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Quarta-feira, 17 de abril de 2024

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Oposição a Taques, alfinetadas, acordos, segurança e educação marcam debate entre Mendes e WF

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Oposição a Taques, alfinetadas, acordos, segurança e educação marcam debate entre Mendes e WF
Em mais uma rodada do debate proposto pelo Olhar Direto entre os candidatos ao Governo de Mato Grosso, a reportagem conversou esta semana com Mauro Mendes (DEM), que até pouco tempo era aliado político do governador Pedro Taques (PSDB) e agora propõe em seu slogan de campanha ser o “M da Mudança”, e Wellington Fagundes (PR), que defende representar a verdadeira oposição a atual gestão.


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Seguindo as regras da série ‘Confronto Direto’, em que quatro perguntas idênticas são feitas aos dois e cada um pode questionar o outro como fechamento do debate, Mendes e Fagundes trocaram algumas alfinetadas, falaram dos acordos políticos que firmaram nas eleições deste ano, expuseram suas propostas nas áreas de segurança pública e educação. E claro, criticaram o atual Governo.

Mauro Mendes

Formado em engenharia elétrica, Mauro Mendes é fundador da Bimetal, empresa fabricante de torres de telecomunicações. Disputou a Prefeitura de Cuiabá em 2008, mas não conseguiu ser eleito. Disputou também a eleição para o Governo do Estado em 2010, mas novamente perdeu a disputa. Elegeu-se prefeito da Capital em 2012, em segundo turno, e deixou a Prefeitura com cerca de 80% da aprovação dos cuiabanos.

Mendes foi aliado de Pedro Taques em 2010 e também o apoiou nas eleições de 2014, quando o tucano se elegeu governador. O fim da aliança ocorreu oficialmente este ano, quando o ex-prefeito de Cuiabá, seu vice Otaviano Pivetta (PDT) e outros 29 ex-aliados assinaram manifestação pública contrária ao projeto de reeleição.

Wellington Fagundes

Nascido em Rondonópolis, Wellington Fagundes é médico veterinário e empresário no ramo agropecuário. Foi deputado federal por seis vezes consecutivas, exercendo o cargo na Câmara dos Deputados por 24 anos. Em 2014, foi eleito senador e agora, quatro anos antes do fim de seu mandato, tenta se eleger governador de Mato Grosso.

No dia da convenção de seu partido, fez críticas a Pedro Taques e deu uma alfinetada em Mauro Mendes. Ele classificou a atual gestão como "absolutista e sectária" e ainda afirmou que é a verdadeira oposição, em referência ao projeto do democrata, que é repleto de ex-aliados do tucano.

Confira abaixo o debate proposto por Olhar Direto aos dois candidatos:

1) Em 2008, os senhores eram do mesmo partido, o PR, quando Mauro Mendes disputou a Prefeitura de Cuiabá. Em 2010, estavam em campos opostos: Mauro Mendes disputando o Governo do Estado pelo PSB, tendo Pedro Taques como aliado, e o partido de Wellington Fagundes apoiando a reeleição de Silval Barbosa pelo PMDB. Hoje, os senhores voltam a ser adversários, mas Mauro Mendes é que tem apoio do MDB desta vez e ambos enfrentam Pedro Taques. Não há uma falta de coerência em mudar tanto de posição? Como convencer o eleitor de que existem, de fato, projetos distintos nas candidaturas dos senhores, tendo em vista esse histórico?

Mauro: A troca de partidos e a pluralidade de alianças em momentos de compor os grupos que disputarão as eleições é um fato comum na política brasileira e faz parte da democracia. O que interessa ao eleitor ao votar no próximo governador é confiar no candidato pelo seu histórico, pela sua trajetória, pelas suas palavras e, principalmente, pelas suas ações e pelo que pode fazer pelo Estado.

Fagundes: Eu tenho coerência partidária, sim. Tenho uma longa vida partidária no Partido da República, que antes de ser PR era PL. As alianças que são feitas nos momentos eleitorais são mais dinâmicas, mas é preciso deixar claro: foi no PR que conquistei mandatos de deputado federal e senador. Como a reportagem mesmo apontou, desde 2008 estou no PR. Isso não mudou. Assim como não mudou o fato de o meu partido buscar uma coalizão de forças diversas, em uma proposta plural, unindo o que se chama de direita e esquerda. Porque o foco é um só: melhorar a vida dos mato-grossenses, colocando as pessoas em primeiro lugar, principalmente aqueles que mais precisam da mão do Estado. Sou oposição ao governo atual desde a época da campanha, em 2014. Não fomos nós que mudamos de lado.

