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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Brasileiro preso na Ucrânia por terrorismo está 'bem', diz Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou nesta sexta-feira (14) que o brasileiro Rafael Marques Lusvarghi, de 31 anos, preso por suspeita de terrorismo há mais de uma semana na Ucrânia, está "bem".


Por telefone, a assessoria de imprensa do Itamaraty informou ao G1 que "a Embaixada do Brasil em Kiev realizou visita consular e constatou que ele [Rafael] se encontra bem e conta com um advogado".

A reportagem fez outros questionamentos ao Ministério das Relações Exteriores sobre o caso envolvendo o brasileiro detido em 6 de outubro no Aeroporto Internacional de Borispol, perto da capital ucraniana. Rafael teria sido levado para Kiev.

O G1 não conseguiu localizar a família de Lusvarghi, que mora no interior de São Paulo, para comentar o assunto.

A prisão de Rafael foi informada por órgãos de imprensa da Ucrânia (assista ao vídeo do momento em que o brasileiro foi preso).

Copa do Mundo e Ucrânia

Rafael ficou conhecido publicamente no Brasil após ser detido durante protesto contra a Copa do Mundo, em 12 de junho de 2014, em São Paulo.

Naquela ocasião, ele levou tiros de bala de borracha e teve de ser contido por diversos policiais militares, que usaram gás de pimenta em seu rosto.

Rafael chegou a ficar 45 dias preso, mas a Justiça de São Paulo o absolveu das acusações de incitação ao crime, associação criminosa, resistência, desobediência e porte de material explosivo.

Depois de solto, em setembro de 2014, Lusvarghi viajou a Ucrânia, onde lutou ao lado de separatistas russos na guerra no país no leste europeu.

Segundo nota do Serviço de Segurança da Ucrânia, Rafael foi preso no aeroporto quando entrava no país. Ele foi detido por agentes do Serviço de Segurança da Ucrânia e do Serviço de Fronteiras do Estado. Ainda de acordo com a nota, com o brasileiro foram encontrados passaporte estrangeiro, uma medalha por serviços de combate e e um laptop que tem uma conversa com representantes de grupos terroristas.

Rafael será enquadrado no artigo 258-3 (criação de um grupo terrorista ou organização terrorista) do Código Penal da Ucrânia. Enquanto esteve combatendo nas forças separatistas, ele chegou a ser ferido.
Por causa da prisão de Rafael, algumas pessoas criaram uma página no Facebook pedindo a soltura dele: "Free Rafael Lusvarghi".

Perfil

Mais velho de quatro irmãos nascidos numa família de origem húngara e de classe média, Rafael é jundiaiense. A mãe professora é separada do pai, empresário em Minas Gerais. Na adolescência, fez curso de técnico de agronomia.

Irmão de RafaeL, Lucas Lurvaghi disse ao G1, em setembro de 2014, que desde pequeno o combatente já demonstrava interesse pelo assunto, principalmente na história da guerra.

"Eu era criança quando ele já era adolescente, então não sei se já dava para perceber que ele poderia virar um combatente, mas o Rafael estudava muito história, geografia e era muito bom em estratégia", lembrou Lucas.
O reflexo de seus interesses se deu na vida do combatente. Aos 18, Rafael se alistou na Legião Estrangeira, na França, onde serviu por três anos. Na volta ao Brasil, foi soldado da Polícia Militar (PM) de São Paulo entre 2006 e 2007. Depois tentou a carreira de oficial na PM no Pará, mas abandonou em 2009.

Em 2010, ele seguiu para a Rússia para concretizar seu desejo de conhecer, in loco, o que só havia visto em fotos do período comunista. Tentou entrar para o exército russo, mas não conseguiu e voltou à América do Sul. Afirmou ter entrado no território colombiano, onde ingressou nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Descontente, retornou ao Brasil. Começou a dar aulas de inglês e trabalhar numa empresa de informática em Indaiatuba, interior paulista. Ele perdeu os empregos devido às duas prisões que sofreu em atos anti-Copa.
Rafael já planejava ir à Ucrânia antes de ter sido preso em São Paulo. “Tinha uma passagem comprada para lá. O voo partiria em 28 de junho”, disse em 2014 ao G1.

Cinco dias depois, no entanto, foi detido novamente pela polícia suspeito de atos violentos na Avenida Paulista, capital paulista.

Conflitos

Desde o início da guerra na Ucrânia, em abril de 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) registrou 9.640 mortos e 22.431 feridos entre membros das Forças Ucranianas, civis e de grupos armados. A Ucrânia e outros países do Ocidente acusam a Rússia de enviar tropas e apoio aos rebeldes, o que o presidente russo, Vladimir Putin, nega.

O grupo de combate comandado por Rafael contava com voluntários estrangeiros: 5 brasileiros, um espanhol, 3 franceses e um norte-americano. Ele fazia parte do Exército Regular da República Popular de Donetsk – autoproclamada pelos rebeldes após uma consulta pública à população local que foi considerada ilegítima pelas autoridades em Kiev e pela maioria da comunidade internacional.

É o governo da região que oferecia documentação, atendimento médico, alimentação e alojamento. Outros 12 brasileiros já passaram pelo grupo. A principal tarefa do grupo era observar a movimentação do exército ucraniano e reportar ao comando do batalhão.
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