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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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dia do advogado

Advogado José Moreno fala das dificuldades da carreira e sobre crise atual da advocacia

Foto: Olhar Direto

José Moreno Sanches Júnior - advogado em Mato Grosso

José Moreno Sanches Júnior - advogado em Mato Grosso

Em comemoração ao Dia do Advogado, José Moreno Sanches Júnior, advogado em Mato Grosso, fala um pouco sobre a trajetória da carreira e lamenta o enfraquecimento da categoria ao citar as dificuldades enfrentadas pelos jovens que ainda estão no início da vida jurídica. Para ele trata-se de uma crise na advocacia.

“As dificuldades no exercício da profissão e a conseqüente instabilidade financeira, especialmente para os profissionais autônomos, empurram centenas de jovens profissionais a migrarem para outras profissões”, considerou Moreno, em artigo encaminhado ao Olhar Jurídico.

Segundo ele, são esses fatos que demonstram claramente a crise atual da advocacia, não somente no aspecto mercadológico e financeiro, mas, também, no enfraquecimento da categoria, da profissão.

Leia o artigo na íntegra:

11 DE AGOSTO

Em razão da criação do primeiro curso jurídico no Brasil ter ocorrido em 11 de agosto, escolheu-se esta data para comemorar o dia do advogado.

Merecida celebração, que na realidade, só faz sentido se acompanhada de uma séria reflexão sobre o atual momento da atividade profissional.

A advocacia é uma carreira tão brilhante que a própria Constituição Federal declara ser o advogado indispensável à administração da justiça. E assim o fez, pelo reconhecimento do papel fundamental do advogado na solução de conflitos das mais variadas matizes.

Ao ter como regra fundamental a luta incessante para a manutenção do direito, a advocacia nos remete à ideia constante de se fazer a justiça, e, permite ao advogado, sentir-se verdadeiramente realizado quando do exercício de sua atividade.
O fazer do advogado decorre das relações humanas de qualquer natureza, com destaque nas mediações de conflito de interesses. Cabe a este profissional, quando em situações em que há violação de uma norma criada para organizar a vida em sociedade, ou simplesmente na iminência de sofrer uma violação de qualquer direito, defender com rigor os interesses de seu constituinte ou orientá-lo, ainda que preventivamente.

Por tamanha responsabilidade e compromisso com o bem comum, o advogado sempre foi e continua sendo muito respeitado.

Embora essencial para a sociedade e ainda que exista esse glamour, essa tão nobre profissão experimenta uma crise jamais vivenciada anteriormente.

Não se pode olvidar que o advogado, sem distinção de gênero, abraça a carreira não só pela função social ou por pura ideologia, mas, essencialmente, como fonte de renda que lhe permita prover condignamente o seu sustento e o de sua família.

No entanto, a trajetória da maioria não se dá nessa mesma ordem. Passada a difícil trajetória da graduação e da aprovação no exame de ordem, ao ingressar efetivamente no mercado de trabalho, o jovem advogado se depara com barreiras que muitas das vezes transformam seus sonhos em verdadeiros pesadelos.

As dificuldades no exercício da profissão e a conseqüente instabilidade financeira, especialmente para os profissionais autônomos, empurram centenas de jovens profissionais a migrarem para outras profissões ou a buscar aprovação em concursos públicos, ou, em última instância, a buscar guarida em escritórios mais antigos, na qualidade de empregado.
Isso demonstra claramente a crise atual da advocacia, não somente no aspecto mercadológico e financeiro mas, também, no enfraquecimento da categoria, da profissão.

Com a crescente oferta de cursos de graduação em Direito, sem relativizar a qualidade destes cursos, que por óbvio lançam no mercado um sem número de profissionais, o quadro tende a agravar se não for instituída uma política estratégica muito séria e grande alcance social.

Não se tratam apenas das dificuldades naturais do profissional em início de carreira, mas de toda a classe, pela falta de incentivo e de estrutura. Contraditoriamente, é igualmente comum a queixa pela falta de juízes, dentre outros problemas, do acúmulo de serviços e falta de servidores da justiça, pela demora na tramitação dos processos, da absurda lentidão na liberação de alvarás judiciais, da dificuldade de atendimento por um ou outro magistrado, muitas das vezes restringidos ao despendido por suas assessorias, às altas custas judiciais, enfim, fatos que potencializam e desestimulam sobremaneira o exercício da profissão.

O desânimo do advogado é visível.

O pano de fundo aqui descrito poderia conduzir o leitor a concluir que no dia de hoje não há o que se comemorar.
Engano.

É um estímulo. As dificuldades só aumentam a importância deste dia. Fazem da profissão um verdadeiro sacerdócio, pois dignificam o advogado que tem compromisso com seu papel social de multiplicador da justiça e aplicador do direito.
Parabéns a todos os advogados.

José Moreno Sanches Júnior é advogado em Mato Grosso.

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