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Operação Quadro Negro

Delegado diz que fraude deveria ter sido percebida, mas provas descartam participação de Rosa Neide

22 Out 2019 - 14:12

Da Redação - Wesley Santiago/Da Reportagem Local - Fabiana Mendes

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Delegado diz que fraude deveria ter sido percebida, mas provas descartam participação de Rosa Neide
O delegado titular da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra Administração Pública (Defaz), Anderson Veiga, afirmou que as provas encontradas durante as investigações da 'Operação Quadro Negro', que apura o desvio de R$ 10 milhões, não apontam para a participação da deputada federal Rosa Neide (PT), secretária de Educação (Seduc) à época dos fatos. Porém, o delegado Luiz Henrique Damasceno, comentou que era algo que deveria ter sido percebido.


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Os questionamentos em relação ao nome de Rosa Neide surgiram após ser confirmada a prisão do ex-secretário adjunto da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Francisvaldo Pereira de Assunção, que também foi detido na ‘Operação Fake Delivery’, ocasião em que foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa da parlamentar.
 
Porém, a polícia deixou claro que nenhuma das provas coletadas no curso da investigação comprovaram participação da ex-secretária. "Nós investigamos fatos e não pessoas. Não tem provas que apontem para a deputada. O contrato foi feito pelo extinto Centro de Processamento de Dados do Estado (Cepromat)”, disse o delegado Anderson Veiga.
 
“É algo que deveria ter sido percebido. Mas não posso dizer que ela tenha envolvimento, porque as provas não apontaram isto”, acrescentou o delegado Luiz Henrique Damasceno, que atuou na investigação.
 
Sobre a participação de Francisvaldo no esquema, a polícia informou que, assim como na questão da ‘Operação Fake Delivery’, ele atestou a entrega de produtos que não chegaram ao destino. Entre as compras efetuadas, estavam softwares piratas e materiais com conteúdos de uma cidade do interior de São Paulo, que nada tem a ver com Mato Grosso.
 
Questionado se achava estar sendo perseguido, durante a sua chegada na sede da Defaz, o ex-secretário adjunto da Seduc sorriu e respondeu: “Gostei da pergunta, gostei da pergunta”.

Fake Delivery

As investigações da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Administração Pública (Defaz) apontam contradições no depoimento da ex-secretária de Estado de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida (PT), quanto à aquisição de materiais escolares destinados à educação indígena. A Polícia Civil apura o destino de mais de R$1,1 milhão e materiais supostamente entregues durante a gestão da hoje deputada federal.

A casa da atual parlamentar, no condomínio Alphavile, foi alvo de cumprimento de mandado de busca a apreensão em agosto, durante a operação batizada de ‘Fake Delivery’. Para a Polícia, existem indicativos de que os materiais foram adquiridos já com o propósito criminoso de desviar o patrimônio público em benefício particular.

Conforme a Polícia Civil, elementos iniciais da análise dos processos apontam que parte dos materiais escolares foram entregues no setor de patrimônio da Seduc, correspondente ao valor de R$ 884.956,48 (direcionados à comunidades indígenas, campo e quilombola) e que o montante de R$ 1.134.836,76 em material foi “supostamente” entregue diretamente na sede da SEDUC, ao Secretário Adjunto de Administração Sistêmica, à época, Francisvaldo Pereira de Assunção, sem que restasse evidenciado o destino desse volume expressivo de mercadoria. Pereira, que atualmente trabalha como assessor parlamentar do deputado Valdir Barranco (PT) foi preso nesta manhã.

Ainda conforme a Polícia, o recebimento das mercadorias diretamente por Francisvaldo Pereira de Assunção, sem a identificação de entrega no setor de patrimônio, foi ratificado por provas testemunhais e documentais.

Na investigação, há ainda outro indicativo de que os materiais foram adquiridos já com o propósito criminoso de desviar o patrimônio público em benefício particular, vez que o próprio coordenador da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena (2010/2016) declarou que não lhe foi solicitado qualquer tipo de informação.

As testemunhas ouvidas indicaram que a aquisição seria uma determinação da então secretária, a deputada federal Rosa Neide Sandes de Almeida.

Posteriormente, a deputada usou as redes sociais para falar sobre o mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Civil em sua residência. Para ela, a a ação foi desnecessária, agrediu sua vida pessoal e expôs sua família.

“Vocês sabem o que eu estou passando de ontem para cá. Não sei se todo mundo é capaz de ver sua vida pessoal sendo invadida e agredida. Expor minhas filhas e minha família a uma situação sem nenhuma necessidade. Como gestora pública, eu jamais iria colocar em dúvida o que a Justiça quer saber e como gestora sempre estarei à disposição para prestar qualquer esclarecimento. A vida de um gestor público se torna pública, mas a vida pessoal deve ser sempre preservada e respeitada”, disse a parlamentar, em vídeo publicado em sua página pessoal no Facebook.

No mesmo vídeo, a deputada agradeceu as várias ligações e mensagens de apoio que recebeu e garantiu que irá continuar sua luta para ajudar aqueles que mais precisam e votando sempre a favor dos trabalhadores na Câmara Federal.  

“Mesmo passando por este momento muito difícil e por esta situação que não desejo a ninguém, sou muito grata a este momento que serviu para eu perceber o quanto sou respeitada e o quanto tenho amigos. Recebi muitas mensagens, muitos telefonemas e as palavras que mais me afetam diretamente é das pessoas me dizendo que confiam em mim e que sabem da minha luta. É isso que me faz continuar na luta. continuarei votando aqui na Câmara do lado dos trabalhadores. Se isso incomoda alguém, paciência”, finalizou.

Veja a nota encaminhada pela assessoria da deputada à época da 'Operação Fake Delivery':

"A deputada federal Professora Rosa Neide (PT) acompanha pela imprensa os desdobramentos da Operação Fake Delivery. Embora não seja investigada, a parlamentar informa que segue, como sempre, à disposição dos Órgãos de Investigação para quaisquer esclarecimentos, referentes ao período que atuou como secretária de Estado de Educação".
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