Fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público, através da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, atualmente o local é administrado pela ZF Xperience, a partir de um contrato de concessão entre a Prefeitura de Cuiabá e a empresa.

O parque possui uma ampla área com lago, playground, academia ao ar livre, pista de caminhada, tirolesa e pedalinho. Um dos outros atrativos é um mirante em forma de ilha, com ligação através de uma ponte.

Contudo, em três anos e quatro meses, o local já apresenta problemas estruturais, que aguardam por reparos – alguns até muito simples. A reportagem do Olhar Direto esteve no parque e investigou os defeitos do local.

Mirante e ilha
 
Logo ao chegar à ponte que dá acesso a ilha do mirante, notam-se vários cones avisando que o local está interditado. Além disso, faltam algumas tábuas de madeira da ponte, sendo que algumas estão deterioradas.
 
A ilha, que está interditada para visitação há oito meses, também tem danos no piso de madeira, o que impede o acesso a mesma. Além disso, o mirante não existe mais, pois caiu a um ano depois de uma forte chuva.

Banheiros
 
Tanto o banheiro feminino quanto o masculino estão com três boxes interditados, além de conter goteiras e infiltrações, devido ao período de chuvas. A reportagem teve acesso ainda ao almoxarifado do banheiro feminino, cuja infiltração chegou a prejudicar o teto e uma forte goteira se instalou. O barulho da água escorrendo dava para ouvir de fora.
 
Apesar das goteiras e infiltrações, os banheiros estavam limpos e todos os boxes com papel higiênico.

Pedalinhos
 
Dos sete pedalinhos, apenas quatro estão funcionando. Os outros três afundaram ou estão quebrados. O conserto, assim como a aquisição de novos pedalinhos, amargura mais de quatro meses.
 
Os coletes, inclusive, precisam ser trocados a cada três anos. Os que constam no pedalinho estão rasgados ou com peças do encaixe quebradas.

Pista de caminhada
 
Devido à época de chuvas, parte da pista de caminhada, assim como outras áreas de lazer, estava inundada, indicando a falta de drenagem do terreno.

Academia
 
Alguns dos aparelhos da academia faltavam peças, sendo que uns estavam tão quebrados, que era impossível de ser utilizados.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a ZF Xperience sobre os reparos necessários do Parque Tia Nair. De acordo com o proprietário Ziad Fares, ao receber a concessão do Tia Nair em 2015, o parque já apresentava inúmeros problemas estruturais, que não são da alçada da empresa.

“A obra foi feita através de um TAC e toda obra pública tem cinco anos de garantia. Então quem tem que acionar a construtora que fez o TAC, no caso é a prefeitura, porque é ela quem fez a execução da obra, não fui eu. É igual quando você pega um produto que está na garantia, se você vai num lugar que não é a pessoa, você pede a garantia”, compara.

Ainda conforme Ziad, a concessionária já chegou a emitir 37 notificações a respeito dos problemas do parque para a Prefeitura de Cuiabá, mas nunca obteve resposta. “Eu já entreguei as notificações e não sou a empresa que fez o serviço. Não sou eu quem construiu o banheiro, o Stopa (secretário municipal de Serviços Urbanos) inclusive reconhece que foi mal feita a obra, que tem que refazer. O problema estrutural não é meu, o parque é público”, defende.

O proprietário da ZF ainda cita outro exemplo para ilustrar a falta de comunicação da prefeitura e concessionária. “Se você construiu o pronto socorro municipal de Cuiabá, por exemplo, e começou a dar problema, quem eles acionam? Acionam a construtora para consertar e reparar o que ta na garantia do serviço. Eu tenho toneladas de notificações que já foram feitas por diversas vezes. Eu não sei nem quem é a empresa que fez o serviço (do parque Tia Nair). Eu não tenho nem como solicitar reparo, porque quando eu recebi a obra, eu já falei, estava com defeito. Agora, não tomam previdências”.

De fato, o secretário municipal de Serviços Urbanos, José Roberto Stopa, relatou em entrevista ao Olhar Direto que a estrutura do Parque Tia Nair está deficiente. Entretanto, a Secretaria de Serviços Urbanos só pode fazer reparos no local se houver quebra de contrato entre a concessionária e a Secretaria de Cultura.

“Se for decisão da Secretaria de Cultura de quebrar a concessão, se haver aspectos legais pra isso, quebrou a concessão a Secretaria de Serviços Urbanos entra lá para fazer os reparos. Isso eu posso assumir compromisso. Fora isso, todo o aspecto legal de quebrar ou não a concessão, tem que ser tudo da Secretaria de Cultura”, explica.

Além disso, o secretário aponta que a manutenção do local é total responsabilidade da empresa. “Por exemplo, se você pega a passarela que liga à ilha: madeira você tem que dar manutenção, tem quase quatro anos de existência do parque. Você tem que dar manutenção, não adianta jogar na conta dos outros”.

Stopa ainda informa que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) está ciente das reclamações e que tem planos para o parque. “Eu acho realmente o Parque Tia Nair um local bonito e que merece também um melhor cuidado. E o prefeito Emanuel Pinheiro também tem interesse que o parque seja mais bem cuidado e aproveitado. Então a secretaria está aberta, o prefeito também recebe uma série de reclamações e está preocupado com isso”, diz.