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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Suelme promete lealdade a Taques, mas diz que não fará oposição em caso de vitória de Mendes

Foto: Rogério Florentino Pereira/ OD

Suelme promete lealdade a Taques, mas diz que não fará oposição em caso de vitória de Mendes
Titular de Secretarias tanto na gestão de Pedro Taques (PSDB) no Executivo estadual quanto de Mauro Mendes (DEM) na Prefeitura de Cuiabá, Suelme Evangelista (PPS) é mais um dos candidatos nas eleições deste ano que precisou escolher entre os dois grupos que disputam o Paiaguás. Em busca de uma cadeira na Assembleia Legislativa, o ex-secretário de Agricultura Familiar prometeu ser leal ao tucano por uma questão de “coerência”, mas garantiu que, caso eleito, e em caso de vitória do democrata, não fará oposição a Mauro Mendes no Legislativo.


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“Eu não tenho certeza da eleição dele e eu não tenho garantia da minha eleição. Quem imaginaria que nós teríamos dois candidatos que faziam parte há alguns anos atrás de um mesmo grupo? Ninguém imaginava que o grupo estaria nessa guerra fratricida. Mas com certeza, se eleito eu for, serei um deputado muito coerente com os princípios da boa política e não com o fígado. O governador depois de eleito, seja quem for, deve ter a legitimidade do todo. No mínimo eu irei conversar com quem for. É isso que o cidadão espera de um parlamentar”, declarou Suelme, em entrevista exclusiva ao Olhar Direto.

Suelme deixou o PSB em abril, partido onde era membro com Mendes, para filiar-se ao PPS. No início do ano, quando ainda compartilhava a legenda com o ex-prefeito de Cuiabá, Evangelista era um dos poucos que ainda acreditva na união dos dissidentes da sigla socialista, cuja grande maioria migrou para o DEM.
Considerado de estrita confiança de Mendes, Suelme comandou a Secretaria de Cidades de Cuiabá e foi nomeado em 2015 como secretário de Agricultura Familiar e Regularização Fundiária (Seaf) na gestão Pedro Taques.

Após três anos e três meses à frente da Seaf, Suelme aposta no trabalho que exerceu na Pasta para chegar a Assembleia Legislativa e promete destinar todas as suas emendas, caso eleito, para o desenvolvimento da Agricultura Familiar em Mato Grosso. 

“Para a alta política esse assunto [agricultura familiar] era tido como subalterno. (...) Hoje nós temos a oportunidade de pensar uma nova matriz de desenvolvimento econômico para o Estado. Nós queremos o nosso espaço e vamos cobrar esse espaço, esteja eu com mandato ou não”.

Veja a íntegra da entrevista:

OD – O senhor é um dos ex-secretários de Mauro Mendes que foram chamados para atuar na gestão Pedro Taques. Após o rompimento dos dois, alguns aliados também acabaram rompendo com o governador. Por que o senhor tomou a decisão de permanecer ao lado de Taques?

Suelme -
É uma questão de coerência. Na política custa caro ser coerente, quase ninguém quer ser leal. Eu acredito que há que se ter honradez, palavra, caráter, sob todas as conseqüências e riscos políticos que isso possa ter. Não dá para eu ficar em um Governo por três anos e quatro meses, construir uma história com esse governador, construir a história da Agricultura Familiar como nós construímos, e por uma questão de conveniência eleitoreira sair rifando os amigos. A sociedade tem asco de pessoas que tem esse tipo de oportunismo. É preferível perder uma eleição com honra do que ganhar como covarde. Não significa falar mal do Mauro, eu trabalhei com ele por dois anos, significa defender o grupo ao qual eu pertenço, significa defender as coisas que eu construí, as coisas das quais eu fiz parte. Tentar me desvencilhar disso é tentar jogar contra mim mesmo. Eu defendo o Governo porque participei dele e porque acredito nas coisas que foram construídas. Eu sei a Secretaria que eu encontrei e a Secretaria que eu deixei. A eficiência no combate a corrupção foi um valor sagrado desse Governo, não podemos colocar ele na vala dos iguais que depredaram o patrimônio público. Minha Secretaria era um curral mal acabado cheio de coisas mal feitas. Nós saneamos a administração pública e quem entrar aí, e eu espero que seja o governador Pedro Taques, vai achar um mundo muito mais favorável para fazer gestão. Algumas coisas são imperceptíveis porque estão no subterrâneo da política, ninguém vê racionalização, diminuição do uso de VI, mas ele é um patrimônio gigantesco desse Governo. Só por isso, sem mencionar os outros feitos, já vale a pena mais quatro anos de Governo Pedro Taques.

OD – Mauro Mendes disse recentemente que, caso eleito, irá manter parte do secretariado de Taques, fazendo referência aos seus ex-secretários que estão na gestão. O senhor aceitaria o convite? E, em caso de vitória sua e dele, como deverá se posicionar dentro da Assembleia Legislativa, uma vez que agora o senhor faz parte do grupo de Taques?

