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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Só pedem um trabalho

Venezuelanos ‘acampam’ ao lado da rodoviária em Cuiabá para fugir da fome e pobreza; fotos

Foto: Wesley Santiago/Olhar Direto

Venezuelanos ‘acampam’ ao lado da rodoviária em Cuiabá para fugir da fome e pobreza;  fotos
A Rodoviária de Cuiabá, ponto de entrada ou saída de várias pessoas que vão e vem da capital mato-grossense, virou um 'camping improvisado' para os 22 indígenas venezuelanos que vieram tentar a sorte no Brasil. Na busca de fugir da extrema pobreza e, principalmente, da fome, eles afirmam que precisam apenas de um trabalho para que possam se manter, contribuir com a sociedade e realizar o sonho de uma nova vida.


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A reportagem do Olhar Direto esteve no ‘acampamento’ improvisado pelos venezuelanos ao lado da Rodoviária de Cuiabá. Lá, conversou com o representante do grupo, que é formado por 17 adultos e cinco crianças. O principal pedido: um emprego.
 
“Nós estivemos em bastantes cidades. Primeiro foi Manaus (AM), de lá seguimos para Porto Velho (RO) e agora estamos em Cuiabá. Nossa intenção é procurar trabalho. Pode ser como carregador, na Venezuela ficávamos em uma região de porto. Fazemos o trabalho braçal sem problemas, queremos uma oportunidade”, disse Jesus Enrique, de 24 anos, representante do grupo e o que fala melhor português.
 
Jesus pontua que a situação em que vivem não é das melhores, mas supera e muito o que era vivido na Venezuela. “Lá, se trabalhássemos um dia, era apenas um dia de comida que você tinha. Aqui, com R$ 5 você consegue comprar um pacote de arroz ou outra coisa. Aqui é muito melhor que na Venezuela. Com apenas um pouco, já podemos comprar comida. No meu país, não dava para comprar um ovo”.
 
A Assistência Social da Prefeitura de Cuiabá esteve no local na tarde desta sexta-feira (10), com a intenção de cadastrar os estrangeiros e ouvir as suas demandas. Um dos pedidos era para que o Executivo arrumasse uma casa grande, em que todos pudessem se acomodar e que desse para eles três meses para que arrumem um trabalho e consigam se sustentar.
 
“Não queremos ficar vivendo de esmolas. Todos gostamos de trabalhar muito. Os homens e as mulheres. Precisamos de uma oportunidade”, finalizou o venezuelano.
 
Outro pedido feito aos assistentes sociais é a possibilidade de que eles façam carteira de trabalho, para que consigam arrumar um emprego facilmente.
 
A maioria dos que lá estão são familiares (primos, sogros, cunhados, entre outros). Alguns deles já estão há mais de um ano no país, em busca do sonho de fugir da extrema pobreza e de conseguir dias melhores.



Em meados de dezembro, a Prefeitura de Cuiabá se manifestou a respeito da falta de vagas no Centro Pastoral para Migrantes. Segundo o município, desde o início da vinda dos venezuelanos para o país, há um empenho bastante grande para atendê-los. Porém, destacou que esta é uma realidade nacional. Por conta disto, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) prepara um decreto para proporcionar um melhor atendimento aos estrangeiros que chegam a capital mato-grossense.

Conforme a prefeitura, desde o início do processo de interiorização, realizado pela Casa Civil da Presidência da República e Ancur, o município empenhou todo o suporte para essa especial questão dos imigrantes venezuelanos, tendo inclusive realizado reunião entre diversas secretarias municipais e representantes da instituição.

Ainda segundo o Executivo municipal, o aumento no número de famílias venezuelanas é uma realidade nacional e, por conta disto, entende a preocupação da coordenação da Pastoral, pois esta é a principal unidade de atendimento à população imigrante.

Por fim, a prefeitura destaca que está trabalhando para tentar minimizar os efeitos que o triste cenário que vive a Venezuela, causam a todas essas pessoas que chegam diariamente na Capital.
 
Dados
 
O Panorama Social da América Latina 2019, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), apontou que a pobreza vem crescendo na América Latina desde 2015, impulsionada pelo Brasil e pela Venezuela.
 
Segundo o relatório, a pobreza na região aumentou entre 2015 e 2018, explicada principalmente pelo aumento no Brasil e na Venezuela, já que no resto dos países a tendência foi de redução da pobreza, embora em um ritmo mais lento que entre 2008 e 2014. De 2017 a 2018 há, segundo o relatório, um leve aumento do percentual de pessoas pobres puxado pela Argentina.
 
Quase um quarto da população da Venezuela precisa de ajuda humanitária urgente, apontou relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) em março. De acordo com o estudo, cerca de 7 milhões de venezuelanos têm "necessidades prioritárias urgentes de assistência e proteção".
 
O informe também apontou uma série de dados alarmantes sobre o colapso econômico e humanitário na Venezuela, segundo as agências Reuters e France Presse: 
  • Em 2018, mais de 94% da população venezuelana vivia na pobreza – 60% na pobreza extrema;
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  • O número de pessoas subnutridas na Venezuela chegou a 3,7 milhões – o triplo do registrado entre 2010 e 2012;
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  • Ao menos 22% das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crônica;
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  • Aproximadamente 300 mil pessoas estão sob risco porque não conseguem acesso a remédios e medicamento para doenças como câncer e diabetes ou para controle do HIV;
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  • O acesso a água, saneamento e higiene está prejudicado a cerca de 4,3 milhões de venezuelanos;
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  • Cerca de 5 mil pessoas abandonam a Venezuela todos os dias. Cerca de 10% da população (3,4 milhões) vivem como imigrantes ou refugiados em países vizinhos;
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  • A Unicef aponta que 48% das crianças e adolescentes matriculados nas escolas correm o risco de abandonar os estudos porque não conseguem frequentar as aulas com regularidade.
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