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Sociólogo critica 'limpeza social' durante Copa e cobra criação de poíiticas públicas

Da Redação - Priscilla Silva

A falta de dados que quantifiquem o número de pessoas que residem nas ruas de Cuiabá e Várzea Grande fez com que a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), através de seu Centro de Referência, desse início ao mapeamento de toda população de rua em condições de vulnerabilidade desses municípios. Porém, apesar de ser uma boa iniciativa, o sociólogo Inácio Werner criticou a sua realização em tempos de grandes eventos, como a Copa deste ano. "Não se pode apenas fazer uma limpeza social da cidade", assevera.

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Há quatro anos, a população de rua é o centro dos debates do Grupo de Pesquisa Movimento Social e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFMT. Porém, somente no início deste ano de 2014 o grupo foi requisitado para auxiliar na formação de pessoas que irão trabalhar na pesquisa de mapeamento deste ‘moradores’.

Para o sociólogo, a preocupação é tardia e já deveria compor a lista de políticas públicas específicas para essas pessoas. “É algo que já deveria existir, mas é nesse momento da Copa a cidade deve aparecer limpa, um lugar que não se têm problema, porque a população de rua é um problema”, criticou.

Werner também repreendeu a ocultação da questão por parte do Governo. Segundo ele, “quando essas pessoas estão apenas nas ‘periferias’, ela não é um problema, mas quando vão para o centro passa a ser um”.

“Essa parte sempre foi desprezada e agora é feita uma limpeza social, como se fosse alguém que tem que ser retirado para manter uma fachada aparente”, pondera.

Ainda conforme o sociólogo, não se pode esconder o que está passando com essas pessoas, mas fazer uma discussão do fato. “Além da discussão, é preciso por em prática políticas que atendem essa população”, sugere.

Pesquisa

A intensificação da retirada da população de rua das regiões centrais teve início em 2013, a partir da criação do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua de Cuiabá, o Centro POP, criado pela Prefeitura de Cuiabá.

Agora, o Governo do Estado, por meio da Sejudh dá o primeiro passo para a realização da pesquisa que pretende mapear e definir o perfil dessa população. Em uma reunia, realizada na primeira semana deste ano, o secretário da Sejudh, Luiz Pôssas, e o coordenador do grupo PPGE, Luiz Augusto Passos definiu a metodologia a ser adotada na pesquisa e a realização do I Seminário Temático, que irá formar os pesquisadores que atuaram neste levantamento de dados.

O Luiz Passos explicou que a pesquisa será separada por setores para facilitar a contagem e a traçarem o perfil dessa população.

“Serão setores bem específicos como crianças e adolescentes, flanelinhas, trabalhadores do sexo, migrantes, idosos, indígenas e camponeses que perderam a terra. A partir disso será feito um comparativo com outras pesquisas, feitas em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, para ser apresentado às autoridades competentes e estudado qual a melhor forma de ajudá-los”.

O trabalho em Cuiabá e Vázea Grande já começou com o levantamento dos pontos principais e a pesquisa, vai começar assim que terminar o seminário na segunda quinzena de janeiro.