O apresentador de TV e vereador de Sorriso, Francisco de Chagas Abrantes (PR), era o mentor do esquema montado para cobrar propinas e favores políticos do prefeito Chico Bedin (PMDB) e usava os parlamentares Gerson Luiz Frâncio (PSB) e Roseane Marques de Amorim como seus “capangas” para efetivar os acordos.

“O vereador Chagas liderava todo o esquema e é de uma inteligência acima de média, preocupado em não se expor, usava Gerson e Roseane, para fazer as cobranças e pressão nos aliados do prefeito”, relatou o promotor Sérgio da Silva Costa, que comandou as investigações, que resultaram na Operação Decoro deflagrada na sexta-feira (17).

De acordo com o promotor, Gerson e Roseane eram responsáveis por procurarem o secretário de Indústria e Comércio, Santinho Augusto Salermo, e do procurador do Município Zilton Mariano de Almeida, e fazer as propostas em nome do, na época, presidente da Câmara, Francisco Chagas. Além de dinheiro, também eram pedidos favores, como no caso da vereadora que chegou a pedir o pagamento de três parcelas do carro que estavam em atrasos, além do conserto do automóvel e até emprego para o namorado, com remuneração acima de R$ 1.500,00.

Há indícios de que mais dois vereadores também participariam do plano, mas o envolvimento deles não foi comprovado, segundo informou o promotor. Além disso, Chagar usava da prerrogativa de ser presidente da Câmara e ser responsável por colocar os projetos do Poder Executivo nas pautas para chantagear o prefeito, que já não tinha uma condição política favorável no legislativo municipal, pois a maioria era da oposição. Apenas dois vereadores pertenciam à base do chefe do Executivo.

“Chagas cooptou os vereadores Gerson e Roseane para fazerem a exposição e serem os interlocutores para fazer as cobranças e eram incisivos de que os projetos seriam rejeitados no legislativo”, contou o promotor.