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Mais dois depoentes deverão se calar na CPMI do Cachoeira

Agência Câmara

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados se reúne hoje para ouvir Andrea Aprígio, ex-mulher do contraventor, e Rubmaier Ferreira de Carvalho, contador de empresas de fachada que teriam sido usadas pela organização criminosa. Ambos obtiveram no STF habeas corpus para garantir o direito de permanecer em silêncio. A Constituição garante aos acusados o direito de não produzirem provas contra si próprios.

A tática do silêncio vem sendo utilizada por todas as testemunhas ligadas ao contraventor. Foi o que ocorreu ontem com a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, e o agente aposentado da Polícia Federal Joaquim Gomes Thomé Neto.

"Quando as pessoas vão à CPMI e não falam nada, é porque elas devem. Meu relatório, claro, vai compreender que o fato de alguém não se defender das acusações se deve ao medo de se incriminar. E isso ocorre exatamente por causa do vínculo com a organização criminosa do senhor Carlos Cachoeira”, disse o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG). O grupo de Cachoeira, de acordo com o parlamentar, está atuando de maneira organizada nas defesas na CPMI e na Justiça Federal.

Depoentes
Rubmaier Ferreira de Carvalho é considerado pela Polícia Federal o “administrador” de empresas de fachada que servem para “esquentar” as irregularidades do fluxo financeiro das operações de Cachoeira. Segundo a PF, Rubmaier tem participações na Brava Construções e na Alberto & Pantoja, as duas maiores empresas de fachada da rede criada pelo contraventor.

As investigações indicam que, entre 2010 e 2011, cerca de R$ 40 milhões passaram pelas contas bancárias das duas empresas. As suspeitas decorrem do fato de que as duas empresas, apesar do volume de dinheiro que movimentaram, só existem nos registros burocráticos, uma vez que não produzem, não têm funcionários, nem funcionam no endereço declarado às autoridades. Na Operação Monte Carlo, Rubmaier é citado como contador da Brava Construções.

Andréa Aprígio e Souza foi casada com o contraventor por quase 20 anos. Após a separação, ela se tornou dona do laboratório Vitapan, empresa supostamente integrante do esquema. A Vitapan tem sede em Goiânia e passou a ser dirigida por Andréa após a saída dos dois antigos diretores, que são irmãos dela.

Um dos irmãos, Aprígio de Souza, foi preso na Operação Monte Carlo sob suspeita de ser o tesoureiro de parte das finanças ilegais de Cachoeira. Também há suspeita de favorecimento do laboratório com lobby do ex-senador Demóstenes Torres na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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