível para operação de voos internacionais'. Na semana passada ela declarou ao Olhar Direto que 'espera a conclusão da ampliação do aeroporto e as devidas providências para autorizar qualquer tipo de voo internacional regular'. A expectativa é de que a ampliação e reforma do aeroporto seja concluída em no mínimo 100 dias.

No entanto, o trade turístico acredita estar havendo falta de boa vontade por parte da Receita Federal que com essa decisão teria colocado em risco a operação da empresa aérea Amaszonas que já havia feito a reserva de passagens até agosto de 2015 e vem enfrentando sérios prejuízos. Diretores da Amaszonas já estariam estudando o cancelamento definitivo da rota em Cuiabá. Porto Velho (RO), está de olho nessa conexão.

O presidente do Sindicato das Agências de Turismo do Estado (Sindetur), Oiran Gutierrez declarou que "a posição da Receita Federal extrapola os interesses do trade turístico e atinge em cheio a sociedade mato-grossense". Oiran ressaltou que "se para a Fifa podia, porque não para a sociedade mato-grossense?".

Por sua vez, o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Similares, Luis Carlos Nigro vê o fato com muita tristeza. "Na hora de nos cobrar leitos para os os turistas, atendemos e procuramos colaborar com a organização do Mundial. Essa notícia vem como um balde de água fria para o turismo. Se a prioridade era o interesse nacional e internacional, e o interesse de Mato Grosso, como fica?", indagou.

Representando a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), o assessor Agripino Bonilha Filho foi enfático e dirigiu as palavras diretamente à representante da Receita Federal: "Não sei o que ela está pensando. Temos senadores, deputados e outros representantes políticos. É hora de chamá-los. Precisamos fazer entender que quem tomou essa decisão errou e tem que voltar atrás. Estão sentados em cima de um 'não' ao nosso desenvolvimento. Não sei o que ela ganha com isso, mas sei o quanto o Brasil está perdendo".

Já o presidente da Federação dos Hotéis, Bares e Restaurantes, Luis Verdun destaca que espera o apoio dos políticos. "Não é hora de omissão. É hora de ver que estamos todos tendo um prejuízo com isso. A empresa que apostou em Mato Grosso está sofrendo um prejuízo muito forte, bem como todo o trade. Essa rota é a porteira para o desenvolvimento estratégico do Estado. Estamos gerando emprego, negócios e outras oportunidades. Não podemos deixar brincar com a nossa cara", complementou.

O diretor do Sindicato dos Hoteis, Bares e Restaurantes de Várzea Grande (Shobresvag), Guilherme Verdun entende que a medida do cancelamentos dos voos internacionais fecha a porta para o único legado da Copa do Mundo no turisno. "Esse voo representa muito para o Estado. É um 'start' para a formação de um hub que vai nos direcionar ao desenvolvimento. Queremos explicações sobre essa decisão porque entendemos ser possível haver bom senso".

Presente na reunião, o gerente regional da Amaszonas, Juliano Gutierrez lamentou a suspensão do voo e vê um horizonte de incertezas para a internacionalização do aeroporto. "Estávamos apalavrados com a Amaszonas, mas o cancelamento do voo, trouxe prejuízos muito grandes", disse, revelando que a empresa se vê na obrigação de bancar o transporte de passageiros que haviam feito reservas até agosto do próximo ano. Com a operação de realocação até Campo Grande (MS) para tomar o voo para Santa Cruz, a empresa tem computado apenas prejuízo.

O trade turístico deve se reunir nas próximas horas com candidatos ao governo do Estado e senadores Jayme Campos e Blairo Maggi para discutir a situação.


A empresa aérea Amaszonas chegou a operar por um mês no aeroporto de VG e já tinha reservas de voos até agosto de 2015

Durante a Copa do Mundo em Cuiabá, várias companhias aéreas realizarazm embarques e desembarques internacionais, entre elas a companhia boliviana Amaszonas, que realizou vários voos para Santa Cruz de la Sierra, sendo três por semana. Santa Cruz dispoõe de conexão para os países andinos, América do Sul e outros. Partindo da Bolívia, um voo para Miami nos Estados Unidos, por exemplo, tem o seu tempo reduzido em quatro horas.

O trade turístico ressalta que a internacionalização do aeroporto seria o único legado da Copa para o turismo, que não recebeu nenhum investimento para o Mundial. Com a operacionalização dos voos, muitos eventos poderão ser trazidos para o Estado, com a rota internacional. Assim, um grande fluxo de pessoas poderá visitar Mato Grosso. A previsão da conclusão das obras do aeroporto é até o final deste ano, mas o setor produtivo cobra a continuidade do sistema de alfândega no período pós-Copa.