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Sexta-feira, 06 de dezembro de 2024

Notícias | Criminal

OPERAÇÕES PUBBLICARE E RAGNATELA

Juca nega transferências bancárias a Paulo Henrique e se coloca à disposição das investigações

Foto: JLSiqueira/ALMT

Juca nega transferências bancárias a Paulo Henrique e se coloca à disposição das investigações
O deputado estadual Juca do Guaraná (MDB) afirmou que conhece o vereador afastado Paulo Henrique (MDB) há cerca de 20 anos, contudo, negou veementemente que fez qualquer transferência bancária a ele. Juca também pontuou que a empresa Barbosa Filho Cia Ltda. não está vinculada ao seu CPF, mas sim, ao do seu irmão.


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Posicionamento de Juca foi solicitado pelo Olhar Jurídico após o Ministério Público citá-lo na denúncia contra o vereador Paulo, no âmbito da Operação Pubblicare.

Investigações das Operações Pubblicare e Ragnatela sugeriram movimentações bancárias expressivas entre o vereador, afastado, Paulo Henrique de Figueiredo (MDB) e seu ‘testa de ferro’ José Márcio Ambrosio Vieira, sendo o último apontado como um intermediário ou “laranja” para as transações de dinheiro.

Entre os envolvidos, as operações sugerem a participação do deputado estadual Lídio Barbosa, conhecido como “Juca do Guaraná”. Procurado, Juca afirmou ao Olhar Jurídico que a empresa que transacionou com Paulo não está vinculada ao seu CPF, mas sim ao do seu irmão, e que está à disposição da Polícia Judiciária Civil (PJC) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Apresentadas no relatório da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-MT), tais movimentações aparecem na denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Paulo Henrique e mais quatro alvos, pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, além da suposta ligação com o Comando Vermelho.

Segundo o relatório e acusação, entre setembro de 2022 e março de 2024, registros mostram um fluxo constante de valores, muitos originários da empresa Barbosa Filho & CIA Ltda., cujo nome fantasia é Ellit Imóveis, gerida por Ernesto Manoel Barbosa Filho, apontado como sobrinho de “Juca”.

Essas movimentações totalizam R$ 167.370,00, conforme indicado pelo Relatório Técnico de Quebra de Sigilo Bancário nº 05/2023/FTSP/MT. Além disso, outros valores significativos foram repassados por meio de depósitos e transferências adicionais, como os R$ 100 mil provenientes de Gustavo Paiva Barbosa, filho do vereador Lídio Barbosa (Juca), e diversas transações diretas e indiretas realizadas pela empresa Barbosa Filho & CIA Ltda., o que levantou suspeitas quanto à origem e ao destino desses recursos.

Dentre os repasses realizados entre setembro de 2022 e março de 2024, José Márcio recebeu quantias que iam de R$ 3.000,00 a R$ 50 mil somando aproximadamente R$ 85 mil somente em depósitos atribuídos à Barbosa Filho & CIA Ltda.

Ao longo desse período, os valores recebidos foram frequentemente redistribuídos conforme orientações de Paulo Henrique, que indicava como e para quem os montantes deveriam ser transferidos, mantendo-se afastado da movimentação direta de grandes valores e valendo-se de José Márcio para ocultar o verdadeiro beneficiário final.

Segundo os autos, o padrão supostamente indica a participação indireta de Juca, utilizando seu sobrinho Ernesto, administrador da Barbosa Filho & CIA Ltda., como elo financeiro no possível esquema.

Nesta semana, o Ministério Público do Estado (MPE) denunciou o vereador por Cuiabá, afastado, Paulo Henrique de Figueiredo (MDB), no âmbito da Operação Pubblicare, deflagrada pela Polícia Federal em setembro contra esquema de lavagem de dinheiro entre o Comando Vermelho e agentes públicos. Apurou-se que assessores da Câmara Municipal da capital, fiscais e faccionados usavam casas noturnas, como o Dallas Bar, para lavar dinheiro por meio de shows nacionais.

A denúncia apontou que o vereador era a pessoa responsável por liderar os agentes públicos envolvidos no esquema, e influenciar o contato com o CV.

Além dele, foram indiciados José Márcio Ambrósio Vieira, por lavagem de dinheiro e organização criminosa, apontado como seu testa de ferro; José Maria Assunção e Rodrigo Anderson de Arruda Rosa, por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, e Ronnei Antônio Souza da Silva por corrupção ativa.

No dia 25 de setembro, ao decidir revogar a prisão de Figueiredo cinco dias após a detenção, o desembargador Luiz Ferreira da Silva o afastou Paulo da Câmara Municipal.

Presidente do Sindicato dos Agentes de Fiscalização do Município de Cuiabá, ele é acusado de usar sua influência com os fiscais e o cargo político para facilitar eventos promovidos pelo Comando Vermelho em casas noturnas da capital, usadas para lavar o dinheiro da facção.

Apesar de ter sido colocado em liberdade provisória, Paulo é monitorado por tornozeleira eletrônica e não poderá frequentar a Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil, bem como quaisquer órgãos da administração pública direta ou indireta do município de Cuiabá.

Ele deverá manter seu contato com a Justiça atualizado, comparecendo a todos os atos do processo, e foi proibido de manter quaisquer meios de comunicação com os demais investigados, inclusive com eventuais testemunhas.

A Operação Pubblicare é desmembramento da Operação Ragnatela, deflagrada em junho deste ano, quando a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT) desarticulou um grupo criminoso que teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas.

A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters, agentes públicos, fiscais e o vereador Paulo Henrique, ex-líder de Emanuel Pinheiro na Câmara.

Outro lado

O deputado estadual Juca do Guaraná (MDB), em resposta à matéria publicada pelo Jornal A Gazeta, esclarece que conhece o vereador afastado Paulo Henrique (MDB), há cerca de 20 anos, porém, frisa que nunca fez qualquer transferência bancária ao parlamentar. Aliás, a Barbosa Filho e Cia Ltda., empresa citada na reportagem, não está vinculada ao CPF de Juca, mas sim, ao seu irmão.

As transferências realizadas para Paulo Henrique foram em caráter de empréstimo, por meio de seu irmão, que possui a responsabilidade sobre o CNPJ da empresa.

Juca reitera que está à disposição da Polícia Judiciária Civil (PJC) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), para sanar qualquer eventual questionamento ou dúvida.
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