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Sábado, 20 de abril de 2024

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Induziu ao erro

Promotor denuncia sargento da PM por invadir fazenda e forjar morte do próprio irmão

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Promotor denuncia sargento da PM por invadir fazenda e forjar morte do próprio irmão
Promotor de Justiça aposentado denunciou o sargento da policial militar, Jorge Bispo de Morais, lotado no 4º Batalhão em Várzea Grande, por invadir sua fazenda localizada município de Nossa Senhora do Livramento (40 quilômetros de Cuiabá), forjar a morte do próprio irmão e induzir colegas de farda ao erro. Uma representação foi enviada ao corregedor-geral da Instituição, coronel Daniel Lipi Alvarenga, para que a conduta do servidor seja investigada.

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A fazenda do promotor está localizada na Rodovia Capão Pirizal, na comunidade Campo Alegre de Baixo. Tudo começou na noite do dia 9 de janeiro, por volta das 19h, quando vários suspeitos chegaram em três veículos, sendo um Peugeot 208, Uno Fire, ambos vermelhos, e um carro do tipo sedan de cor branca.

O caseiro avisou o promotor sobre a movimentação e ele resolveu recolher o gado que havia sido solto. No entanto, tempos depois, o promotor foi abordado por cinco homens, divididos em três carros e duas motos. Eles bloqueavam os dois portões internos. O promotor foi intimidado por um homem armado, mas ele reagiu e os bandidos fugiram.

Durante a semana, não houve nada de incomum na fazenda. Porém, na sexta-feira (15), os homens retornaram e improvisaram um ‘barraco’ de lona perto de uma área de reserva legal onde há um garimpo desativado.

Já no domingo (17), o promotor recebeu algumas pessoas na propriedade, juntamente com o filho que é advogado. Eles queriam identificar os criminosos para resolver a situação perante a Justiça.

Um dos invasores foi reconhecido pelo promotor. Trata-se de Gonçalo Santana de Morais, o “Netinho”, sobrinho de uma pessoa conhecida dele. Diversos pertences dos invasores como armas e ferramentas foram recolhidos pois o dono não permite garimpo na propriedade.
 
“Netinho” pediu que o promotor entregasse tudo a sua tia em Várzea Grande, onde mora. Foi quando apareceu Waldemar Bispo de Morais, irmão do PM, que teria ido até o local levar leito aos invasores. Ele dava assistência ao grupo pois a casa do seu primo faz divisa com o imóvel do promotor.
 
Os invasores foram embora do local e “Netinho” teria falado em tom de provocação e deboche que “o doutor vai pagar caro”, porque teria policiais por trás do crime. Questionado se o militar envolvido seria Jorge, seu primo, ele confirmou que sim e acrescentou: “e mais um superior”. Depois que o grupo foi embora, o lixo da propriedade foi queimado e os objetos colocados em um barracão.
 
O promotor retornou para Cuiabá no carro da filha e uma caminhonete ficou na fazenda, bem como sua pistola escondida em um compartimento do veículo. Na noite do dia 17, ele recebeu uma mensagem da irmã do caseiro falando que viaturas da Rotam e Força Tática, com cerca de 20 policias, teria arrebentado o cadeado do portão e prendido os homens que estavam no local.
 
O filho do promotor, que é advogado, foi até à Central de Flagrantes de Várzea Grande, onde constatou que teria ocorrido uma operação na fazenda para apurar o homicídio de Waldemar Bispo de Morais, irmão do PM, que teria chegado no ‘barraco’ da fazenda quando todos iam embora. A mãe e a esposa da vítima estariam aos prantos.
 
Ao final das prisões e diligências, o oficial que comandou a operação teria desconfiado que se tratava de uma farsa. Ele teria mandado recolher sua caminhonete e deixar a chave no quarto do caseiro. Segundo ele, entre 19h e 22h, no entanto, um veículo entrou na propriedade e seus ocupantes reviraram toda a casa, roubaram uma pistola e um Iphone 8, que teria provas da invasão.
 
Na delegacia, Waldemar apareceu anunciando que estava vivo. Diante disso, o que era um homicídio passou a ser caso de sequestro e cárcere privado. O militar saberia que desde o começo seu irmão estava escondido na casa de “Sebastiãozinho”, nas proximidades da fazenda do promotor.
 
“O representante tem convicção absoluta, que o representado, com a farsa que montou, o aparato e magnitude da operação de unidade especializada, pretendia, sem dúvidas, intimidá-lo, já que é promotor de Justiça aposentado e não iria intimidar-se com a presença de três alcoólatras e seu primo desastrado”, diz trecho do documento.
 
A farsa criada pelo sargento teria como objetivo acobertar a invasão da fazenda. De acordo com o promotor, na manhã do dia 19, um dia após o registro da ocorrência, o policial e os comparsas teriam retornado ao local.
 
Na oportunidade, expulsaram empregados que refaziam a cerca e estavam lá até 22 de janeiro (data que o documento foi enviado), quando o promotor acionou a Corregedoria da PM. Mediante ameaça, os invasores estariam praticando garimpo ilegal, desmate criminoso e esbulho possessório.
 
O grupo ainda teria montado uma espécie de guarita de segurança e estaria no local com três veículos. O promotor revelou que teme que o policial ‘plante’ algum tipo de armamento na fazenda para justificar a operação anterior e incriminar o proprietário, já que ele teria a ousadia de induzir ao erro os próprios colegas de farda, simular tiroteios, sequestro e morte do próprio irmão mesmo com lágrimas da mãe e cunhada.
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