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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias | Criminal

​JUIZ DETALHOU

Organizações de Arcanjo e Frederico ‘diluíam’ grandes valores em pequenos depósitos para lavar dinheiro

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Organizações de Arcanjo e Frederico ‘diluíam’ grandes valores em pequenos depósitos para lavar dinheiro
O juiz Jorge Luiz Tadeu, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, descreveu no mandado de prisão contra os 33 investigados na “Operação Mantus”, as técnicas utilizadas pelas organizações criminosas de Frederico Muller Coutinho, a Ello (FMC), e de João Arcanjo Ribeiro com seu genro Giovanni Zem Rodrigues, a Colibri, para a prática de lavagem de dinheiro.
 
As duas organizações utilizavam a técnica do smurfing, que consiste na “diluição” de grandes valores de dinheiro obtido de forma ilícita, e a técnica é a mescla, na qual os valores ilícitos são misturados com os valores lícitos de uma empresa.
 
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“Como bem salientou o parquet, por esse método, o agente que dispõe, por exemplo, de R$ 1 milhão, ganhos por meio da prática de atividade criminosa, divide-os em tantas quantias quantas forem as que não gerem suspeitas e as dilui em inúmeras contas e datas de depósitos variados, para depois encaminhá-las em determinado fluxo convergente, reunindo-as”, explicou.
 
O juiz disse que, das provas colhidas, “vislumbra-se, de forma cristalina, a introdução e ocultação por essa técnica pela análise das contas bancárias das pessoas físicas investigadas, em que se constatou movimentação de valores vultuosos, com depósitos não identificados e em valores fracionados”.
 
A outra técnica utilizada pelas organizações criminosas, a mescla, consiste na mistura de recursos ilícitos com recursos legítimos de uma empresa, utilizando este valor para, por exemplo, fazer pagamento de pessoal, compra de matéria-prima, etc.
 
“Os agentes lavadores já sabem e entendem como fazê-lo. Abrem um negócio, observam quanto os concorrentes podem ganhar e movimentar de dinheiro, e procuram fazer ‘girar’ na empresa aberta o volume que seja viável para não despertar a atenção das autoridades, ainda que com lucro maior, maquiando-o sempre por meio de falsificações documentais diversas, e nela injetam o dinheiro obtido pelas infrações penais praticadas”.
 
No documento, o magistrado afirma que “percebeu-se possível embaralhamento de valores lícitos e ilícitos (mescla) quanto às empresas Muller Coutinho Assessoria de Cobrança Ltda-ME, Muller Coutinho Corretora de Seguros Ltda (Organização Criminosa ELLO), RR pago Eireli - ME (atualmente Granito Muito Mais, Colibri Palace Hotel e Estacione Parking Serviço de Estacionamento de Veículos (Organização Criminosa Colibri)”.
 
Ele ainda reforça que para a configuração de crime de lavagem de dinheiro, não é necessário passar por todas as etapas da lavagem de dinheiro, bastando para tanto “ocultar” ou “dissimular” os valores.
 
A operação
 
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes Contra a Administração Pública (Defaz) e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), deflagrou na manhã desta quarta a Operação Mantus, com o escopo de prender duas organizações criminosas envolvidas com lavagem de dinheiro e com a contravenção penal denominada jogo do bicho.
 
A operação visou dar cumprimento a 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão domiciliar, expedidos justamente pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.
 
As investigações iniciaram em agosto de 2017, descortinando duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso. Ambas movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões.
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