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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

SES orienta população no cuidado com veneno de animais peçonhentos

Durante o período das chuvas, que podem provocar enchentes e inundações, uma das ameaças à saúde da população é o perigo representado pelo aumento de atividade dos animais peçonhentos que, em contato com humanos, podem provocar acidentes. Por isso a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) relembra a necessidade de adoção de alguns cuidados básicos para prevenir e evitar ocorrências desses acidentes envolvendo escorpiões, aranhas e serpentes, dentre outros animais peçonhentos.


O coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental, Oberdan Ferreira Coutinho Lira, disse que “as consequências de uma picada de animal peçonhento variam de acordo com a espécie do animal agressor, mas em idosos e crianças até 10 anos os efeitos e seqüelas costumam ser mais intensos e sérios. Por isso a importância das medidas de prevenção, bem como a divulgação de orientações sobre os principais animais peçonhentos em Mato Grosso”.

Segundo Oberdan, a espécie de escorpião que mais preocupa, no Estado, é Escorpião Negro (Tityus Paraensis). O acidente com este escorpião provoca dor imediata com variação de intensidade de pessoa a pessoa. Em casos mais graves pode apresentar náuseas, vômitos, alteração da pressão sangüínea, agitação e falta de ar. Os mais vulneráveis são as crianças menores de 10 anos, os idosos e pessoas com baixa imunidade (imunodeprimidos). As espécies “amarelinho (Tityus confluens), e “três listras” (Tityus trivittatus), que aparecem na Baixada Cuiabana, possuem veneno de toxidade baixa para os seres humanos, causando apenas dor variável e inchaço.

PREVENÇÃO CONTRA ESCORPIÕES – Uma das maneiras mais comuns de os escorpiões entrarem em contato com os humanos é invadindo as residências por meios dos canos de esgoto, local onde vivem as baratas. Os Escorpiões penetram no esgoto em busca das baratas, que lhes servem como alimento, e daí entram nas casas através dos ralos dos banheiros ou da cozinha.

A recomendação é a vedação das tampas dos ralos, enquanto não for necessário seu uso. Outro local onde as baratas vivem, e onde os escorpiões podem ser encontrados, são as caixas de gordura das residências. Nesse caso a limpeza freqüente dessas caixas de gordura pode evitar o perigo de ser picado por um desses animais.

SERPENTES - Existem quatro gêneros de serpentes peçonhentas (repteis que possuem veneno e um aparelho inoculador desse veneno, ou seja, presas): a Jararaca, a Cascavel, a Surucucu e a Coral Verdadeira.

A Jararaca é uma serpente que habita o Cerrado e regiões de matas ciliares e seu veneno é do tipo proteolítico. Sua picada provoca inchaço, vermelhidão, necrose do tecido e pode surgir hemorragia que pode levar à insuficiência renal e, conseqüentemente, a óbito. O único tratamento para a picada desse animal (como das demais serpentes) é o soro antiofídico. A vítima que sofrer um ataque por serpentes peçonhentas deve ser removida com calma do local do acidente ( porque maior agitação faz com que o veneno se espalhe com mais rapidez) até uma unidade de saúde.

A cascavel tem como habitat o Cerrado, mas também freqüenta áreas próximas a plantações de grãos. Essas plantações são locais de moradia de ratos e outros roedores, alimento preferido desse tipo de serpentes. Na zona rural, se houver ratos no interior de uma residência, pode acontecer de uma serpente invadir o local a procura de seu alimento favorito. Os ataques por parte de cascavéis são em menor número do que os da Jararaca por um motivo: as cascavéis avisam, antes de atacar, tocando o seu famoso guiso.

O veneno da cascavel é neurotóxico, atacando o sistema nervoso central. Os sintomas externos são a paralisia dos membros. Oberdan Coutinho disse que “a pessoa fica com cara de bêbado, motivo pelo qual se recomenda que não se dê bebida alcoólica a quem for picado por essa serpente, pois o álcool pode mascarar os sintomas do ataque. O veneno provoca paralisia da musculatura, microcoagulos do sangue e também insuficiência respiratória e renal, podendo levar à morte”.