Suelme -
Eu não posso adiantar nada que não esteja sob o meu comando. A eleição é algo que não se pode prever. Eu não tenho certeza da eleição dele e eu não tenho garantia da minha eleição. Quem imaginaria que nós teríamos dois candidatos que faziam parte há alguns anos atrás de um mesmo grupo? Ninguém imaginava que o grupo estaria nessa guerra fratricida. Mas com certeza, se eleito eu for, serei um deputado muito coerente com os princípios da boa política e não com o fígado. O governador depois de eleito, seja quem for, deve ter a legitimidade do todo. No mínimo eu irei conversar com quem for. É isso que o cidadão espera de um parlamentar.

Eu só queria dizer o seguinte, nessa relação Mauro e Pedro que vocês insistem em perguntar: eu jamais irei desferir algum tipo de critica destrutiva a uma gestão a qual eu participei. Eu não vou fazer comparativos. Os dois têm igualmente sua importância no cenário político, têm seus êxitos, têm seus méritos. A minha opção foi uma escolha política de lealdade e de respeito pelo trabalho que eu construí por ultimo com o governador Pedro Taques. Mas eu fiz um compromisso com os meus amigos e comigo mesmo de que jamais vou entrar no jogo do ataque. O que eu vou fazer é defender as coisas que eu fiz e que construí.

OD – No dia das convenções o partido do senhor e o Solidariedade, principalmente, criticaram a forma como a cúpula do PSDB estava alinhado as coligações para as candidaturas proporcionais. Essa crise foi superada? Da forma como se arranjaram os partidos, o senhor acredita que dá para eleger quantos deputados?

Suelme -
Na verdade o PPS e o PSB, dentro dos arranjos das coligações, ficaram isolados e sem viabilidade eleitoral, em função de que a legenda precisa ter um coeficiente pela legislação. Com os dois partidos juntos, para o PPS, seria um genocídio, porque toda a chapa seria deglutida pelo PSDB que tem vários deputados estaduais com mandato e com um apoio de infraestrutura muito maior para concorrer com a gente. Seria um suicídio coletivo compor com o PSDB. Então nós forçamos a barra mesmo, porque essa articulação foi conduzida lá por cima. Eu acho que os demais partidos haviam deixado o PPS e o PSB para se abraçarem, eles também precisavam viabilizar o projeto deles. Mas foi aí que a chapa se revoltou. Um projeto político tem que ser bom para o majoritário e para os proporcionais, mas ninguém está disposto a ir para o sacrifício para viabilizar projeto majoritário em nenhuma circunstancia, em nenhuma condição. As pessoas podiam até desistir de serem candidatos para não serem massacrados, mas não iriam participar de um projeto apenas para beneficiar interesses alheios. Esse equilíbrio de força político ele é complexo mesmo, mas graças a Deus é a ultima eleição em que a gente vai ter que discutir isso, porque foi aprovado o fim dessas coligações a partir das próximas eleições. Se fosse uma chapa pura, nós corríamos o risco de não eleger ninguém. Se fosse junto do PSDB, como estavam sugerindo, nós elegeríamos só deputados do PSDB e sacrificaríamos os nossos. Mas foi uma decisão coletiva, nós decidimos esticar a corda para que o governador pudesse achar um arranjo que fosse bom para nós também.

O governador foi muito austero, foi muito equilibrado, tentou apaziguar a situação, nos deu a palavra de que iria retomar a negociação. E nós demos um voto de crédito para ele. Decidimos que nós, candidatos, não iríamos na convenção, mas em nenhum momento houve qualquer tentativa de abandonar o projeto do governador. Do jeito como ficou nós temos uma expectativa de fazer até três deputados, então acho que no final, entre mortos e feridos, todos se salvaram.

Eu acho que o Max [Russi] é um candidato competitivo, pelo fato de ter mandato, de ter assumido Secretarias, ele sai com uma certa expectativa eleitoral melhor. Mas nós temos ótimos candidatos.

Eu acho que para federal faremos um com tranqüilidade. A chapa do Pedro, na verdade, deve eleger até três. Dois é tranquilo, porque tem uma vaga de federal que eu acredito que vá circular entre todo mundo, pelas projeções das coligações. Mas falando da nossa, dois acho que podemos fazer com certeza porque tem a chapa lá com o Galli que tem potencial eleitoral em função de estar ancorado ao Bolsonaro e na Selma. E pelo próprio fato de ter fundo eleitoral, esse é um diferencial eleitoral competitivo que nos coloca – nós não políticos – em condição de desigualdade. Então eles elegem um lá e nós elegemos um aqui. Com muita esperança podemos eleger até dois, seria sonho de consumo eleger o Leonardo e o Marrafon.

OD – O partido do senhor tem um posicionamento, a nível nacional, de não apoiar a candidatura do Jair Bolsonaro. No entanto, aqui em Mato Grosso, PPS e PSL fazem parte do mesmo grupo. Qual a avaliação do senhor sobre esta aliança e como deve se posicionar diante deste cenário?

