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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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incita a violência

Justiça atende pedido de Emanuel e retira do ar videoclipe de artista cuiabano

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Justiça atende pedido de Emanuel e retira do ar videoclipe de artista cuiabano
O juiz Geraldo Fidelis, da 1ª Zona Eleitoral de Cuiabá, determinou a retirada das redes de videoclipe da música “O Rio”, produzida pelo artista Billy Espindola.  Segundo os autos, o atual prefeito em busca de reeleição, Emanuel Pinheiro (MDB), argumentou que o conteúdo “incita a violência” e possui “teor ofensivo”.

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Segundo processo, o videoclipe mostra um homem representando Emanuel. O personagem, conforme relatado nos autos, “é amarrado e sequestrado, deixado para morrer na floresta”. 
 
“A liberdade de expressão tem limites na qual não se pode prejudicar a imagem de outrem e ainda, demonstrar uma cena de violência contra o Autor, que vem sofrendo demasiadamente por conta das cenas gravadas no vídeo clipe”, explicaram os advogados de Emanuel.
 
A defesa de Emanuel salientou ainda que o videoclipe, além de incitar a violência, ainda antecipa culpa, humilha e expõe o prefeito. “Sua intenção é claramente prejudicar a imagem do autor [Emanuel Pinheiro]”. 
 
Em sua decisão, Fidelis reconheceu trechos ofensivos. “Ao analisar o videoclipe apresentado, verifica-se que realmente existe imagens de um personagem vestido um paletó customizado, sendo sequestrado, jogado no porta malas de um carro e em seguida levado para as margens do Rio”.
 
“Em juízo de cognição sumária, demonstra-se a plausibilidade do direito substancial invocado, a revelar a probabilidade de o direito atendido no final da demanda, eis que, interpretação diversa poderia se apresentar como temerária e nebulosa, máxime porque, as transcrições trazidas à baila, demonstram a divulgação de conteúdo negativo e imputação de crime eleitoral em desfavor do representante, em total dissonância com a legislação eleitoral”, salientou Fidelis.
 
Ao determinar a retirada do material, a Justiça fixou multa diária de R4 5 mil em caso de descumprimento.
 
Confira a letra descrita na ação:
 
“É de tchapa e cruz, é de tchapa e cruz, é de tchapa e cruz
suco de manga, doce caju
banana chips, também furrundu
cachu na chapada não tem nada igual,
bom assim só se for no pantanal
rio acima, rio abaixo
poluição onde eu passo
rio abaixo, rio acima
corrupção, propina
hey nenéu, ce vai pro xilindró
capou tudo os peixe, meteu no paletó
você é um safado e vai tentar escapar
então vai um recado pra quem mora em Cuiabá
vai roubar de você, mesmo sem você saber,
vai roubar de você, sem você saber
vai roubar você
vai roubar de você, mesmo sem você saber,
vai roubar de você, sem você saber
vai roubar você
É de tchapa e cruz, é de tchapa e cruz, é de tchapa e cruz
Rio Coxipó, também Rio Cuiabá
nenhum hoje em dia dá mais pra pescá
a poluição tomou conta do rio
e a corrupção tomou todo o Brasil
rio acima, rio abaixo
cada esquina que eu passo rio abaixo, rio acima
craque, cocaína
hey nenéu, ce vai pro xilindró
capou tudo os peixe, meteu no paletó
você é um safado e vai tentar escapar
então vai um recado pra quem mora em Cuiabá
vai roubar de você, mesmo sem você saber,
vai roubar de você, sem você saber
vai roubar você...
vai roubar de você, mesmo sem você saber,
vai roubar de você, sem você saber
vai roubar você
sem você saber, vai capar você
No rio!”


Outro lado

Tempos sombrios para arte mato-grossense 

É absurdo que a trama de um videoclipe seja censurada, mesmo que todos saibam que se trata de uma crítica à corrupção política, não há qualquer menção ao prefeito Emanuel Pinheiro na letra da música ou clipe. 

Apesar de ter se transformado em um símbolo internacional, por conta do paletó, ele não é o único político que deve satisfações à população. 

Enquanto artista, Billy Espíndola cumpriu a ordem judicial, mas irá recorrer. Isso porque tratou de forma lúdica e caricata os personagens da trama, sem nenhuma intenção de ameaça ou violência, como descreve o documento feito pela defesa de Emanuel. 

A carapuça é do tamanho da cabeça de qualquer político que deve satisfações à sociedade, mas se ofende com questionamentos e exposição. 

No clipe O Rio, a “onça pintada” é um dócil pitbull que se deixou ser pintado por outro artista referência da Capital, o Adriano Figueiredo. Foi tudo feito com muito humor, sensibilidade e carinho, para os que viram o clipe, ficou fácil de perceber. 

Além deles, a equipe que se prontificou na gravação do trabalho autoral e independente, que apesar de não receber apoio do governo, persiste em existir em Cuiabá. Nós, artistas independentes, somos a voz da sociedade. Não vamos nos calar.

Billy Espíndola 
13 de novembro de 2020
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