A surucucu ocorre com mais freqüência na região Amazônica e é considerada a maior serpente venenosa da América do Sul, podendo chegar a 3,5 metros. O veneno da surucucu é tanto neurotóxico como proteolítico. Oberdan Coutinho disse que “é como se a pessoa fosse picada por uma jararaca e uma cascavel, ao mesmo tempo”.

A Coral Verdadeira é a serpente que possui menos registro de acidentes porque ela habita galerias subterrâneas e dentro de cupinzeiros. Outro fator que faz com que o número de acidentes causado por Corais seja pequeno é a localização muito recuada, dentro da boca do animal, do dente que inocula o veneno na vítima. Porém, se a Serpente conseguir picar um humano o acidente é de alto risco à vida, atacando o sistema nervoso central, e pode ser letal.

PREVENÇÃO CONTRA SERPENTES – A medida de prevenção mais comum para evitar acidentes que envolvam Serpentes é evitar os locais onde elas podem ser encontradas. Se tiver que adentrar o habitat das Serpentes a pessoa deve fazer isso calçando botas de cano longo, calças compridas de tecido grosso e camisa de manga comprida do mesmo tipo de tecido. Em depósitos de grãos, por exemplo, os cuidados devem ser redobrados e os trabalhadores devem se movimentar sempre com muita atenção. Nos casos em que as pessoas sofram ataque devem procurar, imediatamente, ajuda médica na unidade de saúde mais próxima.

ARANHAS – Do início de Dezembro até o final de Janeiro é o período de reprodução da Aranha Caranguejeira (mygalomorpha) em Mato Grosso. No Estado existem ainda as espécies “Armadeira” (phoneutria sp), “Marrom Amazônica” (loxosceles sp), e a “Viúva-Amarela”. Embora de menor toxidade, a aranha Viúva-Amarela é do mesmo gênero da Viúva Negra e também pode provocar acidentes moderados, como formigamento no local da picada. O veneno da maioria das Aranhas Caranguejeiras não é tóxico para o homem. Entretanto, sua picada é dolorosa e seus pêlos podem causar irritação. A armadeira é uma espécie agressiva que provoca dor intensa e imediata no local da picada.

As aranhas “Marrom Amazônica” não são agressivas e atacam se sentirem ameaçadas, mas a sua picada provoca, após 12 a 24 horas, o aparecimento de bolhas e escurecimento da pele (necrose) e o acidente é considerado de alto risco à vida. A sua identificação é fácil porque tem uma coloração marrom-avermelhada, com o abdômen em forma de azeitona. Mede cerca de 3 centímetros de comprimento total. Possui hábitos noturnos, vive em teias irregulares que tecem, podem ser encontradas em cascas de árvores, folhas, cavernas e dentro das residências preferem ficar escondidas atrás de quadros e móveis.

PREVENÇÃO CONTRA ARANHAS - Para prevenir e reduzir o número de acidentes com Aranhas algumas das recomendações são: manter limpa a casa e a área ao seu redor e, evitar lixo e entulhos que podem servir de abrigo para muitos desses animais, tapar frestas e buracos nas paredes, tapar ralos de pias e de banheiros, examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho antes de usá-las e não colocar as mãos em tocas, buracos ou ocos de árvores.

Nos sítios e chácaras, manter uma área limpa em volta da casa, sem mato e, quando for aos pomares, seguir as orientações dos hábitos desses animais pois a maioria deles gosta de ficar em cascas de árvores, escondidos entre as folhas do solo, debaixo de pedras, em locais úmidos e escuros. Quem pratica eco turismo também deve se proteger usando calçados fechados como botas e tênis.

