O juiz Wagner Dupim Dias, da 3ª Vara de Juína, concedeu a liberdade provisória mediante fiança de R$ 10 mil ao professor aposentado José Andriotti Prada, preso na quarta-feira (12) por ser flagrado permitindo que seus cães atacassem um gato até a morte. Além da fiança, ele foi proibido de manter animais domésticos ou silvestres sob sua guarda. O juiz também determinou que ele seja submetido a incidente de insanidade mental para avaliar se ele possui transtorno de bipolaridade e sequelas neurológicas devido a uma lesão no cérebro.
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Após passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (13), o juiz decidiu conceder-lhe a provisória, mas não sem antes destacar a reprovabilidade na sua conduta e o estado de perigo que sua liberdade poderia causar. No entanto, por não ostentar antecedentes criminais, possuir residência fixa e predicados pessoais favoráveis, ele foi colocado em liberdade.
Liberdade esta condicionada ao pagamento da fiança em R$ 10 mil, assim arbitrada pelo juiz considerando que José possui uma hilux, um imóvel em São Paulo com renda passiva, e que seus cachorros são da raça Husky, podendo custar até mais de R$ 3 mil.
José deverá manter seu endereço atualizado, não poderá sair da comarca sem autorização e foi proibido de manter em sua guarda animais domésticos ou silvestres enquanto responder o processo.
Laudos médicos também deverão ser apresentado pelo custodiado, uma vez que alegou ser portador de diabetes e lesões cerebrais por conta de uma cirurgia, o que lhe causaria apagões e demanda cuidados especiais diários de uma enfermeira.
José afirmou em interrogatório que o felino já estava morto quando foi atacado pelos animais e que não conseguiu contê-los porque "sofre com diabetes" e os referidos problemas de saúde.
Imagens de uma câmera de segurança registraram o momento do ataque. O vídeo mostra o gato tentando fugir dos cães ao pular um muro e o portão de uma casa, mas sem sucesso. Na sequência, os cães aparecem e atacam o felino, enquanto Francisco assiste à cena sem intervir.
Após ser detido, o professor relatou que saiu para correr com seus cachorros por volta das 18h de quarta-feira. "Eu saí para correr com os cachorros às 18h. Eu sempre corro com os quatro [...]", afirmou. Segundo ele, ao passar pela rua Sinop, onde o gato estava, viu o momento em que o felino levou um choque na cerca elétrica de uma residência e caiu morto.
"Foi neste momento que meus cachorros partiram para cima e começaram a mastigar", alegou.
Francisco afirmou que ficou paralisado por conta de sua condição de saúde. "Aí eu fiquei paralisado porque eu sofro com diabetes e problemas. Eu não tenho culpa", justificou. "Não consigo segurar quatro cachorros grandes", acrescentou.
A gravação, contudo, mostra o gato se debatendo e tentando fugir do ataque do cão, sendo morto. Francisco assiste tudo sem realçar nenhuma ação.
O professor também declarou que tem testemunhas sobre o caso, incluindo um indígena que mora na casa da frente e teria visto tudo.
"Tenho várias testemunhas, inclusive um índio [sic]. Ele estava na casa da frente, e ele viu".
Segundo ele, somente depois do ataque conseguiu puxar os cães.
Francisco contou que os animais estavam com coleira e corrente, mas não usavam focinheira. Ele, que é aposentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) devido a uma cirurgia na cabeça decorrente de uma infecção hospitalar, completa 54 anos nesta quinta-feira (13). Ele segue preso e deve passar por audiência de custódia ainda hoje.
"Covarde, não fez nada"
O delegado Ronaldo Binoti Filho, responsável pelo caso classificou a atitude do tutor como "covarde" e armou que ele poderia ter salvado a vida do felino. De acordo com o delegado, o que mais causou perplexidade foi o comportamento do homem durante o ataque, de praticamente fingir que nada estivesse acontecendo.
"Ele nada fez para conter os cães, que estavam com guias. Se ele tivesse puxado as guias ou dado um comando para que os animais parassem, o gato poderia ter sido salvo. Foi uma atitude bastante covarde", armou Binoti.