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Notícias / Criminal

Cabo cita “esculacho” e diz que procurador agiu como advogado ao saber de envolvimento de membros do MP nos grampos

Da Redação - Wesley Santiago/Arthur Santos da Silva/Da Reportagem Local - Vinícius Mendes

O cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa Júnior disse, durante seu reinterrogatório na Décima Primeira Vara Criminal Especializada em Justiça Militar de Cuiabá, nesta quarta-feira (17), que tentou por diversas vezes celebrar um acordo de delação premiada para entregar os responsáveis pelo caso dos grampos ilegais. Porém, citou que seu advogado foi “esculachado” e que o coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) Criminal, procurador Domingos Sávio, teria atuado como uma espécie de ‘advogado’ ao saber do suposto envolvimento de membros do Ministério Público Estadual (MPMT) no esquema.

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Durante o interrogatório, o cabo contou que, no primeiro momento, quando a investigação estava sendo feita pelo delegado Flávio Stringuetta e Ana Cristina Feldner, procurou a Polícia Civil para colaborar. Porém, por conta da manobra que levou o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele diz não ter conseguido nem terminar o seu depoimento.
 
Gerson conta que estava prestes a narrar quase todos os fatos na Polícia Civil. Quando o caso subiu de instância, ele foi à procura dos responsáveis: “Passo seguinte busquei junto ao MPF um termo de colaboração premiada, que também não deu prosseguimento às tratativas".
 
Com o retorno do caso ao juízo do Estado, Gerson conta que tentou acordo com o Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Porém, quando decidiu contar sobre o suposto envolvimento de membros do órgão no caso, não houve acordo. “Meu advogado saiu esculachado do gabinete do promotor Allan Sidney do Ó Souza”.
 
"No meu segundo interrogatório citei membros do MPE e o promotor que havia me elogiado veio com todas as garras me criticar na mídia, dizendo que eu era mentiroso", acrescentou o cabo.
 
Gerson então diz ter procurado o Núcleo de Ações de Competências Originárias (NACO) para firmar acordo.
 
"Por ironia do destino, como um tapa na nossa cara, o procurador [Domingos Sávio], de uma maneira defensiva, parecendo advogado de alguns citados, negou, dizendo que são fatos requentados", pontuou o cabo.
 
O policial diz que o objetivo do terceiro interrogatório era forçar os dois coronéis [Zaqueu e Lesco] a falar a verdade. "Desde o início eu disse que o dono da grampolândia não era coronel Zaqueu ou Lesco, eu desde o indício disse que era o ex-governador [Pedro Taques]. Ontem, pela graça de Deus, isso foi ratificado pelos dois coronéis".

Interrogatórios

Na terça (16), foram reinterrogados o ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, Zaqueu Barbosa, e o coronel Evandro Lesco. Os dois confessaram crimes com o envolvimento de membros do Ministério Público e políticos.
 
Gerson, Lesco e Zaqueu são acusados de serem os principais responsáveis pelo esquema de interceptações telefônicas clandestinas no âmbito da Polícia Militar de Mato Grosso.
 
No processo, corrente na Justiça Militar, são réus, além de  Zaqueu, Lesco e Gerson, o coronel Ronelson Jorge de Barros e o tenente-coronel Januário Antônio Batista.

Grampos

Reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a PM em Mato Grosso grampeou de maneira irregular uma lista com dezenas de pessoas que não eram investigadas por nenhum crime.  

A matéria destacou como vítimas justamemte a deputada estadual Janaína Riva, além do advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes Neto, conhecido como Muvuca.

O esquema de arapongagem já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico. 
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