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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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Rota Final

Ex-presidente da Ager depõe ao Gaeco, explica conversa interceptada com Nigro e vê falha em operação

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Ex-presidente da Ager depõe ao Gaeco, explica conversa interceptada com Nigro e vê falha em operação
O ex-presidente da Agência Estadual de Serviços Públicos (Ager), Eduardo Moura, prestou novo depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), nesta terça-feira (2), referente à Operação Rota Final, na qual é investigado. Ele apontou que, no seu caso, houve falha na acusação sobre atos criminosos. Além disto, explicou o teor da conversa que teve com o ex-secretário de Turismo, Luis Carlos Nigro (PSDB), o que chamou de “mal entendidos”.

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“Este depoimento é algo que estamos solicitando há muito tempo. Aconteceu esta operação [Rota Final] e através dos nossos advogados solicitamos várias vezes que tivesse o depoimento para que pudéssemos esclarecer uma série de desvirtuações que aconteceram ao longo deste tempo. Finalmente me convocaram e estou aqui”, disse ao Olhar Jurídico o ex-presidente da Ager, na sede do Gaeco.
 
Eduardo Moura ainda aproveitou para explicar diálogo interceptado. “Outra conversa reveladora apontada no relatório anexo é a realizada entre Eduardo com o atual Secretário-Adjunto de Turismo, Luis Carlos Oliveira Nigro. Na oportunidade revela estreito vínculo com o deputado Dilmar Dal’Bosco comprometendo-se buscar a intervenção do parlamentar para resolver questão de interesse daquela Secretaria de Estado”, disse o MP-MT quando da operação.
 
Sobre isto, Eduardo afirmou: “aquilo era uma operação que estava sendo feito na lei da Ager, onde eu havia retirado o fretamento turístico. O secretário pediu que não o fizesse, como já tínhamos avançado muito, propus que conversássemos com o líder do governo à época, Dilmar Dal’Bosco, para que ele retroagisse essa decisão, voltando o segmento a fazer parte da Ager”.
 
“[Esta visita] é muito mais pra esclarecer algumas coisas. Toda conversa você pode ter interpretações diferentes. Nunca fomos contra a licitação do transporte intermunicipal, ninguém é mais interessado do que a própria agencia reguladora. É muito ruim você trabalhar fiscalização sem ter um contrato mãe que oriente o que é permitido e o que não”, acrescentou o ex-presidente.
 
Segundo Eduardo, esta é a oportunidade para esclarecer maus entendidos. “As interpretações não me parecem coerentes com a verdade. Fazer do jeito que está, com empresas não comparecendo ou indo para não respeitar o edital, não me parece a melhor maneira. Não quero julgar a operação em si. Claramente, com relação a mim e a alguns companheiros meus da Ager, houve falha sim. Eram pessoas que estavam divergindo de coisas erradas que estavam e estão acontecendo neste sistema de transporte público com esta licitação que está totalmente mau formulada”.
Rota Final
 
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação partiu de denúncia anônima feita em Ouvidoria dando conta de que servidores públicos e empresários do ramo de transportes intermunicipais estariam planejando fraudar a Concorrência Pública 001/2017, lançada pela secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), com o objetivo de conceder 13 lotes de linhas de ônibus para o “Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso”.
 
A suposta organização criminosa seria formada por servidores da Sinfra e da Ager, além dos próprios empresários. O conjunto, que "há anos pratica crimes contra a administração pública", atuaria com estrutura hierarquizada e divisão de funções.
 
Segundo o MPE, compõem o grupo criminoso: "Éder Augusto Pinheiro, Júlio César Sales Lima, Max Willian de Barros Lima, Wagner Ávila do Nascimento, contando com a participação de Eduardo Moura e o envolvimento de Luis Arnaldo Faria de Mello e Marcelo Duarte Monteiro".

Quando da operação, Eduardo afirmou ter estranhado seu nome surgir na investigação um dia depois dele assinar a carta de manifesto de ex-aliados do ex-governador Pedro Taques (PSDB) contra a sua tentativa de reeleição, que acabou não acontecendo.
 
Antes de assumir a Agência Reguladora, Eduardo Moura foi secretário  de Estado de Desenvolvimento Regional e, também, secretário do Gabinete de Projetos Estratégicos. Ligado ao agronegócio, já foi candidato à Câmara dos Deputados, tendo sido primeiro suplente de deputado federal, como um dos mais votados, na região do Araguaia.
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