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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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PEDIDO DE DEPUTADO

Professores criticam "manobra" do Governo e rejeitam interventor na UFMT

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Professores criticam
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat-Ssind) repudiou o que eles chamam de uma suposta “estratégia” do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para retirar a reitora Myrian Serra do cargo e colocar um interventor.

 
O motivo, segundo os professores, é o fato de que a reitora se opôs ao contingenciamento financeiro. Com isso, o Governo pretenderia colocar um interventor que irá orquestrar a privatização da universidade, retirando do caminho todos que demonstrarem resistência, em especial os movimentos sindicais e estudantis.

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O posicionamento dado, por meio de nota,  afirma que os serviços públicos estão sendo desmontados desde a década de 1999. Naquele período, o investimento nos setores públicos equivalia a cerca de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Percentual muito baixo - mas que tem sido reduzido ainda mais ao longo dos anos, chegando a representar, nos dias de hoje, algo em torno de 1,8%, segundo dados do Observatório de Política Fiscal.      
 
A Adufmat cita ainda que o governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, reduziu 35,22% dos investimentos em educação já no início do seu mandato, em 1994, seguindo a política de cortes. Mas desde 2014, quando o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, cortou 10% do orçamento das universidades, a situação se agravou.

Em 2016, sob o comando de Temer, houve a aprovação da Emenda Constitucional 95, denominada pela classe de “PEC do fim do mundo”, que congelava os investimentos por 20 anos. Um novo corte de recursos das universidades aconteceu, redundando, em 2018, em um orçamento 54% menor do que era em 2014. “Apenas o congelamento do investimento sob tais condições já seria suficiente para estrangular financeiramente as universidades com o passar dos anos”, diz trecho da nota.
 
Na terça-feira (16), pela primeira vez na história da universidade, a energia elétrica em todos os campi foi desligada quase que simultaneamente. “Começa então uma campanha difamatória do MEC, com o intuito de tirar o foco de quem realmente é responsável pelo apagão - o governo neoliberal, representado por Bolsonaro e seu ministro da Educação, Abraham Weintraub e o inconsequente contingenciamento de recursos - buscando responsabilizar a Reitoria, que já havia anunciado, meses antes, a inviabilidade financeira da universidade neste cenário”, afirma o sindicato.
 
“A razão do ataque é bastante cristalina: retirar a reitora se opôs ao contingenciamento para colocar um interventor que irá orquestrar a privatização da universidade, retirando do caminho todos que demonstrarem resistência, em especial os movimentos sindicais e estudantis”, acrescenta.
 
Um dia após o “apagão” na Universidade, a reitora concedeu coletiva de imprensa e esclareceu que a dívida com a Energisa não havia sido paga em função da “burocracia bancária”, que impede transações acima de R$ 1 milhão/dia. Além disso, garantiu que o Ministério da Educação já estava ciente da situação.

Reitora diz que foi surpreendida com corte e que dinheiro do MEC não estava disponível
 Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

"Para nós foi uma surpresa este corte, amanhã tínhamos uma reunião agendada com a Energisa, e recebemos a promessa que até lá não haveria corte de energia. Fomos surpreendidos. Foi uma ação onde em uma hora a energia da instituição foi cortada em todos os campus do Estado. Mostramos a situação para o MEC, que somente aí fez a liberação do financeiro, no total da fatura, R$ 1,8 milhão", justificou.
 
No mesmo dia, o deputado federal José Medeiros (Pode) enviou um ofício ao Ministério da Educação (MEC) para que seja realizada uma auditoria na UFMT, tendo em vista as recentes acusações do titular da Pasta, Abraham Weintraub, de ingerência por parte da reitora Myrian Serra. O parlamentar solicitou também o afastamento da reitora até que as investigações estejam concluídas. 
 
A Adufmat pondera que apesar das divergências políticas com a Reitoria, defende que a decisão de modificar ou não a administração da Universidade é da própria comunidade universitária - a mesma que a indiciou em 2016.
 
Por meio de um vídeo publicado no Twitter de Medeiros, Abraham Weintraub disse que a reitora Myrian Serra havia sido indicada por Dilma. Entretanto, ela teve a preferência em consulta informal realizada, em abril do mesmo ano, pelas entidades representativas de professores, técnicos administrativos e estudantes, para assumir a Reitoria. Em junho, o Colégio Eleitoral Especial indicou a professora como primeira da lista tríplice encaminhada ao MEC. 
 
“A Adufmat-Ssind repudia veementemente mais essa manobra realizada pelo governo e seus correligionários, e afirma que não reconhecerá nenhuma iniciativa que vislumbre impor qualquer alteração na universidade que não respeite os espaços de decisão construídos pela comunidade acadêmica”, finaliza.

Quem também afirma que há uma estratégia de guerra para privatizar as universidades é o deputado estadual Valdir Barranco (PT). “O que está acontecendo no Brasil é a construção do Estado mínimo. Ele concebe que só 35% da população merece participar do bolo do Estado. O resto vive das migalhas que caem da mesa. Para isto, é preciso negar a educação. Não pode ter universidade para filho de pobre. Se quiser, tem que pagar para estudar. Assim, vão cortando os recursos. Estratégia de guerra. Vai morrendo a educação, até o ponto de dizer que é preciso privatizar, que não funciona o sistema publico”, disse o deputado.
 
A UFMT oferece 113 cursos de graduação, sendo 108 presenciais e cinco na modalidade a distância (EaD), em 33 cidades mato-grossenses. São cinco Campus e 28 pólos de EaD. Na pós-graduação, são 66 programas de mestrado e doutorado. A instituição atende 25.435 mil estudantes, distribuídos em todas as regiões de Mato Grosso.
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