“O Brasil é o país da impunidade”, disse o ex-procurador da República, Deltan Dallagnol, sobre as investigações contra esquemas de corrupção no alto escalão do Judiciário terminarem em “pizza”, devido às últimas sinalizações do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Escândalos sobre possíveis esquemas de venda de sentenças envolvendo ministros do STJ, desembargadores das Cortes Estaduais assessores foram revelados a partir da extração de dados do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá em dezembro de 2023.
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Para Dallagnol, as responsabilidades somente serão sofridas pelos “peões” dos possíveis esquemas, ou seja, os assessores, de modo que os magistrados seriam isentados pelos elos lobistas. Deltan acredita que o caso seja totalmente anulado, ou então, arquivado em relação aos “tubarões” (ministros e desembargadores).
Em seu canal de Youtube, ele publicou vídeo nesta terça-feira analisando as atitudes de Cristiano Zanin envolvendo os casos. Na última semana, o ministro avocou ao STF a atribuição de julgar os casos, e decretou o sigilo nos respectivos processos, inclusive os que tramitavam no TJMT envolvendo o assassinato de Zampieri.
Contudo, posteriormente, Zanin passou a entender que não vislumbrou nada grave que pudesse atrair a competência do STF em razão de agentes supostamente envolvidos no possível esquema ostentarem foro privilegiado, como é o caso dos ministros.
O mesmo, no entanto, não vale para os assessores, o que foi duramente criticado por Dallagnol. Isso porque Zanin deverá retroceder às instâncias originárias as investigações contra os “peões”, arquivando o caso em relação aos “tubarões”.
“O mais provável é que esse caso de corrupção seja totalmente anulado, ou então seja então arquivado em relação aos ministros, que são os poderosos, os tubarões, enquanto que a raia miúda, os peixinhos pequenos, ou seja, os assessores dos ministros, vão todos pagar o pato. E por que? Porque o Brasil é o país da impunidade, e a impunidade é a regra em casos de corrupção, especialmente em relação aos poderosos”.