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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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PM preso por facilitar entrada de celulares na PCE é investigado por execuções na ‘Operação Mercenários’

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

PM preso por facilitar entrada de celulares na PCE é investigado por execuções na ‘Operação Mercenários’
O segundo tenente da Polícia Militar de Mato Grosso Cleber de Souza Ferreira, preso na ‘Operação Assepsia’, acusado de facilitar a entrada de um freezer com 86 celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE), responde por dois homicídios que são investigados na ‘Operação Mercenários’, que apura grupo responsável por execuções em troca de pagamento nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

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Segundo a denúncia oferecida pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o militar – que se encontrava exercendo funções perante o 3º BPM – responde a processos por dois crimes de homicídio (em fase de inquérito), abuso de autoridade e crimes militares não especificados na Folha de Antecedentes.
 
“Os dois crimes de homicídio, investigados através dos inquéritos n. 431291 e 434424, referem-se a desdobramentos da operação mercenários, através da qual se descobriu e prendeu diversos policiais envolvidos em execuções mediante pagamento, nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande”, diz trecho da denúncia.
 
Embora Cleber não pertença ao mesmo batalhão dos colegas também alvos da operação, todos eles trabalharam na área de inteligência e visitavam com frequência a Penitenciária Central do Estado (PCE), mantendo contatos com presos e com os diretores.
 
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) ofereceu denúncia, na última quarta-feira (03), contra dois líderes do Comando Vermelho, três policiais militares e dois agentes penitenciários que ocupavam os cargos de vice e de diretor da Penitenciária Central do Estado. O grupo foi alvo da ‘Operação Assepia’, que apurou facilitações para entrada de aparelhos celulares na unidade prisional.
 
Foram denunciados: Paulo Cesar dos Santos, vulgo “Petróleo”, e Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, ambos pertencentes ao Comando Vermelho; o então diretor da Penitenciária Central, Revétrio Francisco da Costa; o vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos e os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior.
 
Ao grupo, foram imputados quatro atos criminosos. Os sete denunciados vão responder por integrar, financiar e promover organização criminosa e também por introdução de celulares em presídios; cinco deles pelo crime de corrupção ativa; e dois por corrupção passiva.
 
Conforme consta na denúncia, no dia 06 de junho passado, por volta das 13h, misteriosamente os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger Preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares. Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.
 
Defesa
 
O caso do tenente PM Cleber de Souza Ferreira (3º BPM), preso pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) na ‘Operação Assepsia’, suspeito de facilitar a entrada de aparelhos celulares em unidades prisionais do Estado, deveria ser investigado por militares. Esta é a opinião do advogado Ricardo Monteiro, que patrocina a defesa do oficial. Para ele, houve uma “falha técnica processual”.
 
“Ele [tenente] está se mantendo em silêncio porque existe um equívoco processual muito grande. A apuração deste crime não pode estar sendo efetivada pela Polícia Civil. Tem que ser pela autoridade policial militar, segundo a legislação federal. Em razão desta falha técnica processual, no nosso entendimento, é que ele não deseja falar”, disse o advogado na última terça-feira, após a oitiva.
 
A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof/MT) informou por meio de nota que os militares estavam realizando um trabalho para a inteligência da PM e teriam sido pegos por engano.

Mercenários

Os presos na ‘Operação Mercenários’ eram responsáveis por cerca de 40% das mortes em Várzea Grande. A estimativa foi feita pelo então secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, durante a primeira fase. Ao todo, os integrantes atuaram por pelo menos três anos.

Operação ‘Mercenários’ - Fase 1
 
A ‘Operação Mercenários’ prendeu 17 pessoas acusadas de formar um suposto ‘grupo de extermínio’. Entre os detidos estão seis policiais militares e seis vigilantes. Ao todo, eles teriam participado de ao menos cinco homicídios entre os meses de março e abril de 2016. Todos os militares presos são lotados junto ao Comando Regional II (Várzea Grande).
 
A maioria das ordens de prisão foram cumpridas no bairro Cristo Rei, alvo de inúmeros crimes que possuem o mesmo modo de atuação, homens encapuzados que chegam em veículos e disparam. Normalmente, as vítimas são homens e com idade entre 18 e 25 anos e têm passagens pela polícia.

Operação 'Mercenários' - Fase 2

Policiais militares foram alvos da 2ª fase da Operação Mercenários. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de prisão preventiva, 3 buscas domiciliares e 2 conduções coercitivas. Operação é um desdobramento das investigações de homicídios praticados em Várzea Grande nos meses de março e abril de 2016.
 
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