Movimentos sociais, entre os quais o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), sindicatos e pastorais da Igreja Católica, criaram uma cartilha de 60 páginas para "debater a crise" nacional e internacional como "prioridade absoluta".
A cartilha, à qual a
Folha teve acesso, está sendo impressa e distribuída nos Estados. Um primeiro lote, de 50 mil exemplares, já saiu da gráfica. A meta é imprimir 500 mil.
Em meio a uma série de ataques ao capitalismo, os movimentos sociais afirmam na cartilha que a "crise será profunda, internacional e prolongada", o que, segundo eles, causará "muito trabalho e um longo período de disputa pela frente".
Segundo a cartilha, a crise trará dois resultados possíveis: surgimento de um "capitalismo renovado e mais explorador" ou "saltos de organização que podem superar as perversidades capitalistas". A cartilha convoca os militantes a não se abaterem e partirem a um "mutirão de debates".
Nessa linha, propõe a criação de materiais mais simples de discussão, como boletins, cartazes e "pichações".
"A população está sendo enrolada, porque a direita passa o discurso de que a crise pega a todos, somos todos culpados e ela será rápida, quando na verdade as pessoas precisam se dar conta que a crise não vai pegar todo mundo, ela tem culpados e eles precisam pagar. A crise será prolongada", disse João Pedro Stedile, da direção nacional do MST.
A cartilha ataca a política de juros do Banco Central, traz a lista dos brasileiros que aparecem entre os mais ricos do mundo, faz ataques à gigante mineradora Vale e ao banco Opportunity, de Daniel Dantas, e aponta as consequências da crise no país, como desemprego, queda na renda e aumento dos preços.