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Após uma década de embargo, zoológico da UFMT é fechado definitivamente

16 Jul 2019 - 09:50

Da Redação - Thaís Fávaro e Fabiana Mendes

Foto: Rogério Florentino/ Olhar Direto

Após uma década de embargo, zoológico da UFMT é fechado definitivamente
O Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se transformou em um Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres (Cempas). A nova unidade, que é vinculada a Faculdade de Medicina Veterinária (Favet), funcionará nas instalações e passará por adequações físicas, visando à implantação de um novo conceito de preservação e de fomento à educação ambiental no Estado. O espaço, que está fechado desde o dia 14 de março deste ano, após a confirmação da morte de dois macacos pelo vírus da febre amarela, terá visita monitorada de grupos escolares, conforme prevê a legislação ambiental.


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O Zoológico da UFMT é o único na capital mato-grossense e foi embargado pelo Ibama em 2009, desde então o local está proibido de receber novos animais. De acordo com a universidade, por conta do corte de R$ 34 milhões no orçamento, anunciado em maio pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), os poucos recursos que sobram são usados para a alimentação e cuidados diários dos animais. 



“Entre os Centro de Triagem de Animais Silvestres [Cetas] e os Centro de Reabilitação de Animais Silvestres [Cras]. Encontramos um meio termo, que é o Cempas. Assim, podemos usar nossa estrutura para fazer educação ambiental para a população e nosso foco maior são as escolas”, afirma o diretor da Favet, professor Roberto Lopes de Souza, acrescentando que o Centro contará também com uma área restrita para os animais resgatados da natureza, seja em acidentes ou vítimas de tráfico.



Ainda segundo o docente, a criação do Cempas foi uma convergência de pensamentos. “Uma delas foi a aproximação com o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], que fez o embargo no zoológico, mas reconheceu o esforço da Universidade e sugeriu que o espaço fosse aberto para receber novos animais, mas com outra filosofia, de reabilitação e reintrodução. Juntou a nossa vontade com a dos órgãos ambientais”, explica.

De acordo com a gerente do Centro, professora Sandra Helena Ramiro Corrêa, o trabalho já realizado pela Faculdade, que terá convergência no Cempas, conta com o apoio e reconhecimento dos órgãos públicos e vem ao encontro com um novo olhar sobre o cativeiro de fauna, que sempre irá existir, uma vez que nem todos os animais resgatados reúnem condições de voltarem à natureza. “Esse novo olhar é voltado para a preservação da espécie, bem-estar animal e recuperação da espécie, o que permite que a população tenha também uma visão diferente”, observa. 



 
A docente explica que a UFMT desenvolve a atividade de recuperação da fauna desde 2012, a partir das ações realizadas no Hospital Veterinário (Hovet). “Pela ausência de um centro de triagem no Estado, essa demanda foi aumentando. Hoje, a UFMT, via Favet, banca os custos do Estado com os animais em recuperação que não estão sob nossa tutela. Eles têm alimentação e assistência hospitalar de altíssimo nível”, completa.



A equipe de reportagem do Olhar Direto esteve no local para verificar a situação dos animais e, aparentemente, os funcionários continuam prestando os serviços de limpeza do local, assim como mantendo a alimentação dos animais.



Movimentação da fauna

Outro trabalho desenvolvido é o de movimentação de animais, com o objetivo de reforçar a preservação ambiental e evitar a extinção de espécies. Segundo o professor Roberto Lopes de Souza, os animais da fauna brasileira são propriedade da União. “Somos fiéis depositários dos que estão na UFMT. Além disso, vale ressaltar que todos estão bem cuidados. Somos fiscalizados pelos órgãos ambientais”, aponta. 

Deste trabalho, 50 jabotis, cuja espécie está ameaçada de extinção saíram do Câmpus de Cuiabá e agora habitam um novo espaço, fora do cativeiro: o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Eles são apenas alguns das dezenas de animais que já estão ocupando novos espaços, a partir da ação do Cempas.

Além dos 50 jabotis, a UFMT também encaminhou animais como o gavião de penacho, o gavião-pega-macaco, tucanos, patos do mato, urubus reis para unidades como o Zoológico e o Aquário, ambos da cidade de São Paulo, e o Criadouro Onça Pintada, em Curitiba (PR). 

Outros animais, cujas espécies sofrem ameaça de extinção, já estão ou com a situação de movimentação em avaliação pelo Ibama ou em início de tratativas com outras unidades de preservação. “Para a movimentação são exigidos atestados de saúde de órgãos como o Ibama e o Indea [Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso]”, completa o diretor da Favet

“Passado esse período de adequação, com esse passivo tanto de população quanto de estrutura para resolver, penso que a Favet passará a ser referência em medicina de silvestre, porque o Estado é rico em fauna. A Faculdade tem recursos humanos, científicos e estruturais para crescer junto com isso”, finaliza a gerente.

O fechamento
 
A visitação do local teve que ser suspensa após a confirmação da morte de dois macacos pelo vírus da febre amarela. Na época, a administração garantiu que tomou uma série de medidas protetivas, pois vários membros da comunidade universitária ainda não haviam sido imunizados.
 
Os animais diagnosticados em exames de laboratórios de referência regional são de vida livre e que entram no Câmpus. Como ação preventiva, os oitos macacos do zoológico foram isolados e colocados em quarentena, mesmo estando saudáveis e sem apresentar sintomas clínicos da doença.
 
A UFMT, por meio de nota, informou que, desde o fechamento do Zoológico para readequação, tem realizado todos os esforços no sentido de proteger a saúde e o bem-estar dos animais. 
 
 
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