2) A Segurança Pública é uma das áreas que mais aflige a população mato-grossense. O atual Governo destaca com frequência o volume de investimento feito ao longo dos últimos três anos e meio, mas ainda assim a população vive sob o medo, que se agravou nos últimos anos com o fortalecimento de facções criminosas. O senhor pode desenhar, ainda que em linhas gerais, o que o projeto de governo do senhor propõe de diferente da atual gestão e que pode melhorar a Segurança Pública em Mato Grosso?

Mauro: uma das diferenças principais é que, caso seja eleito, irei respeitar as instituições que compõem a Segurança Pública. A Polícia Militar foi desrespeitada pelo Governo, que usou alguns de seus membros para fazer grampos contra adversários políticos, que é um dos maiores atentados à democracia. Membros do alto escalão da Segurança foram presos e os secretários que denunciaram as irregularidades foram jogados para escanteio.

Nós vamos endurecer o jogo contra o crime, contra a bandidagem e as organizações criminosas. Vamos criar o programa “Tolerância Zero”. Exigir o cumprimento duro da lei. Fazer uma ação mais ostensiva nas regiões onde a criminalidade é mais crítica. Exigir apoio do Governo Federal para vigiar nossas fronteiras e combater esse mal que é o tráfico de drogas. Investir no armamento e nas condições de trabalho dos nossos policiais, assim como investir em Inteligência. Vamos também promover a integração entre as forças policiais para conseguir um resultado mais efetivo no combate ao crime.

Fagundes: Existem duas formas de governar. Uma enxerga o cidadão como estatística. Como um número que precisa ser aumentado, reduzido. A outra forma de governar, que é a que eu eu acredito, é qualitativa. Ela vai além do número. É quando você olha, ouve e fala com as pessoas. Porque o governante trabalha para o cidadão. Quando você se propõe a fazer esse tipo de governo, você não se restringe ao indicador ou ao valor do investimento. Você se preocupa com a sensação das pessoas na rua. E a sensação que temos hoje é de insegurança. É notória a intensificação do crime organizado no nosso estado, ampliando a percepção de medo. No nosso projeto, quero aproveitar bastante a visão estratégica da segurança pública que a minha vice, Sirlei Theis, tem, por ser servidora pública de carreira nessa área. Uma das nossas ideias é intensificar o sistema de inteligência que já existe no Estado, mas com foco muito definido na criminalidade e na identificação e desarticulação dos centros organizadores dessas ações. A participação do servidor público é fundamental, mas eles precisam estar qualificados e motivados. Outra linha de ação é a busca por parcerias. Vamos mobilizar Exército e todas as polícias para protegermos nossas fronteiras. Precisa ser uma ação coordenada e pela minha experiência como relator setorial de Justiça e Defesa Nacional do orçamento de 2019, sei como e em que setores pedir ajuda. Cuidar da fronteira em Mato Grosso é benéfico não apenas para nosso estado, mas para o País. Com parceiros fortes, aquilo que você tem no orçamento pode render mais. Mas precisa ter união.

3) Não há uma construção de futuro melhor para Mato Grosso que não passe pela Educação. Nesta gestão, além de greves, a Seduc também foi alvo de operação do Gaeco que desvendou esquema de cartel montado para reaver investimento em campanha. De maneira objetiva, qual é o seu plano para Educação e quais são as metas que o senhor tem de melhora desse quadro para entregar em quatro anos?

Mauro: Nossa meta de gestão é criar um ambiente escolar atrativo, que contemple o aluno e os profissionais da educação. Nessa linha vamos criar um novo padrão de escolas atrativas em Mato Grosso, assim, como fizemos no município de Cuiabá e de Lucas do Rio Verde. Vamos valorizar o profissional da educação, garantindo o cumprimento dos direitos trabalhistas, oferecendo qualificação profissional e a motivação desses servidores. Nosso plano é levar para dentro do ambiente escolar a tecnologia necessária para dinamizar o ensino aprendizagem. Também iremos atuar para oferecer qualidade nos cursos oferecidos na Unemat, estruturar a universidade para que os cursos oferecidos contemplem as necessidades do Estado.

