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MPF oferece denúncia contra quatro indígenas envolvidos em assassinato

Da Redação - Arthur Santos da Silva

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra quatro indígenas envolvidos no assassinato de Severino Tsaridu Xavante. O crime ocorreu no dia 10 de março de 2021, no interior da Terra Indígena (TI) Areões, localizada no Município de Nova Nazaré, distante cerca de 780 km de Cuiabá.

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De acordo com a denúncia, na data dos fatos, Severino foi agredido pelos denunciados e por outros indígenas não identificados, por repetidas vezes, que foram a causa suficiente de sua morte, conforme laudo de necropsia. 

Severino foi morto porque comercializava madeira no interior da T.I. Areões e os denunciados eram contrários à comercialização do item, fato que poderia ser levado ao conhecimento dos órgãos competentes. Contudo, os denunciados o assassinaram, demonstrando elevada desproporcionalidade entre o crime praticado e o motivo.

De acordo com a denúncia, o crime foi praticado por meio cruel, com a vítima sendo agredida repetidas vezes na cabeça. O laudo pericial do corpo de Severino apontou como causa da morte trauma no crânio e face. O crime foi cometido na presença do filho da vítima menor de idade que foi segurado e agredido para não ajudar seu pai.

O procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo, que assina a denúncia, ressalta que o crime foi praticado por meio de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. “Severino foi agarrado, arrastado e afastado de seu grupo, derrubado e agredido por mais de dez pessoas, até a morte, sem qualquer chance de defesa”.

Diante disso, o MPF requer o recebimento da denúncia, com a citação dos denunciados para apresentação de defesa, ouvindo-se as testemunhas arroladas e posterior pronúncia e submissão a julgamento pelo tribunal do júri, até final condenação.

Ocorrência

O crime ocorreu no dia 10 de março de 2021, entre às 19h e às 22h, no interior da T.I. Areões, após o automóvel utilizado pela vítima e por mais quatro indígenas ter enguiçado na estrada de acesso para a Aldeia Dois Galhos e outras aldeias vizinhas. Estando o veículo interrompendo a passagem, Severino e os demais foram abordados por alguns indígenas das Aldeias Pequi e Cachoeira, dentre eles, uma pessoa com inimizade notória com a família da vítima. Segundo as testemunhas, o inimigo em questão estava alcoolizado e teria dado início à discussão. Após a discussão inicial, ele teria se deslocado de volta até sua aldeia e chamado diversos outros indígenas, que ajudaram nas agressões. As investigações seguem para identificar pelo menos mais quatro envolvidos no crime.
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