A desembargadora Clarice Claudino suspendeu nesta quinta-feira (14) o segundo leilão proposto pelo banco Safra para um terreno do Grupo Modelo, localizado na Avenida Miguel Sutil, em cuja área, de 51.142,42 m², ainda não há nenhum pavimento erguido. A venda seria executada nesta sexta-feira (15) sob lance mínimo de R$ 24 milhões ou em segunda chamada em R$ 18 milhões na segunda-feira (18), para quitar dívidas do grupo para com a instituição financeira.
 
Justiça suspende leilão de terreno do Modelo por falha em edital
Justiça de Mato Grosso acata pedido de recuperação judicial da rede de supermercados Modelo

A desembargadora acatou os argumentos da defesa, que afirma que os valores propostos pelo banco Safra estão muito abaixo do valor de mercado. “Temos uma cotação de setenta e seis milhões de reais. Isso mostra o quanto está distorcido esse valor pedido”, disse o advogado Eduardo Henrique Vieira Barros, do escritório ERS, que cuida da parte jurídica financial do grupo, enquanto o ex-desembargador Paulo Lessa trabalha em todos os outros âmbitos.

Para a defesa, a venda da área por um valor várias vezes menor que o de mercado causaria um prejuízo coletivo a todos os envolvidos na recuperação judicial da tradicional rede de supermercados de Mato Grosso. “O Grupo Modelo não se opõe a venda do terreno. Ao contrário, queremos a venda, mas por um preço justo. A diferença entre o valor pedido pelo banco Safra e o valor real será usada para quitar as dívidas com outros credores e para colocar ativos em circulação nos supermercados”, explicou o advogado.

Essa é a segunda vez nesta semana que um magistrado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) suspende o leilão da área em questão. No domingo passado (10), o desembargado plantonista Rui Ramos também cancelou um leilão daquele terreno após o escritório ERS impetrar um mandado de segurança para evitar a venda. Na ocasião, o advogado do banco Safra em Mato Grosso, Usiel Tavares, afirmou que a suspensão ocorreu por falha na divulgação das datas e garantiu um novo leilão.

O Grupo Modelo entrou com pedido de recuperação judicial que foi acatado pela Vara de Falência, Recuperação Judicial e Carta Precatória no dia 22 de fevereiro de 2012. O grupo tenta negociar uma dívida estimada em R$ 184 milhões. O banco Safra é o maior credor do grupo, com uma dívida estimada em R$ 70 milhões.

No pedido de recuperação judicial, a empresa afirma que busca recuperar economicamente o devedor, assegurando os meios indispensáveis para a manutenção da empresa e dos empregos gerados pela rede de supermercados. O grupo ainda garante a viabilidade do negócio, afirmando que a operacionalização das atividades não pode se prejudicada por uma questão momentânea de iliquidez.

Em 2012, parte das dívidas foram renegociadas - mas 40% do débito bancário - não pode ser renovada, ocasionando inadimplência com fornecedores, fato que colocou a rede de supermercados em um ciclo vicioso: com menos produtos ofertados no varejo, menor era a receita e mais difícil de se pagar as dívidas.

Atualizada e corrigida à 23h17