Suelme -
Isso é unânime no nosso partido. O Bolsonaro é uma versão tupiniquim do nazi-fascismo. Ele é a visão do retrocesso, do militarismo, da época que para mim, como historiador, foi a mais horrível da nossa historia. Eu jamais recomendaria uma pessoa que defende medidas tão truculentas. Eu acho que a política é justamente “poli” porque ela abarca vários posicionamentos diferentes. É possível compartilhar interesses dentro dos arranjos eleitorais, dentro do conceito da democracia mesmo, tendo opiniões antagônicas. Os partidos em si têm princípios ideológicos. O PPS tem uma recomendação política de não estar com o Bolsonaro e eu acho que a grande maioria da nossa chapa tem a mesma opinião. A eleição dele seria uma guinada conservadora que não nos interessa. Não queremos, nesse momento, resgatar velhos fantasmas do regime militar, enfim, do que foram aqueles anos duros da ditadura militar, como se isso fosse algo bom para o país. É preciso estudar um pouco mais a história do Brasil, relembrar o que foi a ditadura militar, para que ninguém, principalmente os mais jovens, se iluda de que não houve tortura, de que não houve perseguição política, de que não houve repressão, de que não houve corrupção. Não dá para apoiar um presidente que se orgulha em falar que a ditadura foi um dos melhores tempos que o Brasil viveu. Digo isso em respeito a todas as pessoas que morreram e foram torturadas nesse período cruel.

OD – Mato Grosso é um estado cuja economia sempre girou em torno do agronegócio, da produção de grãos, da pecuária, enfim. Quais eram as condições da Agricultura Familiar quando o senhor assumiu a Seaf? O trabalho desenvolvido nos últimos anos colocou a Agricultura Familiar no patamar que o senhor desejava?

Suelme -
Para a alta política esse assunto [agricultura familiar] era tido como subalterno. Quando o governador criou a Secretaria ele levantou essa pauta. Era preciso de um agente para consolidar isso, e eu consolidei na tese e na prática. Daqui para frente não há quem não vá ter que discutir na agenda de futuro desse Estado a importância que a Agricultura Familiar tem. Hoje nós temos a oportunidade de pensar uma nova matriz de desenvolvimento econômico para o Estado. Nós queremos o nosso espaço e vamos cobrar esse espaço, esteja eu com mandato ou não. Nós estamos falando de 140 mil propriedades, são 450 mil pessoas. São municípios que 80% dele se constituem de assentamentos e pequenas propriedades. Não dá para falar que esse assunto não é relevante. Esse Estado não é só soja, não só algodão e não é só milho. Mato Grosso pode muito mais. Com a eficiência que nós mandamos soja para a China nós podemos mandar limão tahiti, explorar a biodiversidade com castanha, com cumbaru, com tantos outros produtos que a Amazônia nos proporciona. Infelizmente o grande agronegócio esmagou a pauta da agricultura familiar, mas agora nós estamos nos levantando para cobrar o nosso espaço. A mecanização agrícola é um dos assuntos mais importantes, porque nós entregamos mais de 200 tratores. É mais do que os últimos três governadores fizeram juntos. Isso é tecnologia chegando no campo. Nós investimos também em resfriadores de leite, para que o produtor possa produzir seu leite com condições higiênicas, sanitárias. As pessoas não comem soja, não comem algodão. A gente precisa de alimento saudável na nossa mesa. E esses alimentos advêm da força de trabalhos de centenas de produtores, que precisam de dignidade para trabalhar. Eu não estou falando de assistência social, eu estou falando de empreendedorismo. Eu andei esse Estado inteiro, ninguém nunca me pediu uma cesta básica, um prato de comida, as pessoas me pedem trator, me pedem semente, me pedem calcário, me pedem assistência técnica. E se tem algo mais importante nesse país do que se investir em quem quer trabalhar, eu não sei. O pró-café, o pró-leite, o pró-limão, o pró-banana, são programas de cadeia produtiva que são meu orgulho. Talvez o café que vocês sirvam aqui tenha vindo da Agricultura Familiar. Nós já temos quatro empresas que exportam castanha da Amazônia mato-grossense para o mundo. Eu vou querer discutir lá na Assembleia os Fundos de apoio, porque tem fundo da soja, da bovinocultura, da cadeia do álcool. Eu quero um Fundo para a Agricultura Familiar. Mas não como alguém que fica pedindo esmola, nós queremos políticas públicas de verdade.

OD – Além da bandeira da Agricultura Familiar, o que mais o seu eleitor pode esperar da sua atuação na Assembleia Legislativa, caso o senhor seja eleito?

Suelme -
A mesma coerência que eu tive ao longo da vida, a mesma independência, a mesma inteligência, a mesma altivez, a mesma coragem de fazer todos os enfrentamentos que forem necessários. Eu não quero desmerecer nenhum dos outros candidatos, mas eu não vou trair a confiança das pessoas que esperam em mim um deputado diferente, com um posicionamento diferente do que aí está, como um bando que age em prol dos interesses de seus grupos, das suas vaidades políticas. Eu prefiro, às vezes, ser preterido pelo fato de ter uma posição autônoma, do que me ‘concambar’.
 
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