Olhar Jurídico

Terça-feira, 16 de abril de 2024

Notícias | Criminal

4ª turma

Justiça não encontra crime e tranca ação contra ex-prefeito acusado de atuar em esquema de R$ 1 bi

Foto: Reprodução

Justiça não encontra crime e tranca ação contra ex-prefeito acusado de atuar em esquema de R$ 1 bi
A quarta Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, sob a relatoria do desembargador federal Olindo Menezes, trancou, em decisão unânime, as investigações decorrente da Operação Terra Prometida contra o produtor rural e ex-prefeito de Lucas do Rio Verde (a 332 km de Cuiabá), Marino José Franz, que criou a empresa Friagil. O voto foi acompanhado dos desembargadores Candido Ribeiro e Neviton Guedes. Franz foi acusado de ser o braço financeiro da organização criminosa que movimentou R$ 1 bilhão na comercialização ilegal de terras da reforma agrária.
 
Leia mais:
TRT condena fazenda a pagar R$ 100 mil a trabalhador que ficou tetraplégico após cair de mula
 
As investigações perduravam desde 2010 e o empresário chegou a ser preso em 2014, tendo a prisão revogada rapidamente. Desde a época dos fatos, a defesa do empresário vinha sustentando que a sua prisão foi equivocada e que não haveria justa causa para investigá-lo, alegando que não havia cometido qualquer irregularidade nos fatos apurados na operação.
 
“As investigações deveriam começar no início da cadeia dominial, e que essa inversão investigativa configuraria constrangimento ilegal em relação ao paciente, na medida em que há sucessivas prorrogações de prazo para a continuidade das investigações por quase meia década, sem que se chegue a nenhuma conclusão”, apontou o relator.
 
O desembargador federal Olindo Menezes solicitou ainda parecer do Ministério Público Federal, que foi favorável pelo trancamento. “O caso dos autos insere-se nas exceções autorizadas pela lei para o trancamento das investigações, de forma que o IPL merece ser trancado em relação ao paciente. Diante disso, em que pese os indícios iniciais de investigações, no curso do feito, os indícios da autoria delitiva atribuída a Marino Jose não se concretizaram”, afirmou o procurador Regional da República.
 
“As informações da Procuradoria da República de Mato Grosso e da própria manifestação da Procuradoria Regional da República são nítidas no reconhecimento de que não há elementos que possam formar a justa causa para a propositura da ação penal”, destacou o desembargador Olindo Menezes.
 
De acordo com os advogados do empresário, Valber Melo e Filipe Broeto, após anos de investigação, nada foi encontrado pelas autoridades que lastreasse qualquer imputação de ilícito com relação ao empresário. Destacaram ainda no pedido de habeas corpus, que ninguém pode ficar sendo eternamente investigado, quando não há justa causa para tanto.
 
A defesa também pontuou ainda que as investigações perdidas no tempo e sem qualquer lastro trouxeram prejuízos irreparáveis nas relações pessoais, econômicas  e empresariais, o que levou inclusive o empresário, a ter restrições de credito e com o abalo a sua imagem, a época,  por conta da operação, acabou tendo que vender parte de sua empresa e perder o controle acionário.
 
A decisão de trancamento atinge apenas o inquérito policial que tramitava em face do empresário. Os inúmeros outros inquéritos decorrentes da Operação Terra Prometida continuam a tramitar normalmente.
 
Para o advogado Valber Melo, a decisão restabelece a verdade mesmo com os prejuízos moral e financeiro do empresário após anos de investigação. “A decisão do TRF1 apenas corrobora o que sua defesa vem sustentando desde o início das investigações, no sentido que ele sequer poderia ter sido alvo da citada Operação. Mesmo o TRF1 fazendo justiça e colocando fim a um inquérito que se prolongava no tempo sem justa causa, os efeitos nefastos a vida do empresário nunca serão apagados”.
 
Fraude bilionária
 
O foco da investigação da Operação Terra Prometida foram lotes do projeto de assentamento Tapurah/Itanhangá, em Mato Grosso. A área, destinada à reforma agrária, é a segunda maior da América Latina. Possui 115 mil hectares e é dotada de 1.149 lotes com 100 hectares cada.

Foram expedidos 52 mandados de prisão preventiva, 146 mandados de busca e apreensão e 29 medidas proibitivas em 10 municípios de Mato Grosso, além de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A investigação comprova que os trabalhadores rurais clientes da reforma agrária foram aliciados, coagidos e ameaçados para venderem ou entregarem os lotes, avaliados em R$ 1 milhão cada um.

A estimativa é que cerca de 80 fazendeiros concentrariam aproximadamente mil lotes da União que haviam sido destinados à reforma agrária. A fraude alcança R$ 1 bilhão, correspondente ao valor total das terras invadidas pelos fazendeiros.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet