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Terça-feira, 11 de novembro de 2025

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FAMÍLIA COBRA CELERIDADE

Rastreador no veículo de pecuarista assassinado no Contorno Leste desmentiria que ele apontou arma para policiais

Foto: Reprodução

Rastreador no veículo de pecuarista assassinado no Contorno Leste desmentiria que ele apontou arma para policiais
A família de João Antônio Pinto, idoso assassinado em fevereiro de 2024 por um policial civil na região do Contorno Leste, Cuiabá, voltou a contestar o relatório final da investigação que concluiu o caso como legítima defesa. Advogada dos Pinto afirma que o depoimento de Elmar Soares Inácio — cunhado do agente Jeovânio Vidal Gabriel — o qual serviu como base para conclusão de arquivamento, contém informações contraditórias em relação às provas do processo, como o registro completo do rastreador instalado no carro de João no dia do crime. Familiares cobram agilidade na conclusão do caso, já que o Ministério Público, no início deste ano, pediu novas diligências para a delegacia e, até então, o inquérito não retornou concluso.


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No depoimento prestado à polícia, Elmar disse que foi ameaçado por João momentos antes do assassinato, quando aguardava um funcionário às margens da estrada do Contorno Leste. Ele relatou que o idoso desceu armado de uma caminhonete, apontou-lhe uma pistola e afirmou que, se o encontrasse novamente, “passaria fogo”. Após o suposto confronto verbal, Elmar fotografou o veículo de João, enviou a imagem ao cunhado Jeovânio — policial civil — e o acionou para verificar o caso.

Momentos depois, Jeovânio foi ao local com outras viaturas da Delegacia de Estelionato, ocasião em que João acabou morto com um disparo. Os agentes afirmam que João só foi alvejado depois de ter os ameaçado com arma – o que a polícia acatou, mas a família contesta, em especial agora diante do relatório do monitoramento do veículo da vítima.

Segundo a advogada Gabriela Zaque, o registro mostrou que Pinto não parou em nenhum ponto por mais de um minuto no trajeto até a sua chácara, onde foi morto. O dado, obtido por meio da empresa responsável pelo monitoramento, desmentiria a versão de Elmar de que João teria descido da caminhonete, armado, e o ameaçado.

“Não teve parada significativa em lugar nenhum, mesmo aquela que aparece ali que o Elmar fala que ele parou, que ele tem até uma foto do carro, foi uma coisa insignificante porque não apareceu no rastreamento.  E é tão absurda a situação que não se comprovou que o senhor João desceu e ameaçou ele com uma arma, e eles utilizaram dessa situação para poder legitimar a entrada desses policiais na propriedade, porque a propriedade não pode entrar assim, o que eles fizeram foi uma invasão, porque em nenhum momento foi comprovado que eles estavam em legítima defesa ou qualquer outra circunstância que legitime a entrada em propriedade privada sem mandado”, completou.

A família também rebate outro ponto do depoimento de Elmar, segundo o qual ele teria apenas acompanhado os policiais até a porteira e deixado o local antes de saber que João havia morrido. De acordo com Gabriela, há vídeo gravado por ele próprio no interior da propriedade, enquanto o corpo ainda estava no chão, o que demonstraria sua participação direta na ocorrência. “Ele estava lá dentro, filmando tudo, e depois alegou que só soube da morte mais tarde. Isso é inverídico”, acrescentou.

Tais contradições, segundo a advogada, tornam insustentável o relatório final da Polícia Civil, que tomou o depoimento de Elmar como peça central para sustentar a tese de legítima defesa. A família, portanto, pede que o Ministério Público reavalie as provas e adote novas medidas investigativas.

O caso segue em apuração, após o Ministério Público solicitar novas diligências à Polícia Civil no início deste ano. A família contesta ainda o laudo que analisou as câmeras de segurança da chácara, segundo o qual o sistema não gravava imagens desde janeiro de 2022. Os filhos de João afirmam que os equipamentos estavam ativos e funcionando normalmente, e pedem uma nova perícia no material armazenado pela Politec.

Enquanto o inquérito permanece pendente de conclusão, os familiares seguem cobrando que as inconsistências apontadas — especialmente as contradições no depoimento de Elmar e os dados do rastreamento do veículo — sejam reavaliadas pelas autoridades.
 
Veja vídeo:
 
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