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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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FALSO TESTEMUNHO

Paulo Taques pede absolvição em ação dos grampos e coloca ex-governador e ex-secretários no rol de testemunhas

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Paulo Taques pede absolvição em ação dos grampos e coloca ex-governador e ex-secretários no rol de testemunhas
Ex-secretário da Casa Civil, o advogado Paulo Taques apresentou defesa e pediu absolvição primária da acusação de falso testemunho, em ação que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, oriunda do escândalo que ficou conhecido como “Grampolândia Pantaneira”. A manifestação foi apresentada na quinta-feira (13).

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Na ação, o Ministério Público Estadual (MPE), afirma que Paulo mentiu ao delegado Juliano Silva de Carvalho, durante depoimento como testemunha em inquérito instaurado para apurar crimes praticados por delegados.

Conforme a denúncia, no dia 11 de julho de 2017, Paulo, que já havia deixado a Casa Civil, fez "afirmação falsa" ao delegado que investigava possível “barriga de aluguel”, prática que ocorre quando números telefônicos de terceiros (pessoas inocentes) são inseridos em investigações com quebra de sigilo telefônico, mesmo elas não sendo alvos dos crimes em apuração.

No caso específico, a investigação buscava entender os motivos de a publicitária Tatiane Sangalli Padilha, ex-amante do advogado, e a ex-servidora Caroline Mariano, terem sido interceptadas no bojo das Operações Forti/Pequi e Querubim, cujo alvos seriam traficantes de drogas. Conforme o MPE, o número da publicitária foi inserido na investigação por determinação do então chefe da Casa Civil, que queria monitorar a amante para fins particulares.

Em sua defesa, Paulo nega que tenha mentido. Explica que na época do depoimento não tinha em mente que foi vítima de chantagem e de tentativas diversas de prejudica-lo, “inexistindo ameaça direta e concreta a sua integridade”.

Ao negar que tenha ordenado a realização de interceptações telefônicas ilegais, Paulo relata que contou ao ex-governador Pedro Taques (Solidariedade), seu primo, sobre a suspeita de que Tatiana (que já havia sido servidora comissionada do Palácio Paiaguás), planejava se vingar através do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, pois com ele iria se casar.

Na época, Paulo desconfiava que Caroline, sua assessora, estava passando informações para Tatiana, já que tinha acesso a sua agenda.

O ex-governador teria comunicado o então secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, que acionou sua adjunta, a delegada Alessandra Saturnino. O ex-secretário relata uma reunião com a adjunta na sede da secretaria. Na ocasião, a também estava a delegada Juliana Chiquito Palhares. As duas ficaram responsáveis por apurar o suposto plano de vingança.

“O peticionante por certo não sugeriu, e muito menos induziu, como que fazer crer o MPE, duas experientes delegadas de polícia para que investigassem desta ou daquela maneira, muito menos que adotassem esta ou aquela medida. Afirmar que as delegadas praticaram o crime de interceptação telefônica ilegal por que foram induzidas e forçadas pelo peticionante é, para dizer o mínimo, molequear com a inteligência alheia”, diz em trecho de sua defesa.

Dias depois, em um segundo encontro, Alana afirmou que estava fazendo o “monitoramento” pessoal e do celular de Tatiana e solicitaram a troca do aparelho celular funcional de Caroline, e antes de entregá-lo que encaminhassem a ela, a fim de ser instalado um bug (expressão usada pela delegada) que permitiria ler as mensagens trocadas pela servidora pelo WhatsApp. A troca foi feita e o celular entregue à secretária-adjunta.

Paulo ressalta que quando saia da reunião, Alessandra lhe mostrou uma sala onde ocorriam as interceptações telefônicas. Ele questionou se era correto fazer aquilo no prédio da Sesp. “Alessandra informou que não havia problema, pois haviam ‘convênios formados com o Ministério Público Estadual, Polícia Civil, Policia Militar e com o Tribunal de Justiça que autorizavam tal funcionamento’. Esta foi a segunda e última vez que o peticionante se encontrou com Alessandra Saturnino e Juliana Palhares, e as reuniões ocorreram só com as duas. Mais ninguém”.

Absolvição

Paulo reforça que não existiu pedido de interceptação e muito menos interferência ou co-participação na condução dos inquéritos e da prática de qualquer ato delituoso. “Tratam-se de delegadas experientes que dirigiram as investigações aos seus modos, não podendo restar ao peticionante a punição por atos e decisões de terceiros”.

Por fim, o ex-secretário afirma que Alessandra e Alana confessaram a realização de interceptações telefônicas ilegais, mas que nada sofreram, já que não foram acionadas pelo MPE.

Testemunhas

Além da defesa, Paulo apresentou as testemunhas que devem ser ouvidas pelo juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues. Na lista, além do ex-governador Pedro Taques, estão os ex-secretários José Adolpho Vieira (Planejamento e Gestão), Roger Jarbas (Sesp) e Mauro Zaque de Jesus; e os delegados Flávio Stringueta, Alessandra Saturnino, Alana Cardoso e Juliana Palhares.
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