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OPERAÇÃO ZAQUEUS

Prejuízos por grampos às investigações do Gaeco ainda são desconhecidos, diz procurador-geral

26 Jun 2017 - 08:01

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Mauro Curvo

Mauro Curvo

"A gente não sabe até que ponto alguma diligência pode ter sido atrapalhada por este tipo de expediente ilegal e imoral”, lamentou o procurador-geral do Estado Mauro Curvo ao Olhar Jurídico na manhã desta sexta-feira (23), na Sede das Promotorias, em Cuiabá. A resposta envolve o polêmico grampo ilegal feito em um terminal telefônico do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Curvo considerou a ação, além de um crime, “falta de respeito” às instituições e lembrou que duas linhas de investigação estão sendo conduzidas para elucidar o caso.

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“A gente detectou que uma policial militar, me salvo engano capitã, que trabalhava no Gaeco e coordenava algumas operações de inteligência teria sido vítima dessas interceptações ilegais. Recebemos isso com bastante preocupação, pois a gente não sabe até que ponto alguma diligência pode ter sido atrapalhada por este tipo de expediente ilegal e imoral. A coisa está mudada, a falta de respeito atingiu níveis brutais. No momento que você intercepta ilegalmente alguém que está trabalhando para um grupo organizado onde há promotores de justiça, Polícia Civil e Militar, é a prova de que os limites da bandidagem são mais elásticos do que se imagina”, afirmou Mauro Curvo.

Sobre as providências, o Procurador-Geral relembra as duas frentes de investigação do caso. “Existe uma auditoria militar que apura a responsabilidade dos policiais militares e uma segunda investigação a cargo da Procuradoria Geral da República (PGR), pois pode ser que haja envolvimento de pessoas com foro por prerrogativa de função. Temos estas duas investigações correndo em paralelo”.

Segundo investigações, o número de telefone grampeado estava à disposição de uma oficial da Polícia Militar que atuava no Grupo e foi identificado em uma decisão judicial proferida pelo juiz da 3ª  Vara Criminal de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, em 1º de outubro de 2015.

Em maio deste ano, o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marcos Bulhões dos Santos, encaminhou ofício ao procurador-geral de Justiça, Mauro Benedito Pouso Curvo, e ao corregedor-geral do MP, procurador de Justiça Flávio Fachone, relatando os fatos.

No documento, ele explica que o número interceptado era utilizado pela oficial que coordenava as ações de inteligência.

Na ocasião, quatro grandes operações estavam em andamento no Gaeco: Metástase, Chacal, Seven e Rêmora. As duas últimas apuravam denúncias de corrupção. 

"Solicitamos ao procurador-geral de Justiça que encaminhe as informações levantadas com urgência à Procuradoria-Geral da República, considerando que os fatos estão sendo investigados por lá. Também informamos ao corregedor-geral que está sendo finalizada uma auditoria interna dentro do Gaeco e que o resultado será apresentado em breve para apreciação e adoção das providências cabíveis”, esclareceu.

Por conta deste e de outros grampos, a Justiça de Mato Grosso determinou a prisão do ex-comandante geral da Polícia Militar coronel Zaqueu Barbosa e do cabo Gerson Luiz Ferreira Golveia Júnior, suspeitos de participação no esquema de escutas ilegais nos últimos anos. 
 
Conforme os autos, as prisões foram medidas necessárias para garantia da ordem pública, visto que ambos possuem laços sociais que facilitariam a destruição de provas.
 
Reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou na noite do dia 14 de maio, que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime nenhum no Estado. A matéria destaca como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”, dentre medicos, empresários, funcionários públicos etc.

Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.
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