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Massa falida

Terras da 'Boi Gordo' que serviram como cenário de novela são arrematadas por R$ 317 milhões

15 Set 2016 - 10:09

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Cenário da novela

Cenário da novela

Após uma primeira praça sem lances, a Massa Falida das Fazendas Boi Gordo finalmente foi arrematada e arrecadou mais de R$ 317 milhões em leilão realizado na última terça-feira (13). Foram vendidas as fazendas Realeza do Guaporé I e II, localizadas em Comodoro (a 452 km de Cuiabá). Elas serviram de cenário para a famosa novela “O Rei do Gado”. Em 2004, a Boi Gordo protagonizou um dos maiores processos de falência do País.

Ocorrido em duas praças, o leilão que não obteve comprador na primeira delas, realizada em 19 de agosto, seguiu com deságio de 40% nas terras e arrecadou cerca de R$ 305 milhões na área principal da fazenda (135 mil hectares), aproximadamente a área urbana da cidade de SP, além de aproximadamente R$ 12 milhões com a venda de 17 lotes de 200 hectares cada.

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Sob jurisdição da 1ª Vara Cível do Fórum Central, um dos maiores casos de falência do Brasil aproxima-se de uma solução. O Juiz de Direito Marcelo Sacramone, responsável pelo caso mudou a estratégia de venda do leilão para obter mais adesão de compradores. “Regularizamos a propriedade de acordo com as regras ambientais e preparamos um estudo georreferencial, além de documentos que legitimam toda a área”, explica Sacramone.

O caso das Fazendas Boi Gordo ficou nacionalmente conhecido por ser um dos maiores casos de falência envolvendo pirâmides financeiras no Brasil. Mais de 30 mil pessoas foram lesadas com a fraude, entre eles famosos como Marisa Orth, Felipão, Evair e Vampeta. Contudo, 70% dos credores eram pequenos investidores que aplicaram até R$ 25 mil no negócio.

As fazendas em questão serviram de cenário para a famosa novela “O Rei do Gado” e são terras produtivas. O leilão contemplará 31 lotes que mesclam áreas próximas aos centros urbanos, agrícolas, grãos, pecuária e reserva ambiental.

“Em média, um processo de recuperação judicial leva em torno de quatro anos, neste caso passaram-se 12 anos, mas finalmente os credores serão ressarcidos em parte do dinheiro investido na fraude. O leilão dessas áreas, além de atender ao interesse dos credores, também uma grande oportunidade para o comprador, uma vez que além das condições de pagamento e preço, as unidades são produtivas e serão adquiridas sem ônus e com toda a documentação em ordem, quer do ponto de vista legal, quer do ponto de vistam ambiental”, esclarece o Síndico Gustavo Sauer.

Entenda o Caso:

Criada em 1988, a empresa Fazenda Reunidas Boi Gordo iniciou em 1996 processo de abertura de investimentos em animais. Era um sonho para investidores que receberiam após 18 meses o lucro da venda do boi engordado com promessas de 42% de rendimento via certificados de investimentos. Foram mais de 30 mil pessoas que investiram neste esquema de pirâmide financeira, que pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores. Em 2001, a empresa pediu concordata, uma vez que o dinheiro investido, aos poucos foi desviado para outros negócios do empresário Paulo Roberto de Andrade, fundador da empresa. Com uma despesa a pagar maior que a receita a Boi Gordo faliu em 2004.
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