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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Suiá-Missú

Posto da Mata começa sumir do mapa para dar lugar a Marãiwatsédé

Foto: José Medeiros

Posto da Mata começa sumir do mapa para dar lugar a Marãiwatsédé
O distrito de Estrela do Araguaia (30 quilômetros de Alto Boa Vista) começa a desaparecer dos mapas oficiais para dar lugar a terra indígena Marãiwatsédé, demarcada em 1998 pelo Governo Federal. A vila, região urbana conhecida como Posto a Mata, maior reduto de resistência à desocupação, já foi praticamente esvaziada nesta quinta-feira (3) e os poucos que ainda estão devem continuar a sair na sexta-feira (4).


“Todos estão saindo. Eu saio amanhã. Hoje ta tendo caminhão demais da conta aqui”, disse Wender Batista César da Silva, tesoureiro da Associação dos Produtores da Suiá-Missú (Aprosum), em entrevista por telefone. Segundo ele, ninguém deve ficar na cidade depois de sexta, quando vence o prazo dado pelas forças de desintrusão para os não-indígenas deixarem a área sem terem de responder judicialmente por desobediência e ter os bens confiscados.

A área do distrito Estrela do Araguaia foi homologada terra indígena Marãiwatsédé, do povo Xavante, em 1998, mas a decisão judical que determinou a retirada de não-índios só foi prolatada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012. Então começou um confronto jurídico entre a Funai e ruralistas pela propriedade daquelas terras. O conflito jurídico manteve os produtores rurais que ocupavam a região dentro do território até meio do ano passado, quando as liminares responsáveis por mantê-los dentro da área foram derrubadas.

A Justiça Federal então determinou a desintrusão de todos os não-indígenas daquele território. Vários prazos foram concedidos para a saída voluntária dos moradores, mas eles sempre se recusaram por se considerarem os verdadeiros donos da terra. Além disso, o advogado da Aprosum reuniu um dossiê com provas de uma suposta fraude no processo de demarcação da terra indígena.

Mas apesar de os produtores rurais continuarem a recorrer, a operação de desintrusão foi iniciada em dezembro de 2012 e em janeiro de 2013 já se encontro em fase avançada. A vila de Posto da Mata é o atual foco das atenções das forças de desintrusão. Segundo Wender, os policiais passaram toda quinta-feira entregando notificações para os moradores, a fim de alertar sobre o prazo de sexta-feira.

O próprio Wender, morador da região desde 1992, fica mais um dia no local apenas para poder desmontar o restante da escola onde trabalha há 20 anos. Assim como nas casas, ele trabalha na retirada dos telhados, das madeiras e de tudo mais que possa ser removido. “Está todo mundo levando o que pode, estamos desmontando a escola também”, contou, antes de desabafar estar “desmontando a própria história”.

Atualmente ele é diretor da escola. De acordo com ele, ano passado a escola teve mais de 650 alunos entre o Ensino Básico, Fundamental e Médio. Segundo ele, a saída “às pressas” também estaria dificultando a emissão dos documentos de transferências. Seria preciso de mais tempo para isso, mas ninguém deve ficar em Posto da Mata para terminar esse serviço.
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