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Com 'lucro' anual de R$ 10,8 milhões, cacique compareceu à delegacia em carro de R$ 380 mil

17 Mar 2022 - 15:54

Da Redação - Arthur Santos da Silva/ Wesley Santiago

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Com 'lucro' anual de R$ 10,8 milhões, cacique compareceu à delegacia em carro de R$ 380 mil
O cacique Damião Paridzané, liderança indígena acusada de centralizar o recebimento de valores pelo arrendamento da Terra Indígena Marãiwatsédé, estava recebendo, segundo o Ministério Público Federal, aproximadamente R$ 900 mil por mês, o que totaliza R$ 10,8 milhões por ano. Informações constam em decisão judicial que autorizou a deflagração da Operação Res Capta.

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Ainda segundo o Ministério Público, quando convocado para prestar depoimento na fase de investigação, Damião Paridzané chegou em uma caminhonete modelo Toyota Hilux avaliada em R$ 380 mil. O veículo teria sido cedido ao cacique como presente dado por um dos arrendatários da Terra Indígena.
 
“O dinheiro arrecadado pelo Cacique Damião Paridzané está se concentrando nas mãos de pouquíssimas pessoas. Ou seja, não está sendo revertido em prol de toda coletividade indígena”, diz trecho da decisão que autorizou Operação Policial.
 
Em face de Damião,  foram fixadas medidas cautelares diversas da prisão, como a proibição de arrendar terras da T.I. Marãiwatsédé para criação de gado ou qualquer outro tipo de exploração; proibição de manter contato com os demais investigados.
 
Ainda: obrigação de comparecimento a todos os atos processuais sempre que intimado e de comunicar a este juízo federal qualquer mudança de endereço; expressa advertência de que o descumprimento de qualquer das obrigações retro pode levar à decretação da prisão preventiva.
 
Além do cacique, são considerados responsáveis pelo esquema o atual coordenador regional da FUNAI na comarca de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva,  o policial militar da ativa no estado do Amazonas, Gerard Maxmiliano Rodrigues de Souza, espécie de “braço-direito” de Jussielson,a além do ex-policial militar do estado do amazonas, Enoque Bento de Souza, também é apontado como participante nos crimes.
 
Outro lado

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal em Mato Grosso (GAECO-MPF), e a Polícia Federal, por meio da unidade em Barra do Garças, deflagaram na manhã desta quinta a Operação Res Capta, que tem como objetivo combater crimes de constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva, porte ilegal de arma de fogo, abuso de autoridade e crimes ambientais.
 
As investigações tiveram início em setembro de 2021 na Delegacia da PF de Barra do Garças a partir de denúncia anônima informando que servidor da Funai, da Comarca de Ribeirão Cascalheira (380 km de Barra do Garças), estaria recebendo valores em dinheiro em troca de favores, no sentido de dar preferência a alguns indivíduos no arrendamento de terras dentro da reserva indígena Marãiwatsédé, para criação de gado.
 
Foi constatado que os investigados estariam cobrando valores de grandes fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos no interior da Terra Indígena Marãiwatsédé. Os pagamentos eram monitorados pelos investigados, que faziam o serviço de cobrança e retiravam da Terra Indígena os fazendeiros inadimplentes e direcionavam outros para ocuparem os locais deixados pelos arrendatários retirados.
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