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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Novos jogos de tabuleiro fazem sucesso entre a geração digital

Longe dos videogames e computadores, um grupo de amigos se reúne em volta de uma mesa para disputar um jogo de tabuleiro. Essa cena, com um gosto indisfarçável de passado, se repete com regularidade exemplar na sala do estudante paulistano Rafael Cavallo, de 22 anos. Uma vez por mês, ele e seus amigos trocam os jogos on-line por plástico e papelão. Se desconectam por algumas horas e passam a noite em torno da mesa, exatamente como se fazia nos anos 1970, quando jogos como War ou Banco imobiliário eram o entretenimento depois da novela. Já faz algum tempo que os jogos de tabuleiro voltaram a fazer sucesso – e os novos lançamentos representam uma segunda geração do fenômeno.


Ele pode ser comparado ao mercado de vinis: assim como os LPs não concorrem com o mercado de CDs e música digital, os jogos de tabuleiro não atingem tantos jogadores quanto os videogames. Mas têm um público dedicado, capaz de apreciar a experiência social e mesmo estética que jogos digitais não proporcionam. Rolar os dados no tabuleiro, assim como pôr um disco na vitrola, envolve sensações físicas impossíveis de repetir no universo digital.

Os destaques da nova geração de jogos são títulos pouco conhecidos no Brasil, como Puerto Rico e Ticket to ride. Clássicos, como War, aparecem nas mesas apenas de vez em quando. “Os jogos tradicionais são monótonos. Preferimos os modernos, mais versáteis”, diz Cavallo. Para atrair os jovens jogadores, há lançamentos baseados em séries, como Guerra dos Tronos e The walking dead, e até em videogames, como Gears of war e Batman: Arkham city. Mesmo os sites de games, como o popular Kotaku, passaram a divulgar os jogos de tabuleiro. O BoardGameGeek, dedicado exclusivamente a eles, tem mais de 400 mil usuários.

Os novos jogos devem muito de sua popularidade à internet. No YouTube, a série Tabletop, que mostrava partidas disputadas por celebridades do universo geek, tornou-se um hit. Alguns episódios ultrapassaram 1 milhão de acessos. O sucesso levou o apresentador Will Wheaton a decretar que, no dia 30 de março, será comemorado o Dia Internacional dos Jogos de Tabuleiro. A brincadeira parece ter surtido efeito: lojas especializadas participarão do evento organizando disputas. A quantidade de jogos também cresceu muito, graças a sites de financiamento coletivo como o Kickstarter.

Desenvolvedores novatos ou veteranos sem patrocínio apresentam seus projetos no site e recebem ajuda para financiá-los. O sucesso mais expressivo que surgiu dessa forma foi o jogo Compounded, sobre a criação de elementos químicos num laboratório. Seus criadores precisavam de US$ 15 mil para fabricá-lo. Arrecadaram US$ 140 mil. Com o dinheiro extra, entregaram aos fãs uma versão de luxo, maior e mais elaborada que o projeto inicial.

Entre as novidades, os mais populares são os eurogames – jogos com regras simples, pouca sorte e muita estratégia, que surgiram na Alemanha e se espalharam pela Europa. Os criadores desses jogos, como os alemães Klaus Teuber e Reiner Knizia, tornaram-se celebridades. Seus nomes vêm estampados na caixa dos jogos, como se fossem estrelas de cinema. Outros gêneros que têm feito sucesso são os jogos de guerra (que simulam táticas de batalha), os jogos de cartas (que combinam as peças e tabuleiros com baralhos especiais) e os jogos de estilo americano (com regras complexas e extensos manuais).

Alguns desses jogos começam a chegar às lojas brasileiras. A Grow lançou dois clássicos eurogames: Colonizadores de Catan, de Klaus Teuber, e Domínio de Carcassonne, de Klaus-Jürgen Wrede. A Galápagos Jogos trouxe títulos populares nos Estados Unidos, como Munchkin, uma aventura bem-humorada sobre guerreiros que matam monstros, e Summoner wars, um estratégico jogo de cartas que coloca raças fantásticas num campo de batalha.

“A adesão do público brasileiro tem sido muito boa”, diz Yuri Fang, sócio da Galápagos. A expectativa é que a oferta de jogos modernos em lojas do país cresça, como ocorreu nos Estados Unidos e na Europa. Atualmente, para ter acesso aos jogos mais recentes, os brasileiros têm de recorrer aos importados, que chegam ao Brasil custando até o quádruplo do preço. Quem compra diretamente em sites americanos ou europeus não economiza muito, pois precisa pagar frete e taxas de importação. A produção nacional tornará os jogos de tabuleiro mais baratos. É um incentivo a mais para quem quiser se divertir longe da internet – mesmo que seja apenas uma vez por mês.
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