Marcelo Klerer, 40 anos, sempre conversava pela internet com o irmão Mario Sergio Klerer, de 48, que vive na cidade israelense de Ashdod. Desde o início do conflito envolvendo a Faixa de Gaza e Israel, o bate-papo se intensificou. Tanto que, durante a entrevista para o G1, o irmão o atualizava sobre os últimos acontecimentos na sua vida em Israel.
Às cerca de 8h desta quinta-feira (8), Mario Sergio contou que caiu um míssil na cidade em que vive. Ele estava se arrumando para ir trabalhar quando ouviu o barulho. “A gente fica preocupado daqui do Brasil, mas não temos o que fazer. Somos pequenos em relação a tudo isso”, diz Marcelo.
Mario Sergio, que trabalha em uma empresa que produz soro fisiológico, vive em Israel desde 1982. Marcelo, que trabalha com assistência médica empresarial, morou por 15 anos no país, mas voltou há cerca de seis anos. “Estava com saudades do Brasil”, conta.
Marcelo ficou sabendo do início dos conflitos pela televisão. Falou com o irmão para conferir como ele estava, e agora eles passam quase o dia inteiro em contato via internet. “A situação é mais ou menos crítica. Apesar de parecer que esse conflito não tem fim, não desconfiávamos que aconteceria isso”, diz Marcelo.
Pelo sistema de mensagens instantâneas, Mario Sergio contou ao irmão que cinco dias atrás presenciou a queda de um míssil em um edifício de 12 andares. A cobertura e um carro que estava estacionado ficaram totalmente danificados. O prédio foi evacuado, sendo que a maioria dos moradores que estava no local era crianças e mulheres.
Ele disse para o irmão que ficou chocado. Afinal, no Brasil essas situações são inimagináveis. “A vida já é tão difícil, gostaria que as coisas amenizassem. Ficar se matando não adianta em nada”, afirma Marcelo.
Família em Israel
Foto: Arquivo Pessoal Da esquerda para a direita, os primos Marcelo e Vera Friedman, o tio Israel Cohen e a esposa dele, Stela Blay de Jayme, que vive no Brasil com ele. (Foto: Arquivo Pessoal) O administrador de empresas e presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Jayme Blay, 68 anos, conta que possui mais de 30 familiares morando em diversas cidades de Israel. “Grande parte da minha família vive lá, como tios e primos”, diz.
“Nenhum deles passou por uma situação de risco extremo, mas sabemos de pessoas que sofreram com abalos nervosos e de crianças que não conseguem mais dormir à noite”, conta. Apesar do conflito, Blay acredita que os israelenses devem seguir sua rotina. “Continuo falando com eles por telefone e pela internet várias vezes ao dia, afinal são muitas pessoas. Espero que esse conflito termine rapidamente”, completa.
