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Sábado, 20 de abril de 2024

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Influência

Influência maligna da internet em nossas vidas Revirando o baú das lembranças de minha infância encontro cartas antigas, cartas de amigos. Jovens que descobriram um meio de comunicar-se por carta social ao custo de R$ 0,01 (um centavo). Isso mesmo, um centavo, menos que uma bala, a menor das moedas que existem no Brasil. Decido por ler algumas, pego em minhas mãos as folhas de caderno das mais diferentes espécies que existem, com flor, com animais, de papel reciclado, algumas feitas com mais de uma cor de caneta. A cada nova linha lida, um lembrança diferente, sentimentos de alegria que exalam das próprias palavras escritas, um amor tão profundo transmitido nas novidades ocorridas em minha ausência física na vida deles. O papel gasto pelo tempo, as inúmeras dobras nas cartas já a deixam com um aspecto envelhecido, notícias que tiram sorrisos de meu rosto, lágrimas de meus olhos, tento lembrar da sensação de lê-las pela primeira vez, tudo em vão, mas mesmo assim divirto-me com cada nova carta. Até que deparo com algumas que trazem em seu conteúdo algo revolucionário, porque não manipulador, nas palavras de meus amigos vejo a felicidade deles por terem adquirido tão recentemente a moderníssima ADSL, a banda larga. Conexão 24 horas ao mundo virtual, promessa de proximidade entre pessoas que moram longe. Lembro-me da felicidade de poder comunicar com meus amigos, que estavam longe, a qualquer hora do dia e da noite sem preocupar com o excessivo valor da conta telefônica, diga se de passagem, que telefone sempre foi algo para ocasiões especiais, datas comemorativas e situações de extrema urgência. ADSL chega e recolhe nossos filhos e netos das ruas municipais e os trazem para dentro de seus quartos, acaba-se então a peladinha na pracinha, as brincadeiras de cordas, a amarelinha, desenha de giz no chão, apaga-se. Passamos a ter filhos que dorme e acordam conectados a um mundo virtual que tinha intenção de ser real. E hoje, o que temos? Índice de obesidade alarmante, filhos sedentários, viciados em jogos eletrônicos, jovens que acreditam que lutas, assassinato os levam a prêmios, troféus. Que mundo é esse?! Era isso que eu desejava aos meus descendentes?! Respostas que nunca são positivas, mas mesmo assim nada faço para mudar minha realidade. Tirar este poder virtual poderia causar algum tipo de indignação por parte deles?! Como tirar? Como proibir, em vista, da tecnologia possibilitar que em seus aparelhos de celulares, entregue para facilitar a comunicação dos responsáveis por seus tutelados, cada vez menor, darem uma infinidade de opções virtuais?! Uma bomba que trouxemos para dentro de nossas residências, algo que gradativamente destrutivo, questão de tempo. Ah, saudades de minha infância, quanto eu tiver meus próprios filhos, terei o prazer de escrever cartas a eles, ensinar-lhe-ei a jogar bolita, bafo, peteca, amarelinha, colecionar papel de carta, como pegar uma cama de gato da mão de outra pessoa sem embaraçar, brincar de elástico, pular corda com as musiquinhas como “um homem bateu em minha porta, e eu abri. Senhoras e senhores: põe a mão no chão. Senhoras e senhores: pule de um pé só...”, e tantas outras brincadeiras que fazia quando criança, bem a realidade que ouvi a pouco tempo, eu não vivo no passado, o passado é que vive em mim. Arrumo novamente as cartas, postais e fotografias de infância, fecho a caixa das lembranças e fico com a ideia fixa de mudar, o mínimo que for, a realidade que vivo. Flávia Nunes Rondon servidora pública estadual
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