O Grupo Safras, conglomerado agroindustrial do ex-prefeito de Sorriso (MT), Dilceu Rossato, entrou com pedido na Justiça para suspender uma ordem de reintegração de posse de planta industrial da falida Olvepar, que administra no Distrito Industrial de Cuiabá.
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A decisão, que determinou a desocupação em 72 horas, colocaria em risco a continuidade das operações da Safras Agroindústria, unidade responsável pelo processamento de milhares de toneladas de soja por dia e pela geração de 180 empregos diretos. Na prática, o conglomerado está antecipando um pedido de Recuperação Judicial - uma vez que já pleiteou concessão do chamado Stay Period, prazo em que a justiça garante a blindagem patrimonial das empresas em eventuais crises de ações de execução.
A planta em questão foi subarrendada em 2021 junto da massa falida da Olvepar, com contrato válido até 2031. A Safras alega que mantém pagamentos em dia (R$ 1,4 milhão/mês); possui as licenças ambientais e sanitárias regularizadas; Investiu milhões na modernização do local.
Porém, na última semana, oficial de justiça notificou a desocupação em 3 dias, sem que a decisão judicial fosse disponibilizada nos autos. Para a Safras, a reintegração seria fatal à continuidade das suas atividades.
A saída abrupta da planta, segundo a Safras, poderia paralisar a produção, interromper contratos com fornecedores e clientes; gerar demissões em massa (além de empregos indiretos) e causar danos ambientais por manejo inadequado de resíduos.
Contra a ordem de reintegração, o Conglomerado argumenta que eventual inadimplemento não a justifica, que os pagamentos estão em dia, bem como que há risco de prejuízo irreparável, e falta de transparência, pois a decisão judicial não foi divulgada para defesa prévia.
A Safras, então, pediu a suspensão imediata da reintegração de posse, antecipação do "stay period"(proteção contra cobranças durante recuperação judicial) e mediação com credores para reestruturação financeira.
O Grupo Safras alegou que enfrenta dificuldades desde 2023 devido a queda nos preços da soja, aquisição da Copagri (que trouxe passivos), problemas na implantação de um novo sistema de gestão e restrição de crédito no agronegócio. Alem disso, sofre diversas ações de cobrança que, inclusive, culminaram na penhora de milhares de toneladas de soja. Atribuiu à esta causa, então, o montante de R$ 144 milhões.
Na semana retrasada, conforme o portal The AgriBiz, o grupo Safras faria o pedido de socorro à justiça por suposto passivo de R$ 2 bilhões. Ainda segundo o portal, Rossato e Pedro de Moraes Filho, seu sócio majoritário, sequer saberiam o tamanho do problema, que, possivelmente, ficou pior ainda com a integração com a Copagri – classificada como “caótica com problemas no sistema de gestão que dificultaram o controle do balanço e, no fim do dia, da gestão do caixa”.
O maior crédito é da paraense Flowinvest, com R$ 300 milhões, seguida pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, somado a passivo no mercado de capitais. Conforme o portal, diante do rombo, os credores deverão aceitar renegociar com até 50% de desconto, já que os ativos do grupo valem R$ 1 bilhão, ao passo que o total das dívidas seria R$ 2 bi.
Examinando o pedido feito na última sexta-feira (21), o juízo da 1ª Vara Cível de Sinop já o remeteu para a 4ª Cível do Município, responsável por julgar processos de recuperação judicial.