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'Isso não é vida', diz procuradora sobre vítimas de agressão que carregam botão do pânico

Da Redação - Vinicius Mendes

A procuradora do Estado Glaucia Amaral, integrante da Câmara Setorial Temática da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), se manifestou em solidariedade às mulheres vítimas de violência doméstica que vivem com um botão do pânico. Glaucia defendeu que é importante o Poder Público elaborar medidas para mudar esta cultura de agressão e sensação de impunidade, para que mais mulheres não tenham que viver temendo por suas vidas a cada vez que o botão do pânico vibrar.
 
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No último dia 17 a Câmara Setorial Temática da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) recebeu a Associação das Mulheres de Mato Grosso, que acompanhou as duas vítimas do policial penal Edson Batista Alves, que receberam um botão do pânico após o suspeito ter sido solto. Emocionadas as vítimas relataram a angústia que vivem, com a soltura de Edson, e o desespero que sentem a cada vez que o botão do pânico vibra.
 
“Muito se fala em responsabilidade de quem deve comprar o botão do pânico, qual é o orçamento, mas a gente sabe o seguinte, isso não é vida, quando ele vibra vocês temem, é arrepiante imaginar que uma pessoa viva assim, e como nossa sociedade convive com pessoas que vivem 24 horas por dia com medo, essa é uma realidade de muitas mulheres no Estado de Mato Grosso, é uma realidade que nós precisamos mudar”, disse a procuradora do Estado, Glaucia Amaral.
 
Glaucia ainda disse que é importante que a sociedade tenha conhecimento sobre as punições dos agressores, para que esta sensação de impunidade deixe de existir. Ela citou que em Cuiabá não existem casos de feminicídio sem condenação.
 
“A sensação de impunidade, as frases que a gente sabe que são comuns, ‘pode me denunciar, não vai acontecer nada comigo’, ‘pode ir na delegacia fazer o BO, no outro dia eu to solto’... Precisamos falar da educação da sociedade com relação à punição, é uma informação muito preciosa, na comarca de Cuiabá não existe caso de feminicida absolvido e as penas são pesadas”.
 
Com relação às penas, a procuradora do Estado contou que já ouviu reclamações de que são muito longas. Ela porém, entende que devem ser cada vez mais severas, para que os agressores sejam desencorajados a cometer os crimes.
 
“Hoje a legislação, com agravamento da pena, nós temos que nos aproximar cada vez mais da punição efetiva para que matar mulheres não compense, transformar a vida das mulheres nesse inferno não compense, e essa discussão é técnico-jurídica, é uma sensibilização a ser feita com todos os profissionais da Justiça, juízes, promotores, defensores e advogados, no sentido de considerar a importância disso que acontece”.
 
Glaucia se sensibilizou com as vítimas de violência doméstica que vivem nesta situação e ainda defendeu que isto é um esforço de todos os poderes, para que esta cultura de agressão deixe de existir.
 
“Viver com este equipamento na mão para comunicar se existe uma pessoa próxima que pode tentar contra a sua vida, isso não é vida, e todos os órgãos tem a responsabilidade de fazer com que isso não seja mais tão comum, neste caso nós estamos falando de nove mulheres com um mesmo agressor, isso é muito grave, e a sociedade inteira precisa saber que é grave”.
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