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Terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias | Meio Ambiente

EUA divulgam relatório de contaminação da água potável

A mais abrangente pesquisa já conduzida sobre a qualidade da água encontrou traços de uma série de medicamentos, produtos de cuidados pessoais, pesticidas e outros contaminantes presentes na água potável servida a milhões de norte-americanos. Nenhum dos compostos surge em níveis vistos como imediatamente prejudiciais à saúde humana. Mas os pesquisadores estavam surpresos ao encontrar traços generalizados de um pesticida usado em larga medida no cultivo de milho, cuja presença, em níveis mais elevados, já foi vinculada ao câncer e outros problemas de saúde.


Os pesquisadores da Southern Nevada Water Authority (SNWA), em Las Vegas, buscaram pela presença de 51 compostos, na água de 19 empresas de abastecimento que fornecem água potável a mais de 28 milhões de pessoas. Dos mais de 20 medicamentos e produtos químicos que constam da lista, a maioria dos que os pesquisadores detectaram apresentavam concentração inferior a um micrograma por litro na fonte de água, na água tratada e na torneira. As constatações do grupo foram publicadas em relatório pela Environmental Science & Technology.

O estudo inesperadamente revelou níveis relativamente altos do pesticida atrazine, suspeito de causar perturbações endócrinas e usado em todo o cinturão do milho, na região centro-oeste dos Estados Unidos. A União Européia proíbe o uso de atrazine. Os autores detectaram a presença de atrazine em águas distantes de terras agrícolas e até mesmo na fonte de água de uma usina localizada em uma das áreas mais áridas dos Estados Unidos, na qual o pesticida não está em uso.

A atrazine pode estar chegando à água via comida e bebida, sugerem os pesquisadores, já que muitos refrigerantes, por exemplo, contêm xarope de milho, o que ajuda o pesticida a se difundir pelo sistema de tratamento de água. No entanto, como outros contaminantes localizados pela equipe, os níveis eram muito inferiores ao máximo que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos considera perigosos. Para a atrazine, o limiar é de três microgramas por litro, e o maior valor registrado pelos pesquisadores foi de 930 nanogramas (0,93 micrograma) por litro.

A descoberta da atrazine sublinha que "existe mais contribuição (às cargas de contaminação) vinda dos produtos químicos industriais do que dos produtos farmacêuticos", disse Jorg Drewes, engenheiro ambiental da Escola de Mineração do Colorado, em Golden. Ele aponta para os resultados do estudo quanto a outros produtos que causam perturbação endócrina: bisfenol-A, nonilfenol e agentes clorados de retardamento de chamas.

"Eles podem estar escapando de plásticos de uso doméstico e até mesmo de encanamentos plásticos utilizados no processo de tratamento", afirmou Drewes.

Menores traços
Cientistas e autoridades regulatórias vêm rastreando a presença desses compostos há muitos anos. Mas a equipe envolvida no mais recente estudo também conseguiu detectar contaminantes em nível dos mais baixos já registrados, utilizando métodos analíticos que em geral ficam além do alcance da maioria dos laboratórios e empresas de água, disse Stuart Krasner, do Distrito Metropolitano de Água do Sul da Califórnia.

"À medida que os analistas químicos obtêm maior sensibilidade em suas técnicas, se tornarão capazes de ver coisas que antes pareciam não estar lá", diz Krasner. Agora, acrescenta, os pesquisadores precisam estabelecer que riscos existem para a saúde humana na exposição de longo prazo e baixa intensidade a esses contaminantes, bem como a misturas entre eles.

A pesquisa é parte de um projeto mais amplo da Fundação de Pesquisa Awwa, em Denver, Colorado, e deve ser divulgada ao público em 2009. O objetivo é ajudar as empresas de água a localizar substâncias que possam monitorar a fim de determinar se seus processos de tratamento estão funcionando. As empresas de água norte-americanas em geral usando oxidantes - cloro, ozônio ou ambos - para tratar a água.

"Não existem virtualmente quaisquer dados sobre o que acontece nos sistemas de distribuição de água", acrescenta Alexa Obolensky, do Departamento Municipal de Água de Filadélfia. O estudo "oferece os dados necessários e afere sua relevância toxicológica".

Estranhas abundâncias
A pesquisa da SNWA, afirma o co-autor Shane Snyder, constatou que, para os medicamentos, "volume de receita não se traduz em incidência". Por exemplo, a equipe detectou o medicamento de combate ao colesterol atorvastatin, que sob a marca Lipitor foi o remédio mais vendidos dos Estados Unidos em 2006 e 2007, apenas em fontes de água, e em somente três delas.

Mas o carbamazepine, um remédio de combate à epilepsia, que não faz parte da lista dos 200 medicamentos mais vendidos nos Estados Unidos, foi um dos produtos mais detectados nas fontes de água e também surgiu nas torneiras em diversas ocasiões. O medicamento é difícil de decompor e assim por ser mais persistente do que alguns outros compostos.

A equipe também encontrou hormônios de esteróides nas fontes de água, mas não na torneira. "É preciso estudar aquilo a que as pessoas estão expostas, e não o que existe no reservatório", ao avaliar riscos humanos, diz Snyder. O processo de limpeza por cloro decompõem os esteróides endógenos de hormônios em questão de segundos, ele acrescentou. E pelo menos um relatório sobre a presença de hormônios na água de torneira, em San Francisco, já foi comprovado como alarme falso.

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