A defesa da família Cestari, patrocinada pelos advogados Artur Osti e Leonardo do Prado Gama, afirma que informações do inquérito contra a adolescente de 14 anos que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, foram desvirtuadas. A distorção das informações fez surgir até mesmo a hipótese de crime passional, visão considerada absurda pelos advogados.
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“Muitas informações constantes nos autos foram desvirtuadas, causando verdadeira comoção social sobre o deslinde do caso presente, especialmente porque, contrária a prova dos autos, chegou-se à absurda insinuação de que os fatos envolveriam hipótese de crime passional”, explicaram os advogados.
A afirmação da defesa consta em pedido para arquivamento do inquérito contra a adolescente de 14 anos. Ela responde por ato infracional análogo a homicídio doloso. O pedido, que utiliza o termo técnico de clemência, é uma espécie de remissão.
“Fato é que, à ninguém é dado o direito de contestar os sentimentos que circulam em torno dos fatos que são apurados no presente IPL, ainda que estes tragam à tona impressões absolutamente desconformes às provas dos autos! Daí a imperiosidade de que a defesa, até em respeito aos sentimentos que circundam o caso presente, seja feita de forma estritamente técnica, amparada exclusivamente naquilo que dos autos consta”, prosseguem os advogados.
Inquérito concluído
A adolescente de 14 anos, responsável pelo disparo que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, responderá por ato infracional análogo a homicídio doloso.
Concluiu-se na investigação que ela, no mínimo, assumiu o risco ao apontar a arma para o rosto da amiga e não verificar se a arma estava pronta para o disparo.
A sua 'pena' (medida sócioeducativa) máxima, conforme o delegado Wagner Bassi, poderá ser uma internação de até três anos, em estabelecimento educacional. Isso pode ocorrer durante o processo ou somente após a conclusão dos trabalhos na Justiça. Em casos envolvendo adolescentes, não há prisão.
As investigações mostraram que a versão apresentada pela adolescente de 14 anos não condiz com o que se apurou e com o que consta nos laudos da perícia.
Em sua versão, a adolescente conta que estava com o case em suas mãos, quando foi ver o que Isabele estaria fazendo no banheiro do seu quarto. Em dado momento, o objeto teria se desequilibrado e caído.
A menor então conta que abaixou para pegar a arma, enquanto equilibrava o case na outra mão. Neste momento, o disparo teria acontecido, de forma - supostamente - acidental.
Porém, o laudo aponta que o case não tem nenhum vestígio de sangue, assim como a segunda arma, que estava dentro do objeto. Além disto, perícia feita anterior já apontou que o disparo foi feito com a arma estando entre 30 e 40 centímetros do rosto da vítima.
Teoricamente, de acordo com os respingos de sangue, a perícia conclui que deveria haver vestígios dos flúidos no case ou na segunda arma, o que não aconteceu.