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Notícias / Arena Pantanal

Projeto de Cuiabá vira referência mundial contra trabalho escravo

Da Redação - Darwin Júnior

Mesmo com suas obras em atraso e com cronograma de entrega sob risco, a Arena Pantanal em Cuiabá acaba de virar referência mundial na luta contra o trabalho escravo. A afirmação partiu da representante da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a alemã Beate Andrees que veio a Mato Grosso para conhecer o Projeto Ação Integrada pela Qualificação e Inserção Social dos Egressos do Trabalho Escravo. O projeto que formou 24 trabalhadores foi apresentado em uma solenidade na tarde desta quarta-feira para a representante da OIT. Desenvolvido pelo consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior, o programa é único no mundo.

Impressionada com os resultados do projeto que chamou sua atenção na Alemanha e despertou o interesse da OIT, Beate Andrees prometeu difundir a ideia e levar à apreciação da organização com seu aval. Ela conheceu detalhes das ações do projeto que já era referência para outros estados brasileiros na qualificação de trabalhadores.

Beate ainda fez questão de elogiar a funcionalidade do projeto em Cuiabá: “Todas as vezes que viajo, tento entender quais os fatores que consolidam o sucesso dos projetos. Aqui, pude perceber que o fator principal é a consolidação das parcerias, e vou levar este exemplo para Genebra para mostrar para o mundo o quanto este projeto é possível”.

Chefe do Programa Especial de Ação contra o Trabalho Forçado da OIT, Beate tem mais de 10 anos de experiência em assuntos internacionais, especialmente sobre direitos fundamentais do trabalho, migração e tráfico de pessoas. O projeto desenvolvido em Cuiabá foi tema de estudo da representante da OIT que afirmou surpresa com a iniciativa. A ideia irá Avante, garante Beate.

A Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e o consórcio Santa Bárbara/Mendes Júnior desenvolvem o projeto Ação Integrada pela Qualificação desde maio de 2011. O projeto oferece alfabetização e qualificação profissional a trabalhadores resgatados de situações de trabalho escravo ou degradante. O projeto tem a parceria do Serviço Social da Indústria (Sesi-MT) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Comemorando o fato de o projeto desenvolvido pelo consórcio estar encaminhado para ser um modelo internacional, o gerente de Construção da Arena Pantanal, Carlos Brígido destacou o compromisso da companhia de promover a inclusão como havia anunciado. “Conseguir uma boa repercussão nacional e internacional ao trazer esses egressos para a vida profissional e social é gratificante para a empresa. Mais importante ainda é ver que um modelo desenvolvido aqui pode ser estendido para o mundo”.

Presente na solenidade, o secretário extraordinário Maurício Guimarães (Secretaria Extraordinária da Copa) ressaltou a satisfação do Governo em receber a visita da representante da OIT e de ver que uma semente plantada em Mato Grosso pode dar fruto por todas as partes do mundo. “Nós temos a preocupação com o dia-a-dia na preparação para a Copa e, especialmente, não deixar que nessas obras haja uma situação parecida com a do trabalho escravo. Estamos procurando fazer o melhor. Experiências como essa desenvolvida na Arena Pantanal merece ser expandidas. O fato de virarmos referência aumenta a nossa responsabilidade”, disse o secretário.

Egressos

Resgatado do trabalho escravo, quando foi cortador de cana na extinta Usina Alcopan, o operário José Durval Fernando da Silva é um dos que celebram vida nova trabalhando na Arena Pantanal. Ele conta que recebeu alfabetização e profissionalização através do projeto desenvolvido pelo consórcio. “Eu e mais seis trabalhadores da usina chegamos a Cuiabá e fomos amparados. Fui qualificado para ser pedreiro e armador. Hoje tenho profissão, trabalho com carteira assinada, recebo meus salários em dia e vivo com dignidade. Meus companheiros também estão satisfeitos. Quando a obra da arena terminar, estarei preparado para exercer minha profissão lá fora”, afirmou.

Outro operário satisfeito com as oportunidades oferecidas pelo projeto, Geraldo José da Silva, de 46 anos, declarou que sua vida mudou em questão de um ano e 10 meses, tempo que foi treinado e contratado para trabalhar na Arena Pantanal. “Não tenho do que reclamar . Estava desempregado e sem crédito. Recebi treinamento e fui promovido a pedreiro. Também fui treinado como armador. Mais do que isso, tenho uma vida decente com carteira assinada e tratamento humano de meus superiores. Agradeço a Deus e aos responsáveis que me deram esse apoio”, pontuou Geraldo José, se referindo ao projeto de Ação Integrada que acaba de se tornar uma referência mundial, segundo a representação da OIT.

Atualizada às 13 horas (07/03/13)