Fagundes: Não vou fazer mágica. O ponto de partida é garantir que o que já temos funcione. Terei muito cuidado com a manutenção das estruturas estaduais e pretendo valorizar os nossos servidores da área. Na formação da minha coligação, tenho representantes renomados da área da Educação, e neles me apoiarei para tomar as decisões acertadas. O que podemos antecipar é nosso desejo de colocar para funcionar todas as estruturas que estão em precária condição, e tirar do papel, ou finalizar, as obras das escolas que ainda não estão atendendo as nossas crianças.

Quero usar muito a tecnologia para chegar cada vez mais a quem mais precisa. Vamos usar muita educação à distância, e quero ampliar o papel do Estado na educação profissionalizante. A educação tem esse papel também de gerar oportunidades, de aproximar nossos cidadãos do mercado de trabalho. Como governador, vou ter a gratidão de poder concluir alguns projetos que viabilizei como senador, mas que ficaram parados: quero terminar todas as escolas técnicas cujas obras começaram, mas ainda não foram entregues. E quero ter a honra de inaugurar tanto a Universidade do Nortão como a do Araguaia. São unidades federais, mas que muito irão colaborar para essa visão de futuro para Mato Grosso. Sem contar com a Unemat, que vamos interiorizar ainda mais, sempre em alinhamento com a vocação econômica das regiões do nosso Mato Grosso.

Manter salários em dia, garantir o repasse para a Unemat, aplicar os recursos que são definidos por lei em Educação são obrigações do Estado. Não são propostas, mas precisa ser realçado para deixar claro nosso compromisso com a população.

4) O coordenador de campanha de Mauro Mendes é Cidinho Santos, senador filiado ao partido de Wellington Fagundes. Em entrevista recente, Cidinho admitiu que os senhores devem se juntar em um eventual segundo turno para derrotar Pedro Taques. Isso procede? Há uma combinação prévia e os senhores enxergam em Pedro Taques um adversário comum?
 
Mauro: A preocupação da minha coligação “Pra Mudar Mato Grosso” é ir para o segundo turno. É aumentar o apoio popular a nossa campanha. É levar as nossas propostas a maior número de mato-grossenses. Essa é a nossa prioridade. O segundo turno somente será discutido, dentro do nosso grupo político, se nós estivermos lá e depois do dia 7 de outubro.

Fagundes: A minha candidatura tem compromisso firmado de forma clara com a população. Nem vou me estender muito nisso. Digo apenas que meu acordo é com os eleitores. Na questão partidária, felizmente, sigo obtendo apoios importantes, de todas as siglas, porque são pessoas que nos conhecem e nos reconhecem como oposição legítima, oposição verdadeira a essa situação que se instalou em Mato Grosso, com o povo abandonado. O único acordo que tenho é com a população: o de ser o fiel representante dessa oposição aqui no nosso estado.

Perguntas diretas entre os candidatos

Mauro Mendes pergunta para Wellington Fagundes: o que o senhor planeja fazer no que tange ao MT Saúde caso seja eleito?

Resposta: O MT Saúde é um patrimônio do servidor público e sua família. Quando falamos em valorizar o servidor, estamos falando em dar tranquilidade para que possa exercer suas atividades com paz e tranquilidade, na certeza de que terá salários em dia e efetiva participação no desenvolvimento das nossas metas. Se é uma autarquia que dialoga com o servidor, evidentemente é daí que sairá o seu gestor, comprometido com o seu bom funcionamento. Nada mais natural, porque é do servidor que vem a contribuição que mantém o plano. Vou garantir que seja um profissional capaz, habilitado e preparado para a tarefa de tocar o MT Saúde.

Wellington Fagundes pergunta para Mauro Mendes: o senhor declarou na imprensa que pretende manter vários secretários de Estado atuais, que foram seus auxiliares na Prefeitura. Segundo essa declaração, o problema da administração do estado é o governador atual?

Resposta: O que eu declarei é que não descarto a possibilidade de manter algum secretário da atual gestão. É importante restabelecer a verdade. Os secretários que estiveram comigo na Prefeitura e agora estão na gestão do Estado foram nomeados por livre iniciativa do governador. Nunca fui consultado para indicar ninguém nesse Governo. Na minha gestão, esses secretários deram resultado porque além de possuírem competência, sabíamos fazer gestão, motivar, cobrar e conseguir resultados. Assim como em um jogo de futebol, não adianta ter o melhor time se o técnico é ruim. É basicamente isso que ocorre na atual administração.
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