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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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ESTIAGEM

Chuva invisível acontece em período de muita seca em vários locais do mundo, afirma professor

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Chuva invisível acontece em período de muita seca em vários locais do mundo, afirma professor
Cuiabá completa 130 dias sem chuva neste sábado (21) e registrou uma das temperaturas mais quentes do ano nos últimos dias. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) marcou 42,3ºC às 14 horas (horário de Mato Grosso) no dia 16 de setembro. Neste ano, os termômetros já haviam chegado aos 42ºC, o que era o recorde de 2019.


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Neste período de estiagem pode ocorrer a chuva fantasma ou virga, popularmente conhecida como chuva invisível. O professor de Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doutor Rodrigo Marques, em entrevista ao Olhar Direto, explica que o fenômeno ocorre quando a chuva evapora antes de tocar a superfície.

“Se trata de um fenômeno natural, que sempre ocorreu em locais quentes e secos. A gota de chuva durante sua queda encontra um ar mais seco e quente o que causa sua evaporação. A imagem formada é que a chuva desaparece, por isso estes nomes, mas na verdade, o que ocorre é que o calor do ar localizado mais abaixo força a evaporação da água antes de tocar a superfície”, afirma.

Rodrigo Marques diz que Cuiabá possui o calor como uma característica. Historicamente, o mês de setembro registra as maiores temperaturas. “Neste período ocorre o que chamamos de Anticiclone do Atlântico Sul, ou Alta Subtropical do Atlântico Sul, que nada mais é de um sistema atmosférico que atua a cerca de 5 km de altura e que sopra o ar de cima para baixo. Este ar que desce causa dois efeitos, o primeiro é que inibe a formação de chuvas, e por isso, durante maio a setembro temos a estação seca”, afirma.

“O segundo é que durante a descida, este ar se aquece, e o que já era quente, fica ainda mais quente, tendo em vista que pelo relevo de Cuiabá de ser mais baixo que a Chapada dos Guimarães, não tem vento também. De maneira geral este ano tem sido muito atípico, a última chuva registrada foi em 14 de maio, o que agravou a estação seca e intensificou o calor”, acrescenta.

Outro fator ocorrido neste ano seria as poucas frentes frias, que ajudam a amenizar os efeitos da seca. Elas também são as principais responsáveis pelas chuvas. “Para completar, o grande número de queimadas aumentou o desconforto térmico. Ou seja, tivemos a junção de pelo menos três fatores que contribuíram para o que vivemos este ano”, conta.
 
Segundo o professor, a menor umidade relativa do ar foi registrada nos dias 16 e 17 de setembro pelo INMET. Nos dois dias ela chegou a 13% por volta das 15h e 16h. “Este valor de umidade relativa é encontrado em áreas desérticas, que chegam a registrar valores inferiores a 10%”.

Na mesma semana que ocorreu o registro de baixa umidade do ar e o recorde de temperatura na capital mato-grossense, havia um alerta para onda de calor, que citava também a hipertermia, com risco de morte. 

“É importante ressaltar que Cuiabá sempre teve estas características de uma estação chuvosa e outra estação seca, como elevadas temperaturas. Durante muito tempo a população viveu adaptada às condições climáticas, com as casas e os quintais feitos para amenizar o calor. Como o passar dos anos e a idéia de “progresso”, a sombra dos quintais foi substituída por concreto, a vegetação deu lugar ao asfalto, e as casas tiveram suas paredes diminuídas. Tudo isso teve como resultado um aumento no calor das casas, e muitas vezes não nos damos conta de que nós mesmos estamos nos prejudicando e potencializando o calor natural da nossa terra”, finaliza.
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