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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Foragido de operação é apontado como ‘laranja’ e assistente de ex-secretário; veja detalhes do esquema

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Foragido de operação é apontado como ‘laranja’ e assistente de ex-secretário; veja detalhes do esquema
O empresário Liandro Ventura da Silva, alvo da ‘Operação Cupincha’, deflagrada na quinta-feira (28), com objetivo de investigar atos de corrupção e lavagem de capitais, envolvendo o desvio de recursos públicos destinados à saúde, é apontado nas investigações da Polícia Federal como uma espécie de ‘laranja’ do ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues. O acusado, que segue foragido, também atuava como um assistente do ex-gestor, comprando passagens aéreas para ele e a esposa e até acompanhando o saldo de pontos no cartão de crédito.

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Conforme as investigações, Liandro foi sócio da empresa Ventura Prestadora de Serviços Médicos Hospitalares Ltda., que acabou sendo contratada pela Hipermed Serviços Médicos & Hospitalares S.A e empresas vinculadas para realizações de serviços. O alvo da PF figurou no quadro societário de 2007 a 2014.
 
A empresa, que depois mudou o nome para C. R. SAMPAIO – EIRELI, estava em nome de Liandro e da ex-esposa do ex-secretário. Em 2013, os sócios acabaram sendo excluídos, sendo que ingressaram Célio Rodrigues Sampaio (que seria o ex-funcionário público) e Antônio José Catarino Rondon.
 
Posteriormente, Liandro ingressou na sociedade da empresa M. A. C. NASCIMENTO – ME, em maio de 2015, sendo que – um mês depois – a sócia Alcione Cesário do Nascimento saiu da sociedade, dando lugar a Joany Costa de Deus, atual esposa do ex-secretário.
 
Liandro também é proprietário da empresa Ventura Comércio e Serviços LTDA, além de aparecer como sócio da esposa do ex-secretário na Cervejaria Cuyabana.
 
Após análise de dados do aparelho celular apreendido com Célio na primeira fase da ação, denominada ‘Curare’, a PF encontrou indícios de que Liandro atua como uma espécie de assistente do ex-secretário, em razão de receber diversas orientações e determinações, dentre elas: ordem para enviar recursos para Joany Costa de Deus pagar a folha de pagamento salarial; presta contas de despesas; acompanha o saldo de pontos no cartão de crédito e compra passagens para o casal viajar para o Rio de Janeiro/RJ e contrata empréstimo com a anuência de Célio.
 
Em julho deste ano, Liandro envia mensagens por telefone prestando contas da cervejaria para Célio, apontado como possível sócio oculto da empresa, e recebe a determinação dele para repassar o dinheiro à sua esposa para quitar a folha de pagamento.
 
Na véspera da deflagração da ‘Operação Curare’, no fim de julho, Liandro conversa com o ex-secretário sobre a necessidade de pegar empréstimo em nome da empresa VENTURA PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS HOSPITALARES LTDA.
 
Consta ainda que Leilson Ventura da Silva, irmão de Liandro, é um dos proprietários da LV SERVIÇOS MÉDICOS E HOSPITALRES, empresa que – junto de outras – a partir do segundo semestre de 2020, dissimularam a origem, movimentação e propriedade valore provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal e também da MEDPREMIUM COMÉRCIO E DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS MÉDICOS HOSPITALRES.
 
Leilson recebeu o valor R$ 291,5 mil da HIPERMED SERVIÇOS MÉDICOS e HOSPITALARES S.A.; R$ 164.697,00 da DESTA TURISMO AGÊNCIA DE VIAGEM EIRELI e o valor de R$150.000,00 de PAULO ROBERTO OLIVEIRA ASSESSOR CONSUL E PLANEJAMENTO LTDA.
 
Operação
 
Conforme o delegado de Polícia Federal Charles Cabral, responsável pelo inquérito, ainda não é possível quantificar a quantidade que foi desviada pelo grupo. Porém, os pagamentos feitos e ‘quarterizados’ pelas empresas envolvidas no esquema, superaram a ordem dos R$ 100 milões.
 
Após o ingresso dos recursos nas contas das empresas intermediárias, muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos, de forma a tentar ocultar o real destinatário dos recursos.
 
A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários.
 
Paralelamente, o grupo empresarial investigado na primeira fase da Operação Curare promovia supostas “quarteirizações” de Contratos Administrativos, que viriam a beneficiar, em última instância, o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais.
 
Como se apurou na primeira fase da Operação Curare, um grupo empresarial, que fornece serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá/MT e que recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de 100 milhões de reais, manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém-transformadas para o ramo da saúde.
 
Ao todo, foram expedidos 13 mandados de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá/MT e Curitiba/PR, além da efetivação de três prisões preventivas (um está foragido) e de medidas de sequestro de bens, direitos e valores.
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