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Um abraço, dona Ilaídes: mãe perde Danilo, mas ganha milhões de filhos

04 Dez 2016 - 14:08

Por Amanda Kestelman e Guido Nunes Chapecó, SC

Toda Chapecó precisava de abraços. O parente, o torcedor, o jornalista. Os últimos dias foram tristes. Qualquer simples demonstração de afeto ajudava quem teve que lidar com a tragédia tão de perto. Mas nenhum abraço foi mais caloroso do que o de dona Ilaídes. Em meio a dor cortante da perda daquele que ainda chama do ''seu menino'', a mãe do goleiro da Chapecoense comoveu o Brasil e o mundo com sua generosidade na hora do sofrimento. O menino Danilo se foi, mas deixou Ilaídes para todos nós.


Nunca coube tanta lágrima em uma simples indagação: ''Posso te fazer uma pergunta?''. E nunca coube tantas respostas em um gesto. Ilaídes nos mostrou, ao vivo, que seu abraço é como um coração de mãe: sempre cabe mais um. 

Ilaídes Padilha distribuiu seu carinho da maneira que podia e o quanto podia. Confortou o torcedor, o jornalista e os pequenos torcedores que queriam lhe entregar desenhos. Abraçou as meninas ''Daniletes'', e as agradeceu por ajudarem a carreira de seu filho com um fã clube nos últimos anos. Abraçou a arquibancada inteira da Arena Condá no dia mais triste de sua vida. Abrindo e fechando os braços debaixo de chuva em uma cena que comoveu o mundo. 

Basta conversar cinco minutos com Dona Ilaídes para constatar que ela é e sempre será uma mãe na essência da palavra. Não por acaso não se conteve em enxugar as lágrimas do próximo, como uma mãe que consola seu pequeno em um momento difícil. Ilaídes nos ensinou que há espaço para generosidade mesmo diante da dor. Mas também nos lembrou que as mães podem até parecer, mas não são de ferro.

- Eu ainda não terminei. Vai começar agora o velório do meu filho. Vou levar ele para a minha casa, para minha cidade. Vai começar o meu sofrimento agora. Até agora eu estava em pé. Vocês me perdoem, mas tenho que ir - disse, ao deixar o velório da Arena Condá.

Não há motivo para pedir perdão. É ela que precisa ouvir alguns pedidos de desculpas que nunca virão. Sobre a possibilidade de a negligência ter sido responsável pela queda do avião da Chapecoense, a mãe fez como o filho goleiro e se agigantou ao evitar o rancor: ''Eu não vou julgar''.

O menino de Dona Ilaídes dava um baita orgulho. Danilo saiu de Cianorte para se tornar lenda em Santa Catarina. Um ídolo debaixo das traves que se tornou herói não só pelas defesas. Conquistou a torcida da Chape também por não ter deixado o clube nas primeiras sondagens de times grandes, como Corinthians e Cruzeiro. Morreu aos 31 anos.

Até este sábado, ela dividiu seu afeto e, de certa forma, se tornou mãe de muita gente. Mas agora precisa se recolher para se despedir de seu Danilo, e essa dor é só dela. Dona Ilaídes, você se manteve de pé por tempo demais e emocionou com sua força. Receba agora o nosso abraço. 

 
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