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Notícias / Criminal

Sacos de propina à Silval eram deixados em banheiros do Palácio Paiaguás, revela denúncia

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

O ex-secretário de Administração do Estado, César Roberto Zílio, revelou que entregou R$ 10,150 milhões em espécie ao ex-governador Silval Barbosa entre janeiro de 2011 e agosto de 2013. Os valores foram entregues à título de propina cobrada pela empresa Consignum. Segundo a denúncia, algumas entregas de valores foram feitas em sacolas deixadas em banheiros do Palácio Paiaguás.

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As informações constam na denúncia formulada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco Silva, no dia 12 de abril, em conseqüência das diversas fases na Operação Sodoma. Zílio foi apontado como um dos membros do grupo criminoso, responsável por tentar esconder R$ 13 milhões fruto de extorsões. Em momento posterior, o ex-secretário firmou termo de colaboração.

Para a promotoria, os valores atingiram a cifra de “R$ 14.500.000,00, tomando por base o valor mínimo de R$ 500.000,00. Assim, tendo em vista o percentual mínimo de 30%, que era a parte que lhe cabia, recebeu o valor de R$ 4.350.000,00 e, portanto, entregou a Silval R$ 10.150.000,00”, segundo consta nos autos.

De acordo com a denuncia, Zílio esclareceu aos investigadores que “no mesmo dia que recebia a propina do empresário, repassava a parte correspondente a Silval Barbosa, posto que era constantemente cobrado pelo então governador. E, para tanto, se dirigia ao gabinete do governador, sempre após o expediente, já no período noturno, levando o dinheiro em uma sacola ou envelope que pessoalmente deixava no banheiro do gabinete, na presença de Silval, avisando-lhe textualmente o valor deixado e quem procedera ao pagamento”, consta nos autos.

Contexto:

Os fatos, levantados nas quatro fases da “Operação Sodoma, apontam que Silval moldou o Poder Executivo para que agentes públicos praticassem crimes de fraude em licitação, fraude processual lavagem de dinheiro e crime contra a administração pública. Rodrigo, filho do ex-governador, séria o representante do “líder”, que, segundo o MPE por “razões obvias”, deveria ocultar sua identidade.

“A revelação tardia da participação de Rodrigo Barbosa nas investigações em curso, poderá provocar a conclusão que sua atuação era limitada e, portanto, pouco perceptível, tratando-se de membro de pouca expressão na organização criminosa. Sem dúvida conclusão equivocada, pois, ao contrário, a sua importância é proporcional à proteção que sua identidade recebeu ao longo da atuação da organização criminosa”, afirma trecho da denúncia.

Entenda o Caso:

O Ministério Público de Mato Grosso denunciou 17 pessoas pelos crimes de fraude em licitação, fraude processual, lavagem de dinheiro e crime contra a administração pública. Entre os denunciados estão o ex-governador SIlval Barbosa, o ex-deputado estadual José Riva e o ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace dos Santos Guimarães.

São denunciados, ainda, Marcel Souza de Cursi, Pedro Jamil Nadaf, Rodrigo da Cunha Barbosa, Silvio Cezar Correa Araújo,José Jesus Nunes Cordeiro, César Roberto Zílio, Pedro Elias Domingues, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, Karla Cecília de Oliveira,Tiago Vieira de Souza,Fábio Drumond Formiga, Bruno Sampaio Saldanha,Antonio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva.

A denúncia foi proposta pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco Silva, no dia 12 de abril. O caso é conseqüência da Operação Sodoma, na junção de todas as fases.
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