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Notícias / Criminal

Stringueta confirma delação de cabo e relato de envolvimento de membros do MP nos grampos

Da Redação - Wesley Santiago

O delegado Flávio Stringueta, que integrou a equipe responsável pela investigação da ‘grampolândia pantaneira’ no âmbito da Polícia Civil, confirmou o que foi dito pelo cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa Júnior, em depoimento nesta quarta-feira (17), na Décima Primeira Vara Criminal Especializada em Justiça Militar de Cuiabá. Os dois [Gerson e o Coronel Evandro Lesco], de fato, haviam procurado as autoridades com o objetivo de delatar os idealizadores do esquema de grampos ilegais.

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“Tanto ele [cabo Gerson], quanto o [Evandro Alexandre Ferraz] Lesco nos procuraram para fazer colaboração. O Gerson conseguiu finalizar o depoimento, já o Lesco não. Interrogamos ele no último dia, quando contou tudo o que está dizendo agora em depoimento”, disse o delegado em entrevista ao Olhar Jurídico.

O delegado ainda confirmou que o cabo relatou, em seu depoimento à polícia, à época das investigações, o suposto envolvimento de membros do Ministério Público Estadual (MPE) no esquema de grampos ilegais. 
 
Stringueta preferiu não se alongar sobre o assunto, já que agora as investigações retornaram para o Estado e estão sob o comando de outra equipe de delegados.
 
Durante o interrogatório, o cabo contou que, no primeiro momento, quando a investigação estava sendo feita pelo delegado Flávio Stringuetta e Ana Cristina Feldner, procurou a Polícia Civil para colaborar. Porém, por conta da manobra que levou o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), ele diz não ter conseguido nem terminar o seu depoimento.
 
Gerson conta que estava prestes a narrar quase todos os fatos na Polícia Civil. Quando o caso subiu de instância, ele foi à procura dos responsáveis: “Passo seguinte busquei junto ao MPF um termo de colaboração premiada, que também não deu prosseguimento às tratativas".
 
Com o retorno do caso ao juízo do Estado, Gerson conta que tentou acordo com o Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Porém, quando decidiu contar sobre o suposto envolvimento de membros do órgão no caso, não houve acordo. “Meu advogado saiu esculachado do gabinete do promotor Allan Sidney do Ó Souza”.
 
"No meu segundo interrogatório citei membros do MPE e o promotor que havia me elogiado veio com todas as garras me criticar na mídia, dizendo que eu era mentiroso", acrescentou o cabo.
 
Gerson então diz ter procurado o Núcleo de Ações de Competências Originárias (NACO) para firmar acordo.
 
"Por ironia do destino, como um tapa na nossa cara, o procurador [Domingos Sávio], de uma maneira defensiva, parecendo advogado de alguns citados, negou, dizendo que são fatos requentados", pontuou o cabo.
 
O policial diz que o objetivo do terceiro interrogatório era forçar os dois coronéis [Zaqueu e Lesco] a falar a verdade. "Desde o início eu disse que o dono da grampolândia não era coronel Zaqueu ou Lesco, eu desde o indício disse que era o ex-governador [Pedro Taques]. Ontem, pela graça de Deus, isso foi ratificado pelos dois coronéis".
 
Grampos
 
Reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a PM em Mato Grosso grampeou de maneira irregular uma lista com dezenas de pessoas que não eram investigadas por nenhum crime. 
 
A matéria destacou como vítimas justamemte a deputada estadual Janaína Riva, além do advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes Neto, conhecido como Muvuca.
 
O esquema de arapongagem já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
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