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Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

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HPV é associado a 75% dos casos de câncer de pênis

O papilomavírus humano, ou HPV, é responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo de útero. No entanto, apesar da alta incidência em mulheres sexualmente ativas, o vírus também afeta os homens - e mais do que as pessoas imaginam. Pesquisa recém-divulgada pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer), em parceira com o Instituto de Virologia da Fundação Oswaldo Cruz, mostra que o HPV está associado a até 75% dos casos de câncer de pênis. 


Segundo o urologista Antonio Augusto Ornellas, coordenador do estudo, os dados não são capazes de comprovar se o vírus é o principal causador do tumor, mas ao menos deixa claro algum envolvimento no aparecimento da doença. "O HPV pode ajudar a proliferar as células do câncer", sugere Ornellas, médico responsável pelo setor de Urologia do INCA e do Hospital Mário Kröeff.

O oncologista Sergio Daniel Simon concorda. O especialista, que atua no Hospital Albert Einstein, na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e no Centro Paulista de Oncologia, afirma que a má higiene do pênis, associada à presença de fimose, costuma provocar grande parte dos casos do câncer no órgão genital masculino. Mas também admite que o HPV pode causar uma série de modificações genéticas que, posteriormente, desencadeariam a doença. "Esse tumor se localiza basicamente na pele, mas pode haver penetração profunda", alerta.

Como identificar o vírus e tratá-lo
As lesões e verrugas em formato de couve-flor (de diversos tamanhos) - uma característica da presença do HPV no organismo - são mais visíveis e fáceis de ser identificadas no pênis (na glande ou no prepúcio) do que na vagina ou no colo do útero. Por isso, nesse aspecto, os homens saem em vantagem na luta contra o vírus.

Uma vez descobertas, lesões e verrugas são tratadas com procedimentos como cauterização, uso de pomadas, crioterapia e cirurgia a laser.

O problema é que nem sempre esses sinais aparecem. E aí, tanto o diagnóstico quanto o tratamento podem ser mais complicado para eles do que para elas. Por isso, caso a parceira seja diagnosticada com a doença, mesmo que não haja marcas no pênis, o homem precisa passar por um exame preventivo: a genitoscopia. Em casos positivos para o HPV, pode ser necessário ainda uma avaliação mais específica, chamado hibridização molecular ou captura híbrida. Esse exame retira uma minúscula amostra de tecido para biópsia.

A falta de um diagnóstico precoce e alguns obstáculos, como cepas (tipos) resistentes do vírus e imunidade baixa, porém, podem tornar o tratamento complicado e ineficiente. Nesses casos, o risco do HPV provocar um câncer aumenta, assim como a necessidade de retirada de boa parte do pênis. "Mesmo com a amputação, felizmente, há como deixar uma parte do órgão que possibilite ao homem ter relações sexuais e urinar", lembra o urologista do Inca, Antonio Augusto Ornellas.

É possível prevenir?
O HPV é transmitido sexualmente ou pelo contato via oral ou genital com fluidos contaminados, que afeta a área genital e a mucosa oral. Portanto, assim como toda doença sexualmente transmissível, o vírus também pode ser barrado com o uso de camisinha - tanto feminina quanto masculina. Essa proteção, porém, não é tão eficaz para o HPV quanto é para outras DSTs. "O homem pode contrair o vírus pela bolsa escrotal, por exemplo, que não recebe a proteção da camisinha", alerta Ornellas.

Quanto à vacina contra o HPV - três doses, com um custo alto ainda no Brasil e indicada apenas para mulheres sexualmente ativas - teoricamente, ela também poderia ser um recurso de prevenção para os homens. Mas, segundo os especialistas, além de brecar a atuação apenas dos tipos mais comuns de HPV, ainda não há estudos comprovando a eficácia ou atuação da vacina para o sexo masculino.
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