ARRAIAS – Em Mato Grosso existe a Arraia de água doce, um peixe que é parente do tubarão, e que também pode provocar acidentes em contato com os humanos. A Arraia possui um ferrão na cauda que, uma vez que o animal se sinta ameaçado, pode ser usado e causa dor moderada na vítima, mas uma vez que a pessoa saia da água a dor é duplicada porque o veneno é ativado em contato com o oxigênio. No município de Nobres o animal aparece muito no rio Triste, mas foram registradas ocorrências em vários outros rios do Pantanal.

A Arraia de água doce não ataca. Os acidentes acontecem quando banhistas e/ou pescadores andam nos rios e pisam numa delas, o que é entendido pelo animal como um ataque. Para se defender ela usa o seu ferrão.

PREVENÇÃO CONTRA ARRAIAS - A recomendação de Oberdan Coutinho é para que as pessoas não caminhem dentro d’água como se estivem andando fora dela. “Ao andar dentro dos rios as pessoas devem arrastar os pés, evitando assim pisar sobre a Arraia que, ao ver a aproximação do banhista, vai sair do local sem causar dano”.

ABELHAS – Ataques de Abelhas (Europa e Africana) também podem ocorrer em Mato Grosso. Uma vez que a pessoa tenha sido picada o melhor procedimento é procurar uma Unidade Básica de Saúde para receber os cuidados médicos necessários.

PREVENÇÃO CONTRA ATAQUES DE ABELHAS – No caso das Abelhas a melhor prevenção é não se aproximar da Colméia. Uma vez que os ataques ocorrem nas regiões de floresta onde elas gostam de fazer sua Colméia, estar protegido com botas, calças e camisas de manga comprida feita de tecido grosso, ajuda.

Oberdan Coutinho avisou que, ultimamente, a lagarta Lonômia está aparecendo em Mato Grosso. “A primeira ocorrência de acidente envolvendo a Lonômia aconteceu em Chapada dos Guimarães, no ano de 2006. Um segundo caso foi registrado em 2007, numa Agrovila do município de Campo Verde. A ocorrência mais comum dessa lagarta é no Sul do país, mas ela está sendo introduzida em Mato Grosso”, disse o Coordenador.

De coloração marrom-esverdeada, a lagarta Lonômia gosta de ficar em grupo nos troncos das árvores, o que faz sua cor se confundir com o tronco. As pessoas desatenciosas colocam a mão ou se se encostam ao tronco entrando em contato com as cerdas (espinhos) do corpo da lagarta que penetram na pele e jogam o veneno no corpo da vítima. O veneno da Lonômia pode causar hemorragia cerebral. A única prevenção se constitui em muita atenção ao andar em local de floresta.

“O mais importante em caso de acidente com um animal peçonhento é levar a vítima para uma unidade de saúde mais próxima de sua casa, o mais rápido possível. Se alguém for picado, por uma serpente, escorpião ou aranhas, não deve amarrar ou tentar sugar o veneno no local da picada, nem cortar, aplicar borra de café, sabão, fumo ou fazer qualquer outro tipo de intervenção sem fundamento, que pode ocasionar contaminação, necrose, amputações e até mesmo a morte da vítima. Em hipótese alguma se deve oferecer qualquer tipo de medicamentos, via oral, e/ou bebidas que contenham álcool. Este tipo de procedimento não ajuda em nada e só piora o caso,” reforçou Oberdan Coutinho.

A Secretaria de Estado de Saúde possui, como uma de suas unidades desconcentradas, a Gerência de Núcleos em Apoio da Vigilância em Saúde Ambiental que presta informações e tira quaisquer dúvidas sobre acidentes com animais peçonhentos através do telefone 3661-2494. A recomendação é que quando a pessoa for picada por animais peçonhentos a primeira medida é tentar manter a vítima calma, lavar o local afetado com bastante água e sabão e, imediatamente após, levá-la a uma unidade de saúde.
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