O juiz substituto da Vara Criminal Especializada de Justiça Militar de Cuiabá, Bruno de Oliveira Marques, determinou a soltura do corregedor-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Correa Mendes, e do diretor de Inteligência da PM, tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira. A decisão foi proferida na noite desta segunda-feira (26). Eles foram detidos administrativamente na última sexta-feira (23), acusados de vazar informações sigilosas para “alertar” secretários de Estado sobre um possível mandado de prisão contra eles.
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Os oficiais deixaram o Quartel do Comando Geral da PM-MT por volta das 21h desta segunda-feira (26). Alexandre Correa Mendes e Victor Paulo Fortes Pereira são suspeitos de fornecer informações sigilosas para privilegiar os secretários de Estado Evandro Alexandre Ferraz Lesco, da Casa Militar, e Airton Benedito Siqueira Júnior, de Justiça e Direitos Humanos. José Adolpho de Lima Avelino Vieira, da Casa Civil, também teria sido avisado da suposta prisão de Lesco e Siqueira Júnior. Lesco e o adjunto da Casa Militar Ronelson Barros de fato acabaram presos, mas Siqueira Júnior não.
Os três secretários, em posse da informação sigilosa, teriam procurado o governador Pedro Taques, que por sua vez levou os fatos ao conhecimento do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargador Rui Ramos. O governador pediu que o presidente do TJ tomasse as devidas providências contra os responsáveis pelo suposto vazamento do pedido de prisão.
Entenda o Caso:
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas. A matéria destaca como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”, dentre médicos, empresários, funcionários públicos etc.
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico. Em entrevista ao dominical, o ex-secretário Paulo Taques afirmou que seu desligamento da Casa Civil não tem relação com o fato. O promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança da gestão Taques, revelou que informou ao governador sobre os grampos. O chefe do Executivo, no entanto, garantiu que não sabia de nada e informou que o protocolo apresentado por Zaque não corresponde ao assunto.
Barriga de aluguel
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas emu ma apuração sobre tráfico de drogas.
O advogado José do Patrocínio só soube dos grampos pela reportagem do "Fantástico". Ele se disse perplexo e afirmou que o monitoramento deve ser uma retalição ao seu trabalho como advogado eleitoral. Já Muvuca afirma crer que o jornalismo que pratica motivou as gravações ilegais. Janaína Riva declarou que já suspeitava de algo dessa natureza e criticou o grampo. “Estão perdendo tempo ao invés de ouvir as pessoas que estão cometendo crimes de verdade”