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Riva teria ameaçado família Barbosa para frear delação: “a ordem é passar fogo”

Da Redação - Arthur Santos da Silva

O irmão do ex-governador Silval Barbosa, Antonio Barbosa, temia ser assassinado. O mandante do crime seria o ex-deputado José Geraldo Riva. O contexto era claro: as especulações que cresciam sobre delações premiadas.
 
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Conforme informações contidas na colaboração firmada por Antonio junto ao Supremo Tribunal Federal, no dia 24 de maio de 2017, uma quarta-feira, mensagens foram recebidas por meio do aplicativo Whatsapp.
 
Na mesma época, especulações cresciam sobre a homologação da delação premiada de Silval. Matérias de jornais davam conta de vídeos e gravações incriminando políticos de Mato Grosso.
 
Nas mensagens de Whatsapp do dia 24, uma pessoal sem identificação teria relatado a Antonio conversas em que assassinatos eram combinados. "Chefe a ordem é passar fogo nesse sujeito". O referido chefe seria José Riva.
 
Segundo a delação, a mesma conversa do Whatsapp apresentou uma foto. Logo Antonio Barbosa se reconheceu na imagem.
 
O interlocutor que alertou sobre o possível plano de morte teria sido contratado para proceder ao serviço. Ocorre que falhas na negociação atrapalharam o crime. "Ele contratou um serviço e quis dar um tombo e aí deu um rolo e aí a turma sai fora porém pode ser que ele contrate outros desconhecidos".
 
As mensagens de aviso foram enviadas em  conseqüência de a figura responsável por alertar Antonio Barbosa possuir proximidade com o também deputado Mauro Savi. O parlamentar também seria um alvo.
 
No dia 26 de maio de 2017, às 11 horas, novas mensagens foram recebidas por Antonio Barbosa.
 
Eram cópias de conversas em que um contato identificado como José Riva alerta num grupo do aplicativo de mensagens: "preciso conversar com todos vocês", e segue:  "Precisamos conversar sobre o ex Governador e seu irmão e o Mauro s preciso antes dele sair da cadeia".
 
As conversas no grupo do Whatsapp seguiam combinando o crime. "Em relação ao irmão do ex gover e pra sentar chumbo nele e isso". Ainda: "Tenho aqui toda a relação de onde ele anda o que faz onde vai família vou seguir corno combinado" e "Se ele desconfiar acerta ele se não depois será mais difícil".

O número

Antônio Barbosa mostrou-se preocupado durante a tratativa da delação premiada. Para se proteger, cópias das imagens relatando as conversas foram entregues ao Ministério Público.

O órgão ministerial, durante as investigações, constatou que o número que aparece identificado como José Riva, traçando orientações para os crimes, realmente pertence ao ex-parlamentar.

“CERTIFICO que, no cadastro de Pessoas (Envolvidos) do Siscart - Sistema Cartorário da Policia Federal, consta registrado em nome de JOSÉ GERALDO RIVA (CPF: 387.539.109-82) o telefone celular (65) 99935.XXXX”, afirma os autos.
 
Notificação

O Ministério Público, ciente dos riscos, notificou Antonio Barbosa, recomendado cuidado.

“Tendo em vista as informações prestadas no dia 26/05/2017, na sede da Procuradoria da República em Mato Grosso, pelo Senhor ANTONIO DA CUNHA BARBOSA FILHO, narrando fatos que em tese se enquadram como crime de coação no curso do processo em razão de grave ameaça à sua vida e pessoas de suas famílias, NOTIFICAMOS para que permaneça na cidade de Cuiabá(MT, em sua residência (Condomínio Alphaville), devendo evitar sair ou viajar enquanto as providências cabíveis são tomadas por parte das instituições ora envolvidas”.

O Outro Lado

Riva emitiu a seguinte nota:

“Em virtude da matéria jornalística veiculada pela mídia local acerca de eventuais ilicitudes praticadas contra a vida de terceiros, a defesa de José Riva vem a público esclarecer que a integralidade de todas as conversas mantidas por meio do aplicativo Whatsapp, notadamente daquelas em que lhe foram oferecidos serviços escusos e ilegais, foram entregues em tempo real às autoridades e são objeto de investigação sigilosa por parte do Ministério Público de Mato Grosso. De toda sorte, em benéfico da ênfase, esclarece que jamais manteve qualquer tipo de contato com terceiros que envolvesse a integridade física ou moral de qualquer pessoa, nem mesmo através de ação controlada pelos órgãos investigativos do Estado do Mato Grosso".

Rodrigo Mudrovisch, advogado responsável pela defesa de José Riva
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