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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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ANÁLISE

Taques: de aliado a algoz de colega; faxina ética continua no parlamento?

Foto: André Corrêa

Taques: de aliado a algoz de colega; faxina ética continua no parlamento?
Pedro Taques (PDT-MT) elegeu-se senador com o discurso da ética em 2010. Tem e tinha amigos na área da Justiça colecionados como ex-procurador da República. Perdeu um deles quando começaram as denúncias contra o então senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). 


Às vezes legalista ao extremo, Taques não podia recuar, sob pena de esfarelar suas propostas políticas. Mas até que ponto a cassação de Demóstenes nesta quarta-feira pelo Senado, por 56 votos a 19, não foi um acordão de PT, PMDB e PSDB para salvar mandatos de parlamentares e políticos dos seus partidos?

Lembre-se que o senador cassado era do DEM, único incômodo crítico do governo Lula e Dilma Rousseff, como manda a democracia e o jogo de poder. 

Embora de campos políticos opostos, a relação próxima entre Taques e o senador goiano ficou clara quando do início da atual legislatura, porque o senador de Goiás também era procurador antes da eleição. Até a mídia explorou proximidade de ambos pela atuação anterior ao legislativo. 

Por isso, não foi à toa que coube a Taques a relatoria do processo de cassação de Demóstenes na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ). Como se pode ver, deu parecer pela constitucionalidade do pedido. Registre-se ainda que Taques defendeu uma PEC contra o voto secreto no Senado.

Em nome do pacto republicano de boa conduta de homens públicos, o senador do PDT de Mato Grosso manteve-se agarrado à Constituição, até por sua formação jurídica.

Que fique bem claro, homens públicos devem representar espírito e atos públicos desejados pelos cidadãos de bem. E aliar-se a contraventores como Carlinhos Cachoeira e toda sorte de troca de favores, cooptação de agentes públicos e negócios empresariais não tão corretos na administração pública não estão entre suas atribuições.

Assim, ficou fácil e evidente uma espécie de manobra para salvar outros congressistas e políticos com a cassação de Demóstenes. Não que ele seja um santo. A reflexão é aqui colocada sem nenhum juízo de defesa intransigente do cassado, até porque ele a teve nos fóruns adequados da Justiça e dos processos no parlamento.

Conduta

Ainda que o advogado do senador, como reproduz a mídia nacional hoje, aponte eventual cassação de Demóstenes Torres como "pena desproporcional" por causa do uso de um aparelho celular para ele se comunicar com Cachoeira. 

Mas Taques não titubeou. Como leu em cerca de 20 minutos na sessão de hoje no plenário: "o senador Demóstenes adotou conduta incompatível com o decoro parlamentar, ferindo de morte a dignidade do cargo e a ética que se impõe aos parlamentares".

O senador pedetista era dos poucos senadores que não fugiam para não cumprimentar o senador de Goiás quando ele voltou ao Senado depois das denúncias. É preciso lembrar que Taques defendeu o direito de Demóstenes ficar calado na CPI, o que provocou bate-boca com o deputado federal Sílvio Costa (PTB-PE).  

Fato concreto e pergunta que paira na cabeça do cidadão comum que acompanha o espetáculo midiático dos últimos meses do Congresso Nacional, que insiste em permanecer no noticiário negativo: será que senadores e alas do Palácio do Planalto vão continuar a incentivar a depuração legislativa e entregar aliados que não cumpram o objetivo de zelar pela coisa pública?

É aguardar novos desdobramentos. Certeza é que a imprensa, uma parte do setor público da área de investigação, leia-se Ministério Público, e a sociedade vão continuar a cobrar transparência e menos corrupção com o dinheiro do contribuinte. 



Atualizada e corrigida às 13h18 
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